O PT já tinha pronto o discurso de que Lula era vítima de "perseguição vigorosa" do juiz Sérgio Moro quando foi surpreendido com um tiro vindo de dentro: de Antonio Palocci, aquele que foi "o preferido de Lula" por muito tempo e que cumpria as mais delicadas missões dadas pelo candidato e pelo presidente petista.

É por isso que muitos petistas estão atarantados, perplexos, com o depoimento de Antonio Palocci diante do juiz Sérgio Moro. Ele era detentor de segredos e sua fala acabou por preencher lacunas para os investigadores. Para eles, o depoimento se encaixa perfeitamente no que disseram executivos da Odebrecht e com outros passos dos governos petistas. Eles reconhecem que Palocci  "exagerou" quando falou em "pacto de sangue" entre Lula e a Odebrecht. Mas outros relatos são bem verossímeis.

O depoimento de Palocci tem efeito devastador para o ex-presidente Lula, que já é réu em cinco ações penais. Ele complementa com informações importantes os processos relativos ao sítio em Atibaia, este que já tinha robustez, e também o processo relativo ao Instituto Lula, que também ganha mais força.

Lula, hoje, tem dimensão política maior até do que o PT. É ele quem agrega apoios políticos país afora e não mais o PT. Se os processos contra ele avançarem, isso pode comprometer todo o projeto eleitoral do partido pois, se ele se tornar réu perante o STF (já existem duas denúncias contra ele), Lula não poderia assumir o cargo caso fosse eleito. E o depoimento de Palocci põe mais ingredientes nos processos contra ele, sobretudo, naqueles conduzidos em Curitiba pelo juiz Sérgio Moro.

Palocci falou com calma, com o jeito de quem tem conhecimento de causa em vários momentos, entre eles, quando falou da corrupção na Petrobras, mas especialmente quando se reconheceu como o "Italiano" na planilha da Odebrecht, e que teria recebido valores para o PT e também para despesas do Instituto Lula.