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Filhotes de onça-pintada nascem em Refúgio Biológico de Foz do Iguaçu
Há anos a equipe de veterinários e pesquisadores do Refúgio Biológico Bela Vista, em Foz do Iguaçu, esperava para poder divulgar esta notícia. Finalmente, nos últimos dias de dezembro, os profissionais puderam celebrar o nascimento raro de duas filhotes fêmeas de onça-pintada.
As bebês (ainda sem nome) nasceram nos dias 28 e 29 de dezembro e ainda estão sob os cuidados exclusivos da mãe, Nena, uma onça-pintada preta, de 3 anos, que aparece na foto que abre este post, ao lado do macho Valente, de 9 anos, pai das pequenas fêmeas. Ainda não foram feitas imagens das filhotes.
“Estamos monitorando de longe a condição delas”, revela Wanderlei de Moraes, médico veterinário e responsável técnico pelo zoológico. “Como Nena é uma mãe jovem, pode haver risco dela deitar em cima das filhotes, por exemplo”. Com menos de dez dias de vida, as oncinhas nem abriram os olhos ainda. São negras, como a mãe. As onças-pretas possuem mais melanina, o que dá à pelagem uma tonalidade escura.
Moraes explica que, na natureza, a mãe fica com seus filhotes durante aproximadamente um ano ou até que eles estejam prontos para sobreviver sozinhos.
Nos últimos dez anos, apenas sete outros animais da mesma espécie nasceram em cativeiro no Brasil. Geralmente, a reprodução nestas condições é muito difícil, já que as onças-pintadas que chegam nestes lugares são mais velhas e passaram da idade reprodutiva. Na vida selvagem, a expectativa de vida delas é de cerca de 12 anos. Em cativeiro, podem chegar aos 25 anos.
“Na natureza, animais solitários, como as onças, quando perdem sua capacidade para buscar alimentos e defender seu território, acabam morrendo. Para sobreviver, eles precisam ser atletas perfeitos ”, diz Moraes.
Nena chegou ao Refúgio Biológico de Foz do Iguaçu depois de ter sido resgatada e cuidada pelo Instituto Onça Pintada, em Goiás. Ela tinha sido encontrada, ainda filhote, ao lado da carcaça da mãe na região de Araguaia, na divisa entre Mato Grosso e Goiás.
Em agosto do ano passado, quando foi levada ao Paraná, Nena e Valente começaram a dividir o mesmo recinto e em pouco tempo, mostraram afinidade.
Infelizmente, a reintrodução destes animais na natureza é muito difícil de ser realizada. Como já foram levados para o cativeiro jovens, eles não sabem como ensinar seus filhotes a sobreviver na vida selvagem. Estão acostumados com a presença do ser humano e não tem a habilidade para caçar animais silvestres. Existem alguns projetos, entretanto, em países da África e Ásia, onde “escolas da floresta” ensinam animais a se readaptar ao ambiente selvagem. É o caso do centro de reintegração de orangotangos do Parque Nacional de Bukit Tigapuluh, em Sumatra, na Indonésia.
Apesar da dificuldade na reintrodução à natureza, o trabalho de reprodução de espécies em cativeiro é muito importante. Além de ajudar os biólogos a entender mais sobre o comportamento dos animais, ele também pode auxiliar na criação de bancos genéticos, utilizados para a realização de inseminação artificial ou até mesmo, transferência de embriões. O veterinário do Refúgio Biológico Bela Vista cita o projeto de reintrodução de embriões de cervo-do-pantanal, que foi feito pelo pesquisador José Maurício Barbanti Duarte, da Universidade Estadual Paulista. Nativo do Cerrado, o cervo-do-pantanal corre risco de ser extinto, porque seu habitat está sendo destruído, principalmente, pela construção de usinas hidrelétricas, que afetam as várzeas dos grandes rios, ambiente onde geralmente vive esta espécie.
Onça-pintada, ameaçada de extinção
A onça-pintada (Panthera onca), também chamada de jaguar, é o maior felino das Américas. Originalmente, este animal era encontrado desde o sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina. Atualmente, está oficialmente extinto nos Estados Unidos, é muito raro no México, mas ainda pode ser visto na Argentina, Paraguai e Brasil.
Devido à perda de habitat e a fragmentação da mata, provocados pelo desmatamento, pesquisadores afirmaram recentemente que a onça-pintada pode desaparecer da Mata Atlântica, como mostramos aqui, neste outro post.
A espécie já perdeu 85% de seu habitat e sobrevive em apenas 2,8% do bioma atlântico, em grupos muito pequenos: existem menos de 300 indivíduos. Se nada for feito, acredita-se que, em 50 anos ela desaparecerá do país.
“Precisamos preservar as áreas de proteção onde estes animais vivem”, alerta Wanderley Moraes. Investir na conservação do habitat da onça-pintada é muito mais efetivo e barato do que tentar reintroduzir a espécie na natureza depois da vivência em cativeiro.
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Foto: divulgação Refúgio Biológico Bela Vista da Usina de Itaipu
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