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CONEXÃO PLANETA
Pesticidas afetam poder de polinização e reprodução das abelhas
Para coletar o pólen das flores, geralmente as abelhas o retiram das anteras, a porção terminal do estame (órgão masculino), que fica bem no centro dela. Todavia, em algumas plantas, a coleta do pólen não é tão simples. Nas flores do tomate, beringela e batata, por exemplo, a abelha precisa vibrar para sacudí-la e desta forma, liberar o pólen.
Um novo estudo, divulgado esta semana e realizado pela Universidade de Stirling, na Escócia, alerta para mais um dos efeitos nocivos do uso de pesticidas na agricultura. Segundo os pesquisadores europeus, o neonicotinóide, substância derivada da nicotina e utilizada para controlar pragas, prejudica a habilidade das abelhas, sobretudo os zangões, de vibrar e desta maneira, sacudir as flores para efetuar a polinização.
O neonicotinóide é um dos pesticidas mais consumidos no mundo inteiro. O grande diferencial deste agrotóxico para outros tipos é ele ser sistêmico, ou seja, se espalhar por toda a planta: folhas, flores, ramos, raízes e até, néctar e pólen. Em geral, é colocado na semente e a partir daí, toda a planta fica com vestígios dele.
De acordo com o estudo da universidade escocesa, os zangões, expostos à quantidade de pesticida normalmente usada na lavoura, não conseguem vibrar e completar seu trabalho. Para chegar a esta conclusão, os cientistas compararam o comportamento de diferentes colônias de abelhas em laboratório: livres de neonicotinóide e pulverizadas com o agrotóxico.
A autora da pesquisa, Penelope Whitehorn, explica que as abelhas se tornam mais eficientes com o passar do tempo, com a prática de polinização ao ar livre. A cada nova coleta, obtêm melhores resultados. O que o pesticida causa é a debilitação da aprendizagem, assim como da memória, algo já revelado em estudos anteriores, largamente divulgados.
“É mais uma prova científica forte que evidencia, tanto em laboratório como no campo, que os neonicotinóides reduzem o processo de aprendizado e memorização das abelhas, prejudicam a comunicação entre elas e seus sistemas imunológicos e ainda pior, diminuem as chances de reprodução e comprometem seus serviços de polinização”, alerta a cientista.
Desde 2013, há uma moratória para o uso dos neonicotinóides nos países da Comunidade Europeia. No início do ano que vem, a European Food Standard Agency dará um novo parecer sobre a liberação ou não do pesticida na agricultura.
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