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Base venezuela é atacada na fronteira com o Brasil; atos, discursos e mortes marcam o Dia D de ajuda humanitária
Veículos carregados com alimentos e medicamentos foram impedidos de entrar na Venezuela. Pessoas que exigiam a abertura entraram em confronto com forças de segurança.
Por Alan Chaves e Emily Costa, G1
Venezuelanos atacam posto do Exército da Venezuela na fronteira com o Brasil
Mais cedo, três pessoas foram mortas e ao menos de 15 ficaram feridas em Santa Elena, cidade venezuelana a 15 km da fronteira com o Brasil.
Conflitos também foram registrados na fronteira da Colômbia com a Venezuela e 285 ficaram feridas e dois caminhões com ajuda humanitária foram incendiados, segundo o governo colombiano.
Eles foram o desfecho de um dia no qual os caminhões com ajuda humanitária foram impedidos de levar alimentos e medicamentos para cidades venezuelanas. O chamado "Dia D", convocado pela oposição para receber de doações de outros países, foi marcado por três mortes.
Resumo dos confrontos sábado (23)
- As fronteiras da Venezuela com o Brasil e a Colômbia amanheceram fechadas, conforme prometido por Maduro
- Caminhonetes saíram de Boa Vista e foram até a fronteira com a Venezuela com ajuda humanitária, mas voltaram para o lado brasileiro no fim do dia
- Venezuelanos protestaram e atacaram uma base do exército venezuelano
- 3 pessoas morreram e ao menos 15 ficaram feridas em Santa Elena, cidade venezuelana a 15 km da fronteira com o Brasil
- Na fronteira com a Colômbia, 2 caminhões com ajuda humanitária foram incendiados
- Confrontos na fronteira com a Colômbia deixaram 285 feridos e 37 pessoas hospitalizadas, segundo o governo colombiano
- Mais de 60 militares venezuelanos abandonaram os postos e pediram asilo, ainda de acordo com o governo colombiano
- Maduro afirmou em discurso que não é mendigo, disse que está disposto a comprar toda comida que o Brasil quiser vender e rompeu relações diplomáticas com Colômbia
- Guaidó voltou a apelar a militares para que eles retirem o apoio a Maduro: "Vocês não devem lealdade a quem queima comida"
Forças militares e manifestantes entram em confronto na região da fronteira da Venezuela
Caminhões travados, protestos e confrontos
A expectativa pela entrada dos caminhões acabou sendo transformada em revolta e confrontos. Venezuelanos que estavam em territórios brasileiro e colombiano usaram pedras e coquetéis molotov para protestar.
O confronto com os guardas da fronteira foi mais longo em Cúcuta, na Colômbia, onde dois caminhões que levaria ajuda humanitária foram incendiados. A fronteira colombiana concentrou maior número de manifestantes, que atiraram pedras e pediam a abertura da passagem para os veículos com comidas e medicamentos.
Manifestantes tentam recuperar os mantimentos após incêndio em Cúcuta — Foto: Marco Bello/Reuters
Protesto na fronteira com o Brasil
No Brasil, os coquetéis molotov foram atirados por venezuelanos que vivem em Roraima em direção ao posto militar da Venezuela e os militares revidaram. Imagens mostram uma caminhonete da Guarda Nacional Bolivariana incendiada depois do tumulto.
Um representante do Exército brasileiro disse que os militares venezuelanos também efetuaram disparos com armas de fogo contra os manifestantes em solo brasileiro. . "Nunca vi exército de outro país jogar bomba de gás no Brasil", afirmou o coronel brasileiro José Jacaúna.
Protesto de venezuelanos na fronteira com o Brasil; guardas reagem com gás lacrimogêneo — Foto: Alan Chaves/G1
Bombas de gás lacrimogêneo são jogados em manifestantes na fronteira, em Pacaraima — Foto: Alan Chaves/G1 RR
Espaço da guarda venezuelana é incendiado com coquetel molotov na fronteira — Foto: Alan Chaves/G1 RR
O confronto ocorreu pouco tempo após caminhões com a ajuda humanitária retornarem ao lado brasileiro na fronteira. Luiz Silva, deputado da Assembleia Nacional pelo partido Ação Democrática – que faz oposição a Nicolás Maduro – disse que os caminhões foram tirados da fronteira "para proteger a ajuda, para resguardar".
Pacaraima é a cidade brasileira escolhida pela oposição ao chavismo liderada por Juan Guaidó como ponto de coleta para ajuda humanitária. Os carregamentos de comida, remédios e itens de higiene deveriam chegar neste sábado, para ingressar na Venezuela, mas o regime de Nicolás Maduro fechou a fronteira. Venezuelanos protestaram contra a medida ao longo do dia.
Coquetéis molotov feito por manifestantes em confusão na fronteira do Brasil com a Venezuela — Foto: Alan Chaves/G1 RR
Confrontos na Colômbia
A cidade escolhida na Colômbia é Cúcuta, onde houve confronto. Dois dos oito caminhões com ajuda humanitária que partiram para o país vizinho foram incendiados, e os confrontos deixaram 285 feridos e 37 pessoas hospitalizadas, segundo o governo colombiano.
O líder oposicionista venezuelano Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países – incluindo o Brasil – discursou neste sábado em Cúcuta. Com ele, estavam os presidentes da Colômbia, Chile e Paraguai, além do ministro de Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo. Eles exigiram a chegada pacífica da carga ao território venezuelano.
Caminhão que transportava ajuda humanitária para a Venezuela foi incendiado em Cúcuta — Foto: Marco Bello/Reuters
Mortes na Venezuela
Do lado venezuelano da fronteira, confrontos que deixaram três mortos e ao menos 15 feridos neste sábado, informou uma médica ao G1. Ela acompanhava feridos de Santa Elena de Uairén, cidade venezuelana a 15 km da fronteira com o Brasil, que foram levado de ambulância a Pacaraima.
Familiares de indígenas venezuelanos que estão internados no Hospital Geral de Roraima (HGR), em Boa Vista, temem retornar para a Venezuela. As vítimas foram baleadas em conflito com a Guarda Nacional venezuelana na manhã de sexta (22).
Ambulância transporta feridos da Venezuela para o Brasil — Foto: Alan Chaves/G1
Maduro vs. Guaidó
O presidente venezuelano discursou durante a tarde na cidade de Caracas. Maduro afirmou que opositores que tentam entrar com ajuda humanitária são "traidores" e rompeu relações com a Colômbia. Citando o Brasil, disse que está disposto a comprar toda a comida que o Brasil puder vender e que os venezuelanos não são mendigos.
Após os confrontos, Guaidó mais uma vez pediu a militares venezuelanos que deixem de obedecer a Maduro: "Vocês não devem lealdade a quem queima comida". O autoproclamado presidente interino da Venezuela também disse que o mundo viu "a pior cara da Venezuela" neste sábado e pediu apoio da comunidade internacional "para assegurar a liberdade do nosso país".
O governo brasileiro condenou "os atos de violência perpetrados pelo regime ilegítimo do ditador Nicolás Maduro", chamou o governo venezuelano de "criminoso" e apelou à comunidade internacional para "somarem-se ao esforço de libertação da Venezuela".
AJUDA HUMANITÁRIA PARA A VENEZUELA
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