O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma brusca inflexão ao defender, nesta quinta-feira (15), a realização de eleições diretas por iniciativa do presidente Michel Temer que, na avaliação de FHC, perdeu a legitimidade para continuar no cargo.

No agravamento da crise, logo após a delação premiada dos irmãos Batista, Fernando Henrique defendeu a renúncia de Temer e a escolha do sucessor por eleição indireta.

Com a declaração desta quinta, FHC confronta com o PSDB que, nesta semana, decidiu permanecer no governo Temer.

Na nota, o ex-presidente defende que os partidos decidam o rumo a tomar "pensando no Brasil, nas suas chances econômicas e nos 14 milhões de desempregados".

Mas não é de agora que Fernando Henrique tem divergido do conjunto do PSDB, assumindo posições muito mais avançadas e com críticas fortes ao governo Michel Temer.

Há algum tempo, em reuniões internas, ele tem defendido uma espécie de auto-crítica do partido, tal como faz publicamente o presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (CE).

Na reunião da Executiva do PSDB na última segunda-feira, porém, que teve a presença de governadores como Geraldo Alckmin (SP), Beto Richa (PR) e Marconi Perillo (GO), a decisão do partido foi de se manter na base de sustentação ao governo.

Fernando Henrique reconhece ter dito que a busca de eleição direta a esta altura do mandato seria "golpe" e acrescenta que "não havendo aceitação generalizada de sua validade, ou já um gesto de grandeza por parte de quem legalmente detém o poder pedindo antecipação de eleições gerais ou o poder se erode de tal forma que as ruas pedirão a ruptura da regra vigente, exigindo antecipação do voto".

O ex-presidente fez referência, ainda, à "pinguela", imagem que deu ao governo Temer, e agora disse que "se a pinguela continuar quebrando, será melhor atravessar o rio a nado e devolver a legitimação da ordem à soberania popular".