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G1 globo.com
Polícia pede prisão preventiva de PM apontado como autor do disparo que matou turista espanhola
Tenente Davi dos Santos Ribeiro era lotado no 5°BPM, mas foi cedido ao 23°BPM após o início da guerra na Rocinha. Soldado que participou da ação não foi autuado.
Por Leslie Leitão, TV Globo
A Divisão de Homicídios da Capital pediu a prisão preventiva do tenente Davi dos Santos Ribeiro, apontado como autor do disparo que matou uma turista espanhola na Rocinha, na Zona Sul do Rio, na segunda-feira (23). Na madrugada desta terça (24), a DH ouviu os dois policiais militares envolvidos na ocorrência que resultou na morte de Maria Esperanza, de 67 anos.
O tenente é lotado no 5°BPM (Praça da Harmonia) e estava cedido ao 23°BPM (Leblon) em virtude do reforço no policiamento da região desde que começou a guerra na Rocinha. De acordo com a corporação, ele tem 30 anos e esta foi a primeira ocorrência de sua carreira que resultou na morte de alguém. Ribeiro estava com outro oficial e um soldado, que deu um tiro para o alto e responderá apenas pelo crime militar de disparo de arma de fogo. A DH não autuou o soldado, nem pediu a sua prisão.
Os dois policiais militares passaram a madrugada desta terça-feira prestando depoimento na Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Eles afirmam que o carro não respeitou o pedido de parada. O guia do grupo de estrangeiros afirmou que não viu os policiais.
Os depoimentos acabaram por volta das 5h. As armas dos dois foram recolhidas e passarão por perícia. O advogado do soldado disse que o tenente atirou contra o veículo e acabou matando a espanhola. Eles serão levados para o Batalhão Prisional da PM.
O italiano que estava dirigindo o carro que levava o grupo e os donos da agência de turismo que vendeu os pacotes para os estrangeiros também prestaram depoimentos na Delegacia de Apoio ao Turista (Deat), no Leblon, na Zona Sul. Eles foram ouvidos por 10 horas e, na saída, não quiseram falar com a imprensa. O corpo da estrangeira foi levado para o Instituto Médico-Legal, no Centro do Rio.
Confronto de versões
A vítima e outros dois espanhóis foram à favela para fazer um passeio turístico, segundo os depoimentos à Delegacia Especial de Atendimento ao Turismo (Deat), no Leblon. O motorista, um italiano que mora no Brasil há 4 anos, relatou que deixou os turistas na parte alta da favela acompanhados de uma guia turística.
Em seguida, o motorista desceu a comunidade e esperou ser chamado pela guia para buscar os visitantes. Ao ser contatado, foi ao encontro do grupo e, no caminho, chegou a ser abordado por PMs, que o liberaram ao checar que não havia nada de errado com o carro.
Depois que os turistas embarcaram no veículo, no Largo dos Boiadeiros, o profissional relatou que ele e os passageiros ouviram disparos. Assustado, ele acelerou o carro e, então, a turista foi baleada.
Na versão dos militares, os PMs desconfiaram que o veículo poderia estar transportando bandidos da comunidade, já que havia subido vazio.
A delegada titular da Deat, Valéria Aragão, disse que os depoentes sabiam que estavam em uma favela, mas acreditaram que, por ser pacificada, estariam seguros na Rocinha. Segundo a delegada, o grupo relatou até se sentir mais seguro por encontrar policiais patrulhando as ruas da comunidade.
"Eles sabiam que era uma comunidade, mas desconheciam que era uma área conflagrada. Eles entendiam que seria um cenário, um território tranquilo para eles vasculharem. Eles viram PMs circulando e por isso se sentiram mais seguros. Quando era, na verdade, exatamente o contrário", disse.
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