domingo, 18 de setembro de 2016

Cláusula de barreira restringiria ação de 14 partidos se já estivesse em vigor

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Marco Marques .
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Fonte de informação .

G1 globo.com

18/09/2016 07h59 - Atualizado em 18/09/2016 07h59

Cláusula de barreira restringiria ação de 14 partidos se já estivesse em vigor

Partidos perderiam também acesso ao fundo partidário e tempo de TV.
Texto que cria requisitos para funcionamento das siglas tramita no Senado.

Gustavo GarciaDo G1, em Brasília
cláusula de barreira atualmente em tramitação no Senado, que impõe requisitos eleitorais para a manutenção de partidos, limitaria o funcionamento de 14 siglas no Congresso e restringiria o acesso delas a verbas partidárias caso as regras previstas pelo texto já estivessem valendo. Entre as legendas que seriam afetadas estão algumas tradicionais, como o PC do B, e PPS, além de partidos de criação mais recente, caso do PSOL e PROS.
G1 usou dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), referentes às eleições de 2014, para simular um cenário em que as regras da cláusula de barreira já estivessem em vigor. O texto, apresentado em formato de Proposta de Emenda à Constituição (PEC), prevê as mudanças a partir das eleições de 2018.
Segundo a PEC, um partido que não atingir resultados eleitorais mínimos perde o funcionamento parlamentar. Isso significa, por exemplo, que o partido seria obrigado a ter uma estrutura menor na Câmara, sem direito a cargos de liderança, deputados em comissões permanentes e cargos na Mesa Diretora. Além disso, os partidos perderiam direito ao fundo partidário e ao tempo gratuito de televisão e rádio 
Os requisitos que a PEC exige dos partidos a partir da eleição de 2018 são:
- obter pelo menos 2% dos votos válidos para deputado federal em todo o país;
- conseguir 2% dos votos para deputado federal em, no mínimo, 14 unidades da federação.
Pelo levantamento do G1, das 27 legendas que existem hoje na Câmara, restariam, com a cláusula de barreira, somente 13 com funcionamento parlamentar. Seriam elas:
-PMDB
- PT
- PSDB
- DEM
- PDT
- PP
- PR
- PRB
- PSB
- PSC
- PSD
- PTB
- SD
Perderiam o funcionamento parlamentar as seguintes legendas:
PPS
PROS
- PV
PC do B
- PEN
- PHS
- PRP
- PRTB
- PSL
PSOL
- PT do B
- Rede (não disputou as eleições de 2014. Mesmo com os quatro deputados que tem hoje, não atingiria o mínimo previsto pela PEC)
- PTN
- PMB (também não disputou as eleições de 2014. Com os dois deputados que tem hoje, não atingiria o mínimo previsto pela PEC)
A PEC prevê ainda que, a partir das eleições de 2022, a taxa mínima de votos apurados nacionalmente seja de 3%. Com isso, PSC e SD também entrariam na lista dos que ficariam sem funcionamento parlamentar.
O texto, que é de autoria dos senadores do PSDB Ricardo Ferraço (ES) e Aécio Neves (MG), já foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e agora está na pauta do plenário da Casa. A expectativa é que seja votado pelos senadores depois das eleições municipais, em outubro. Para virar lei, precisa ainda ser aprovado pela Câmara.
Argumentos a favor e contra
Defensores da cláusula de barreira afirmam que a regra diminuiria a quantidade de partidos no país, considerada excessiva pelos que apoiam o texto. O alvo é acabar principalmente com os chamados "partidos nanicos". Com restrições ao funcionamento parlamentar e sem acesso ao fundo partidário e horário de rádio e TV, a tendência é as siglas menores deixarem de existir ou se fundirem a uma maior.

No dia em que o texto foi aprovado na CCJ, o senador Aécio Neves afirmou que a proposta vai diminuir negociações em troca de tempo de TV das chamadas "legendas de aluguel".
"[O texto] limita o número de partidos, acabando com a legendas de aluguel, aquelas que existem exclusivamente para se apropriar do fundo partidário e negociar tempo de televisão e isso permite, como consequência, o ordenamento das discussões políticas", afirmou o senador
O professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer acredita que a redução no número de partidos melhoraria o diálogo entre Executivo e Legislativo.
“O argumento de que daria melhores condições de governabilidade ao governo é válido, porque com 28 partidos no Congresso a governabilidade é bastante afetada. Com sete, oito, nove partidos, isso seria melhor. Menos partidos, mais governabilidade”, opinou Fleischer.
Outro benefício da cláusula de barreira, de acordo com o cientista político, é evitar a corrupção daqueles que chamou de “donos de partidos nanicos”.
“A barreira elimina a corrupção dos donos de partidos nanicos. Esses partidos recebem dinheiro do fundo partidário, mas o dono do partido não coloca esse dinheiro à disposição do partido, para os candidatos. O dono do partido coloca esse dinheiro na sua conta bancária, no seu bolso. Ele aproveita o partido nanico para o seu próprio enriquecimento”, explicou o especialista.
Para Fleischer, a cláusula de barreira também poderia esvaziar esquemas de corrupção que têm origem nas formações de bases de apoio parlamentar, como, por exemplo, o mensalão e o petrolão.
“Talvez com menos de dez partidos também não seja necessário ao governo federal ‘comprar’ tantos partidos para formar sua base de sustentação. Isso seria outro benefício”, afirmou Fleischer.
Para quem é contrário á proposta, no entanto, a cláusula de barreira diminuiria a representatividade política no país e restringiria as opções de ideologias à disposição do eleitor, já que poderia eliminar partidos que, apesar de ter poucos votos, possuem posições políticas marcantes. 
A presidente nacional do PC do B, a deputada pernambucana Luciana Santos, considera que a aprovação da PEC pelo Congresso seria um “retrocesso”.
“O problema do sistema eleitoral brasileiro, que é ruim, não reside nesse aspecto do desempenho dos partidos. Não é aí que se medem os partidos, eles se medem por sua história, pelo seu programa, então é uma inversão completa do que deve ser um sistema eleitoral pujante e sólido”, opinou Santos.
A parlamentar concorda que uma reforma partidária é necessária, mas com outros aspectos, baseada no fortalecimento de siglas com programa político mais consolidado.
“Nós precisamos fortalecer a instituição, o programa. Evitar essa guerra que existe numa disputa eleitoral proporcional. Acho que precisaríamos de uma reforma que possibilitasse ao eleitor votar no partido, e não no candidato. Assim seria criada uma cultura de as pessoas votarem pelo programa, pela ideia, e não nas pessoas”, argumentou a deputada.
Legalidade da proposta
Outra discussão que divide aqueles que são contrários e favoráveis à proposta diz respeito à legalidade jurídica do texto. Para o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer, a proposta é “inconstitucional” e, caso fosse questionada junto ao Supremo Tribunal Federal, seria derrubada, a exemplo do que aconteceu em 2006 com uma cláusula de barreira aprovada em 1995.
Na ocasião, o texto previa que os partidos com menos de 5% dos votos nacionais também teriam estrutura menor na Câmara e ficariam sem direito a liderança, deputados em comissões e cargos na Mesa Diretora.
“Isso cria duas classes de deputados: os deputados de primeira classe, de partidos que tiveram bom desempenho eleitoral, com mais direitos que os deputados de segunda classe, que não atenderam aos requisitos previstos. É inconstitucional”, opinou David Fleischer.
“Uma verdadeira cláusula de barreira impediria que os partidos que não atenderam aos requisitos tomassem assento nas Casas legislativas, como acontece em outros países. A barreira prevista nessa proposta  é uma barreira de meia tigela”, ironizou o especialista.
A falha, segundo o professor da UnB, está na possibilidade de um candidato de um partido com baixo desempenho tomar posse na Câmara ainda que com os restrição de direitos, o que em tese não diminuiria o alto número de partidos.
Defensores da proposta, no entanto, dizem que as regras não podem barrar totalmente os partidos porque seria uma afronta à manifestação da vontade popular, traduzida pelo voto, de escolher ser representada pelo candidato de uma legenda com cujo programa político concorda.
Para eles, as restrições financeiras e de tempo de televisão forçariam os candidatos a procurar partidos com melhores desempenhos, esvaziando siglas menos votadas. Isso seria somado ao fim das coligações partidárias em 2022, que também é previsto pela PEC. Esse mecanismo permite que candidatos se elejam deputados com as sobras dos votos de concorrentes de partidos diferentes, mas unidos na disputa.
A expectativa dos defensores da PEC é que o fim das coligações partidárias também faça com que os candidatos procurem legendas mais expressivas, uma vez que um partido “nanico” não poderia se unir a outros para aumentar sua força.

Além disso, os autores da PEC dizem que desde 2006, quando o STF declarou inconstitucional a cláusula de barreira, os magistrados têm mudado o entendimento sobre o assunto.
“A nova composição do STF tem sinalizado publicamente para a necessidade de se incorporar ao ordenamento jurídico pátrio uma cláusula de desempenho, de forma a se conter a proliferação dos partidos e evitar a criação de legendas sem alicerces programáticos e ideológicos”, justificam os parlamentares.

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