São Paulo – A Petrobras terminou 2015 com um prejuízo de R$ 34,84 bilhões, graças à queda nos preços dopetróleo, aumento do risco do Brasil e valorização do real frente ao dólar no ano, segundo balanço divulgado pela companhia agora à noite.
O impairment (deteriorização) de ativos e de investimentos foi de R$ 49,7 bilhões no mesmo período e as despesas de juros e perdas cambiais ficaram em R$ 32,9 bilhões.
Segundo o presidente da companhia,  em coletiva de imprensa realizada no início da noite desta segunda-feira, os resultados não podem ser analisados isoladamente.
“Temos que comemorar e reconhecer uma série de esforços e avanços no período”, afirmou Ademir Bendine. “Com eles, a empresa demonstra mais uma vez transparência para com o resgaste de sua credibilidade no mercado”.
No ano, a Petrobras realizou investimentos de R$ 76,31 bilhões, volume 12% menor em relação ao ano anterior. O endividamento líquido caiu 5%.
A companhia destacou que no período alcançou um fluxo de caixa livre positivo de R$ 15,62 bilhões, comparado ao negativo de R$ 19,55 bilhões em 2014.
A revisão de portfólio, redução de fluxo de investimentos e custos foram os motivos atribuídos a melhoria do indicador, que se mantinha no vermelho desde 2007.
O ebitda, indicador de eficiência do negócio, subiu 25% de um ano para o outro – era de R$ 59,1 bilhões, em 2014, e foi para R$ 73,9 bilhões, em 2015, com um salto da margem de 18% para 23%.
“Temos hoje uma margem ebitda que é quase o dobro da média das maiores companhias de petróleo do mundo”, afirmou um dos diretores.
Desinvestimento e Lava Jato
O montante previsto pela empresa para desinvestimento segue em US$ 14,4 bilhões no ano.
“Queremos cumprir essa meta, mas caso tenhamos algum solavanco, temos caixa para seguir a operação sem a necessidade de fazer novas captações”, disse Bendine. 
Sobre a Operação Lava Jato, o que já retornou de fato para a companhia, fruto das investigações de desvio, foram R$ 300 milhões. Outros valores ainda serão homologados.
"E esperamos que parte deles retornem para o caixa da empresa, já que foi daqui que eles foram retirados", comenta o executivo. 
A companhia prevê investimentos para 2016, mas não divulga de quanto, já que "a revisão dos planos de negócios ainda está sendo feita". 
Um valor de R$ 5,1 bilhões foi destinado para cobrir contingências fiscais e trabalhistas, depois que uma série de análises minuciosas foi feita para avaliar possíveis desembolsos inesperados. 
Impacto global
O cenário mais desafiador, com PIB menor, queda na renda dos brasileiros e no preço do petróleo, impactou no desempenho global e de produção da companhia no período. 
A comercialização de combustíveis no mercado interno atingiu 2,789 milhões de barris diários, variação negativa de 7% em relação ao mercado existente em 2014.
As vendas de diesel em volume comercializado chegaram a 923 mil barris diários, queda de 8% sobre o ano anterior. Já as vendas de gasolina, outro importante mercado para a estatal, encolheram 11% para 553 mil barris por dia. 
A subcategoria de derivados fechou o ano com retração de 9% em relação a 2014. O único segmento que cresceu no mercado doméstico foi o de alcoóis - 123 mil barris foram comercializados por dia, alta de 24% em relação a 2014.
Bendine terminou a coletiva comentando sobre a capacidade de resiliência que a Petrobras possui.
"Quando assumi o comando, falei que a empresa levaria de 3 a 4 anos para alcançar resultados mais sólidos", comentou ele. "O balanço de hoje mostra que estamos no caminho certo." 
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