terça-feira, 24 de maio de 2016

Ex-tesoureiro do Partido Progressista preso na Lava Jato chega a Curitiba

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Pobre Petrobras vem sendo roubada descaradamente ...

FONTE DE INFORMAÇÃO ...

G1 globo.com


Paraná



23/05/2016 22h35 - Atualizado em 23/05/2016 22h35

Ex-tesoureiro do Partido Progressista preso na Lava Jato chega a Curitiba

João Claudio Genu foi alvo da 29ª fase, batizada de 'Repescagem'.
Sócio dele, Lucas Amorim Alves foi detido temporariamente.

Do G1 PR
João Claudio Genu, ex-assessor do deputado José Janene e da liderança do PP na Câmara, em foto de setembro de 2005 (Foto: Joedson Alves/Estadão Conteúdo)João Claudio Genu, ex-assessor do deputado
José Janene e da liderança do PP na Câmara,
em foto de setembro de 2005
(Foto: Joedson Alves/Estadão Conteúdo)
O ex-tesoureiro do Partido Progressista (PP), João Claudio Genu, e o sócio dele, Lucas Amorim Alves, chegaram à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, por volta das 22h desta segunda-feira (23). Os dois foram presos na 29ª fase da Operação Lava Jato, batizada de "Repescagem". Eles devem ser levados ao Instituto Médico-Legal (IML) de Curitiba na manhã de terça-feira (24).
Os dois são suspeitos de receber propina de valores desviados da Petrobras. Contra Genu, o juiz federal Sérgio Moro expediu um mandado de prisão preventiva, ou seja, com prazo indeterminado. Já o mandado contra Alves foi em caráter temporário, por cinco dias, podendo ser prorrogada pelo mesmo tempo ou transformada em preventiva. Quem decidirá isso será o juiz, baseado nos pedidos da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF).
A 29ª fase da Lava Jato apura o recebimento de propina e lavagem de dinheiro por parte de Genu e Alves. Também foi expedido um mandado de prisão contra o empresário Humberto do Amaral Carrilho, que está no exterior e é considerado foragido. Ele afirmou, no entanto, que vai se entregar.
De acordo com a Polícia Federal, Genu é suspeito de ter recebido R$ 2 milhões do esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. O ex-tesoureiro do PP chegou a ser condenado pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, no caso do mensalão, em 2012. No entanto, ele recorreu e conseguiu a absolvição no caso da lavagem, em 2014 e foi dispensado da pena por corrupção, porque o crime havia prescrito.
A polícia acredita que a prisão de Genu é estratégica, pois prova que os desvios que aconteceram na Petrobras foram, em grande parte, uma continuidade do mensalão. Na época, as investigações mostraram que parlamentares recebiam mesadas pagas pelo governo, para votarem a favor de projetos estratégicos para o Executivo.
Além de atuar como tesoureiro do PP, Genu foi assessor do ex-deputado José Janene, morto em 2010. Segundo o doleiro Alberto Youssef, o ex-parlamentar era o principal articulador do PP nos esquemas da Petrobras. A força-tarefa da Lava Jato afirma que Genu seria o responsável por receber a propina de contratos firmados no setor de Abastecimento da estatal e distribui-la. 60% dos recursos iam para o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e 30%, para parlamentares do PP.
Além disso, o ex-tesoureiro seria o beneficiário de até 5%. O doleiro Alberto Youssef, que operacionalizava a lavagem de dinheiro, levava 5%. As porcentagens variaram ao logo dos anos, segundo os investigadores.
O dinheiro chegava a Genu por meio de Youssef e Carlos Habib Chater, dono do Posto da Torre, em Brasília, e sempre em espécie.
"Ele [Genu] auxiliava os parlamentares e Alberto Youssef na distribuição das propinas ao Partido Progressista. Ele atuava ajudando a indicar os políticos, por exemplo, que deveriam receber e, pelo papel que ele exerceu na idealização do esquema, ele recebeu uma espécie de royalty por isso", disse o delegado Luciano Flores.
Flores destacou que, apesar de Genu nunca ter exercido mandato parlamentar, sempre esteve próximo ao ex-deputado federal José Janene, apontado como um dos criadores do esquema do mensalão e das fraudes na Petrobras. Para o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Diogo Castor de Mattos, é possível dizer que Genu continuou sendo representante de Janene mesmo após a morte do político.
“A prisão tem peso estratégico para a Lava Jato porque ele era um dos principais cabeças envolvendo recebimento de vantagens indevidas do PP”, afirmou Mattos.
O procurador declarou ainda que o envolvimento de Genu com o núcleo político torna a detenção importante para o bom avanço das investigações e para ajudar a localizar outros envolvidos.
Ainda de acordo com o procurador Mattos, Genu recebia, habitualmente, valores fixos. Mesmo após o mensalão, e até 2013, ganhava mensalmente entre R$ 40 mil a R$ 70 mil. O nome de Genu não é novidade no âmbito da Lava Jato. Desde o início das investigações, recaem sobre ele suspeitas de envolvimento nos crimes descoberto na Petrobras. Genu se tornou alvo de uma etapa apenas agora, porque, de acordo com a Polícia Federal, surgiram provas contundentes para pedir a prisão dele. Entre elas, a possibilidade do ex-assessor manter contas no exterior.
Segundo a investigação, foram descobertas trocas de mensagens entre Genu e agentes públicos da Petrobras e da BR Distribuidora. Isso que pode indicar uma ação do suspeito também neste órgão público.
"Com as provas novas, a gente acredita que Genu, além da Petrobras, também tenha uma ligação com a BR Distribuidora. Agora, as instituições começarão a averiguar os fatos com mais precisão", disse o procurador.
Outros suspeitos
A 29ª fase da operação também prendeu Lucas Amorim Alves que, conforme a Polícia Federal, era sócio de Genu em empresas cujas contas bancárias movimentaram o dinheiro ilegal. Ele era considerado um "emissário" do ex-assessor.
O montante de R$ 7 milhões passou por contas bancárias de empresas que serviram para a lavagem de dinheiro, de acordo com a PF. Há casos em que as empresas estavam em nome, por exemplo, da esposa e do cunhado de Genu.

Outro investigado que teve mandado de prisão expedido foi o empresário Humberto do Amaral Carrilho. Ele é considerado foragido, mas há a expectativa de que o advogado dele entre em contato com as autoridades para combinar como será feita a apresentação.
Em delação premiada, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que Carrilho, dono da empresa Distribuidora Equador, o procurou, entre 2008 e 2009, com um projeto de construção de um Terminal de Derivados no Rio Amazonas, em Itacotiara.
De acordo com Costa, o projeto foi aceito, e a empresa foi contratada pela Petrobras, sem licitação, pois se tratava de exclusividade. Paulo Roberto Costa acrescentou que a intermediação dele “pesou” para a contratação ainda que a parte técnica do projeto não apresentasse desvio de condutas. O ex-diretor da Petrobras disse que, em virtude desta intermediação, o dono da empresa pagou valores ao declarante até fevereiro de 2014.

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