Preso no ano passado pela Polícia Federal, na Operação Lava Jato, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) passou a discutir com advogados e familiares possíveis cenários no caso de uma eventual delação premiada.

Oficialmente, a equipe jurídica de Cunha nega a intenção do ex-presidente da Câmara de colaborar com as investigações. Mas o peemedebista tem discutido o tema com um grupo restrito de advogados.

No primeiro cenário, aliados de Cunha afirmam que, após a delação de Joesley Batista, ele quer se colocar como um "trunfo" ou um "ativo" para corroborar as revelações do dono da JBS em relação ao presidente Michel Temer e os principais peemedebistas envolvidos no acordo.

O problema desse cenário, afirmam aliados de Cunha, é que o ex-deputado teme que, mesmo fazendo revelações, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não aceite a proposta de acordo, já que ele transformou Janot em seu principal adversário quando estava na presidência da Câmara.

Para o Planalto, por outro lado, o cenário ideal é que Cunha deixe para depois de setembro a oferta de delação premiada. O motivo: o mandato de Janot termina em setembro e cabe a Temer indicar o substituto.

A ideia do governo é indicar um procurador-geral "anti-Janot", mais alinhado ao Palácio do Planalto.

Além da delação de Joesley, outro fator que fez Cunha passar a considerar a colaboração - mesmo negando oficialmente - é o avanço das tratativas do doleiro Lúcio Funaro com os investigadores.

Segundo o Ministério Público Federal, Funaro e Cunha atuaram juntos em diversos esquemas, como operações na Caixa Econômica Federal.

Na semana passada, Cunha contratou o advogado Delio Lins e Silva, que já fez outras delações na Lava Jato. Mas, ao Blog, o advogado negou ter sido contratado para negociar a delação de Cunha. "Não tenho preconceito, mas não existe tratativa de delação".