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Porto Alegre .
Rio Grande do Sul Brasil .
15/05/2017 07:54 horas .
Fonte de informação
G1 globo.com
Gravação mostra que Rocha Loures defendeu interesses de empresa
Ex-assessor especial da Presidência é investigado em inquérito aberto após as delações da JBS. 'Homem de confiança' de Temer, Rocha Loures insistiu que decreto sobre portos fosse modificado.
Escutas telefônicas divulgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) mostram o ex-assessor especial da Presidência Rodrigo Rocha Loures defendendo interesses de empresas que atuam nos portos brasileiros.
Nas gravações, do dia 8 de maio, publicadas pelo jornal "Folha de S.Paulo", e às quais a TV Globo também teve acesso, Rodrigo Rocha Loures, apontado como "homem de confiança" do presidente Michel Temer, conversa com Gustavo Rocha, chefe para assuntos jurídicos da Casa Civil.
Ele insiste em uma mudança no decreto sobre portos que, segundo investigadores da Polícia Federal, poderia beneficiar a Rodrimar, empresa à qual ele é ligado.
O decreto permitiu que as concessões para exploração de portos assinadas depois de 1993 fossem prorrogadas sem licitação por mais 35 anos, até o limite de 70 anos.
A Polícia Federal afirmou que o diálogo reforça a ligação de Rocha Loures com o presidente Michel Temer. Rocha Loures pressionou para que o Planalto incluísse no decreto uma regra que beneficiasse também quem conseguiu as concessões antes de 1993, o caso da Rodrimar, que atua no Porto de Santos.
Na conversa, Gustavo Rocha resiste e diz:
"É uma exposição muito grande para o presidente se a gente colocar isso. Já conseguiram coisas demais nesse decreto".
Loures responde: "O importante é ouvi-los."
A conversa continua, e Gustavo Rocha reforça: "A minha preocupação é expor o presidente em um ato que é muito sensível". E acrescenta: "Esse negócio vai ser questionado".
Quatro dias antes desse diálogo, Temer tinha sido gravado em uma conversa com Loures falando sobre esse mesmo decreto.
Temer: "Aquela coisa dos 70 anos, lá pra todo mundo, parece que está acertado aquilo lá...."
Rocha Loures: "Não. Isso equacionou, isso equacionou. Aí tinha uma interpretação dos 'pré-93' que ainda havia dúvida..."
Temer: "Ah, bom. Essa daí que eu não sei. Eu não sei como é que ficou, viu?"
Rocha Loures: "É... mas eu vou..."
Temer: "Dá uma olhada com o Gustavo, com o pessoal lá."
Logo depois de falar com o presidente, Loures ligou para Ricardo Mesquista, um dos executivos da Rodrimar, e detalhou a conversa com Temer. Recebeu elogios.
O diálogo:
Ricardo: "É isso aí, você é o pai da criança, entendeu?"
Rodrigo Rocha Loures: "É... a ideia é que, se o governo for tomar uma decisão, nessa ou naquela direção..."
Ricardo: "Tenha que ser valorizado, valorizado, né?"
Segundo o delator Ricardo Saud, Rocha Loures indicou Ricardo Mesquita, da Rodrimar, para intermediar o pagamento de uma propina semanal.
A indicação ocorreu no encontro em que o ex-assessor especial de Temer foi flagrado colocando uma mala com R$ 500 mil em um taxi.
O decreto do portos foi assinado sem incluir as concessões anteriores a 1993.
Versões
O Jornal Nacional entrou em contato com a defesa de Rocha Loures, mas não recebeu resposta.
A Rodrimar não quis se manifestar.
A Casa Civil afirmou que prevaleceu a tese defendida pela Secretaria de Assistência Jurídica quanto à não aplicação a contratos celebrados antes de 1993 e que o pleito trazido não foi atendido.
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