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VEJA.com
‘Jamais colocaria minha biografia em risco’, diz Temer em vídeo
O presidente da República, Michel Temer (PMDB), gravou um vídeo de um minuto e nove segundos nesta quinta-feira para se defender da acusação de que teria participado de uma reunião com representantes da Odebrecht para discutir repasse de dinheiro a campanhas eleitorais do PMDB. Na época, ele era presidente do partido e candidato a vice-presidente na chapa liderada por Dilma Rousseff (PT).
A acusação foi feita por dois ex-diretores da Odebrecht – Rogério Araújo e Márcio Faria – em delação premiada homologada pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. Segundo os diretores, o presidente teria participado de encontro em São Paulo, que ainda teve a presença do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do ex-ministro do Turismo Henrique Alves (PMDB) e do operador João Augusto Henriques.
Na reunião, teria ficado acertado que a Odebrecht pagaria 40 milhões de dólares, o equivalente a 4% de um contrato obtido pela construtora junto à Petrobras. O encontro teria acontecido em uma casa na Praça Panamericana, em Alto de Pinheiros, no dia 14 de julho de 2010. A história foi revelada por VEJA em dezembro do ano passado.
“Meus amigos, eu não tenho medo dos fatos, nunca tive. O que me causa repulsa é a mentira. É fato que participei de uma reunião em 2010 com o representante de uma das maiores empresas do país. A mentira é que nessa reunião eu teria ouvido referência a valores financeiros ou a negócios escusos da empresa com políticos”, afirmou o presidente no vídeo.
Segundo ele, “isso[pedido de dinheiro à Odebrecht] jamais aconteceu, nem nessa reunião, nem em qualquer outra reunião que eu tenha feito ao longo de minha vida pública com qualquer pessoa física ou jurídica. Jamais colocaria a minha biografia em risco. O verdadeiro homem público tem que estar à altura dos seus desafios, que envolve bons momentos e momentos de profundo desconforto”, afirmou o presidente.
Investigação suspensa
Embora ele não tivesse se transformado em alvo de inquérito – o presidente tem a prerrogativa constitucional de só responder por atos cometidos no mandato e, por isso, as investigações contra ele foram suspensas por Fachin -, Temer disse esperar que a Justiça o inocente da acusação. “A minha maior aliada é a verdade, matéria-prima do Poder Judiciário, que revelará toda a verdade dos fatos”, afirmou.
Na delação premiada, Araújo diz que a reunião foi comandada por Cunha, que em nenhum momento citou o pagamento de propina. Segundo ele, o ex-presidente da Câmara falou que estava acompanhando de perto a licitação do projeto PAC-SMS e que a Odebrecht estava bem posicionada. E que gostaria de contar com o apoio da empresa ao PMDB.
Araújo afirmou que entendeu o recado de Cunha e afirmou que a empresa honraria todos os compromissos assumidos, ou seja, o pagamento de 4% de propina para o partido. De acordo com o delator, Temer assentiu falando que ficava feliz e que a Odebrecht era uma grande empresa preparada para trabalhar no exterior. “Fica subentendido que a cúpula estava abençoando o projeto”, afirmou em depoimento à força-tarefa da Lava Jato.
Na quarta-feira, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República já havia emitido nota sobre as declarações do delator, dizendo que Temer “jamais tratou de valores com o senhor Márcio Faria”. “A narrativa divulgada hoje não corresponde aos fatos e está baseada em uma mentira absoluta. Nunca aconteceu encontro em que estivesse presente o ex-presidente da Câmara Henrique Alves, com tais participantes”, disse a nota.
“O que realmente ocorreu foi que, em 2010, na cidade de São Paulo, Faria foi levado ao presidente pelo então deputado Eduardo Cunha. A conversa, rápida e superficial, não versou sobre valores ou contratos na Petrobras. E isso já foi esclarecido anteriormente, quando da divulgação dessa suposta reunião”, afirma outro trecho da nota.
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