Leite compensado 3: Nova ação descobre uso de água oxigenada para reutilizar leite vencido
07 de novembro de 2013
Por Cid Martins, de Três de Maio
O Ministério Público (MP) realiza nesta quinta-feira (07) mais uma ação para cessar atividade criminosa que usa no leite substâncias prejudiciais à saúde. A Operação Leite Compensado 3 cumpre cinco mandados de busca no Noroeste do Rio Grande do Sul, um em Nova Candelária e quatro em Três de Maio. O promotor criminal Mauro Rochemback diz que desta foi descoberto o uso de água oxigenada para reutilizar o produto que já estava literalmente azedando, ou seja, estava vencido. Também se investiga utilização de soda cáustica e bicarbonato de sódio.
* Saiba mais detalhes no Blog Acerto de Contas.
Adulteração
Depois de revelar em duas ações no mês de maio deste ano que transportadores de leite estavam usando uréia (que contém formol, substância cancerígena) no leite, Rochemback deu prosseguimento à investigação e manteve parceria com as indústrias do setor. Uma delas detectou grande concentração de peróxido de hidrogênio, como é chamada a água oxigenada, no leite transportado por empresa de Três de Maio, próximo a Ijuí, no Noroeste gaúcho.
Água oxigenada
O peróxido de hidrogênio é usado para estabilizar a ação bactericida que deteriora o leite. Com isso, os transportadores calculavam o tempo de ação do mesmo no produto que acabava mantendo alguma qualidade, só que escondia a presença da substância na análise feita pela indústria. Ou seja, como o peróxido de hidrogênio tem a fórmula química H2O2,com o tempo liberava uma molécula de oxigênio e virava água, mesmo assim mantinha as substâncias nocivas que causam, dependendo da concentração, problemas gástricos e intestinais.
* Veja vídeo com entrevista do promotor Mauro Rochemback:
Organização
O MP confirmou a adulteração por meio de notas fiscais com compras de produtos como água oxigenada, soda cáustica e bicarbonato de sódio, bem como por laudos técnicos e escutas telefônicas. É investigado um suspeito, a esposa dele e dois sobrinhos, todos de Três de Maio. Eles têm conhecimento da substância usada e do tempo de ação dela para burlar a fiscalização e reutilizar leite vencido. Além disso, quando um caminhão deles chega na indústria e o motorista nota a presença de fiscais, o mesmo já avisa os demais para voltar outro dia.
Segundo Rochemback, a adulteração deles só ocorreu devido a denúncia de uma indústria pelo fato de que eles erraram a concentração de peróxido de hidrogênio no leite. Para ele, esta empresa de transporte tem uma irregularidade, já que possui em galpão três resfriadores clandestinos de leite onde adiciona, sempre à noite, as substâncias nocivas ao produto.
Denúncia
O transportador investigado levava leite para as indústrias Mallmann e Bom Gosto. A Mallmann encerrou o contrato que tinha com o suspeito, e a Bom Gosto – após detectar irregularidades – realizou denúncia em setembro deste ano ao Ministério Público.
Foi realizada no dia 8 de maio deste ano nas cidades de Ibirubá, Horizontina e Guaporé com o objetivo de coibir o uso de formol no leite. As investigações viraram processos judiciais com 12 réus em Ibirubá, dois em Guaporé e um em Horizontina. O Blog Acerto de Contas divulgou na época, os lotes com suspeita de estarem contaminados.
No final de maio, o MP desarticulou mais dois núcleos sobre a fraude no leite, um em Três de Maio, onde hoje ocorra a terceira etapa da operação, e em Rondinha. No primeiro município, o processo tem dois réus e na segunda cidade tem cinco réus.
Em agosto, a Polícia Civil investigou empresa do Vale do Taquari suspeita de utilizar leite vencido.
Promotor Mauro Rochemback fala sobre a operação desta quinta-feira:
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