quarta-feira, 19 de outubro de 2016

PF prende políticos suspeitos de trocar favores por votos no RJ

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G1 globo.com

Edição do dia 18/10/2016
18/10/2016 20h50 - Atualizado em 18/10/2016 20h50

PF prende políticos suspeitos de trocar favores por votos no RJ

JN teve acesso a escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
Presos são de Saquarema: 4 vereadores e um candidato a prefeito.

Uma operação da Polícia Federal, no Rio, prendeu políticos que trocavam favores por votos.
O Jornal Nacional teve acesso com exclusividade a escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
Quanto vale um voto?
Junior: Tem como você garantir um pedreiro para fazer o serviço?
Romacartt: Claro!
Junior: Ela tá confirmando comigo aqui, que vai correr atrás mesmo. São uns 15 votos lá, bacana.
Romacartt: Não, tudo bem.
A construção de um muro é só mais uma das moedas de troca. Vale-combustível, remédios, receitas médicas.
Os cinco presos nesta terça-feira (18) são todos de Saquarema, cidade a 100 quilômetros do Rio. Quatro são vereadores reeleitos e um foi candidato a prefeito, mas perdeu.
O político que autorizou a construção do muro é o presidente da Câmara Municipal, Romacartt Azeredo de Souza, do PMDB.
Outros dois presos são pai e filho, o candidato a prefeito Hamilton Nunes de Oliveira, do PMDB, e o vereador Guilherme Ferreira de Oliveira, do PSB, conhecidos como Pitico e Pitiquinho.
Durante a campanha, a Polícia Federal gravou Pitico combinando o pagamento a um pastor para conquistar os votos dos membros da igreja. O nome da igreja não foi divulgado no inquérito.
Fábio: Vou lá ver e chorar com ele para R$ 1.500. Posso fechar com ele?
Pitico: Pode, pode.
Dias depois, outro cabo eleitoral confirmou.
Nilson: Ele passou pra igreja domingo à noite. Ele falou o quanto você tinha dado, entendeu?
Pitico: Certo.
Nilson: Pra igreja, entendeu?
Pitico: Eu preciso, Nilson, que você me ajude a ele identificar pra pedir pra Pitiquinho também lá, entendeu?
Nilson: Ele falou sobre o teu filho, falou.
A Justiça determinou a quebra do sigilo do inquérito. “Para que todos ficassem sabendo, do povo, o que os mandatários que recebem salários provenientes dos seus impostos estão fazendo com eles”, afirmou o delegado da PF Daniel França.

Também foram presos os vereadores Paulo Renato Teixeira Ribeiro, do PMDB, e Vanildo Siqueira da Silva, o Kilinho, do PP.
Uma das gravações mostra eleitores que trocaram o voto por próteses sendo enganados duas vezes. Primeiro, trocando quatro anos de mandato por um favor. Segundo, porque não iriam nem receber esse favor. Dois dias depois da eleição, Kilinho e um médico combinaram que o político não iria entregar todas as próteses que prometeu na campanha.
Médico: Aquela turma que eu tô atendendo lá no consultório, eu vou começar a dar uma esfriada até...
Kilinho: Beleza.
Médico: Eu vou acabar aquelas próteses que eu já comecei mesmo, já tá paga, eu vou fazer.
Kilinho: Hum, hum.
Médico: O resto do tratamento eu vou dissolvendo, dissolvendo até esfriar.
Kilinho: Beleza.
Médico: Vai chegar alguém pra te procurar aí, você já sabe, que pede conversar comigo, eu vou conversar com você e a gente não resolve.
Guilherme de Oliveira, o Pitiquinho, negou a maioria das acusações - mas vai responder pelo crime de transporte de eleitores. Os outros quatro acusados disseram à polícia que só vão falar em juízo.
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