sábado, 10 de dezembro de 2016

Mendonça Filho: “Pisa mostra o fracasso retumbante da nossa educação”

ORDEM E PROGRESSO .

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Fonte de informação 

G1 globo.com

ÉPOCA
EDUCAÇÃO

Mendonça Filho: “Pisa mostra o fracasso retumbante da nossa educação”

Para o ministro da Educação, os resultados da avaliação internacional são consequência de políticas ineficazes. Ministro promete mobilização imediata para aumentar o aprendizado das crianças

FLÁVIA YURI OSHIMA
06/12/2016 - 13h30 - Atualizado 09/12/2016 18h48
TEMOS  DE MUDAR O ministro  da Educação, José Mendonça Filho. “O Brasil precisa de audácia”, diz ele (Foto: Sérgio Lima/ÉPOCA)
A entrada do Bloco L da Esplanada dos Ministérios assusta os desavisados. O prédio, sede do Ministério da Educação (MEC), está com a fachada envidraçada em pedaços. A porta de correr, que leva à recepção, é ancorada por um pedaço de madeira. O cenário de destruição é resultado das últimas manifestações ocorridas em Brasília contra a PEC do teto. Manifestantes invadiram o prédio. A polícia e os bombeiros foram chamados para evacuar a área e restabelecer a ordem. Na última segunda-feira, dia 5, outra sirene de emergência tocou no gabinete do ministro da Educação, José Mendonça Filho, de 50 anos. Desta vez, não foi a dos bombeiros. Foi a da OCDE, organização internacional para o desenvolvimento econômico, que divulgou seu ranking internacional de educação, o Pisa 2015. Justamente no período em que o país mais investiu na área, recuamos pela primeira vez em matemática. Entre 70 nações, o Brasil ficou entre as oito piores do mundo em educação. Para o ministro, esse é o atestado do fracasso de políticas equivocadas. O ministro diz que dará prioridade à carreira do professor e à reforma do ensino médio para que esse desastre não se repita.
ÉPOCA –  Os números do Pisa 2015 mostram que o país regrediu em matemática e estagnou em leitura e ciências. O que esses resultados dizem sobre a educação no Brasil?
José Mendonça Filho – 
Eles confirmam o fracasso da educação brasileira. Quando olhamos para a amplidão da educação que vai da educação infantil à universidade, encontramos números positivos sobre inclusão, mas do ponto de vista da qualidade os números demonstram um fracasso retumbante e inaceitável.
ÉPOCA – Esse retrocesso ocorre justamente no período em que o país mais investiu na área. Investimos errado?
Mendonça Filho 
– Investimos errado. Em pouco mais de 12 anos, triplicamos o orçamento da Educação, saindo de R$ 43 bilhões para R$ 135 bilhões. E isso não se traduziu em qualidade por causa de uma série de políticas ineficazes.
ÉPOCA – O senhor pode dar exemplos de políticas ineficazes?
Mendonça Filho –
 O modelo do Ciência sem Fronteiras [programa de intercâmbio bancado pelo governo federal] foi tocado apenas com intuito eleitoral. Alunos foram enviados ao exterior sem conhecer a língua, com um custo por aluno de mais de R$ 100 mil. Houve alunos de graduação que cursaram matérias eletivas lá fora que não eram reconhecidas por sua faculdade aqui no Brasil. O programa significou um investimento de R$ 3,7 bilhões só na última leva para atender 35 mil alunos [investimento feito em 2014, para a viagem ser realizada em 2015].  Esse é um exemplo de falta de foco.
Outro exemplo é o programa Mais Educação [programa federal para ampliação da jornada escolar], cujo número de investimento por aluno não corresponde ao número de alunos que realmente temos. O censo escolar mostra que temos 4,3 milhões alunos e o Mais Educação distribui dinheiro para o equivalente a 8 milhões de alunos. Isso não pode. É má gestão, no mínimo.
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ÉPOCA – Já se sabe no Brasil e no mundo que o ponto central para aumentar a qualidade do aprendizado é aumentar a qualidade da formação inicial e continuada dos professores. Por que, então, preparar esses professores não vira uma operação de guerra, já que educação é uma prioridade?
Mendonça Filho –
 Essa é uma das prioridades do nosso governo. Leve-se em consideração que temos uma alocação de recursos para treinamento de professores da ordem de R$ 1,8 bilhão por ano.
ÉPOCA – O Pisa mostra que esse investimento, apesar de alto, não é efetivo. O que o governo fará para transformar essas cifras em qualidade de aprendizado para o aluno?
Mendonça Filho –
 Acho que temos de abraçar todas as medidas que mexerão com a carreira do professor. Não será uma única que mudará a qualidade de sua formação. Temos de aumentar a atratividade da carreira, isso passa por salário, para trazer os meninos mais talentosos para o magistério. Temos de assegurar também que o professor receba a devida formação de como deve ser a prática da sala de aula, inclusive com mecanismos que coloquem um estágio preparatório e uma espécie de professor residente junto a professores talentosos. Fortaleceremos os recursos também via Capes e programas já consagrados, como o Pafor [Plano nacional de formação de professores] e Pibid [bolsa para a formação de professores para a educação básica], entre outros. Essa agenda será atacada desde já, no início do próximo ano.
ÉPOCA – O Pibid sofreu um grande corte.
Mendonça Filho – 
Nós herdamos o Pidib com um corte. A gente desfez a portaria da gestão anterior que praticamente eliminava o Pibid. Vamos restaurar o programa em 2017.
ÉPOCA – Os resultados do Pisa 2015 soaram um alarme de incêndio para o Ministério? Eles mobilizarão medidas mais contundentes?
Mendonça Filho –
 Sim, sem dúvida. Já mobilizaram. Como eu disse, atacaremos a formação de professores e colocaremos um foco prioritário na educação básica. Lançaremos em janeiro um programa focado na alfabetização e no fundamental I e II, com parceria financeira e apoio técnico aos municípios.  A MP do ensino médio também é um jeito de colocar um regime de urgência no aumento da qualidade da educação. O Brasil se acostumou a se conformar com a baixa qualidade na educação. É inaceitável que a 8ª economia do mundo seja a 64ª em Educação.
ÉPOCA – Cerca de 90% dos professores formam-se em faculdades particulares, e a qualidade de boa parte delas é  muito baixa. O que o governo pode fazer para cobrar uma formação mais consistente?
Mendonça Filho –
 Acho que o Enade, o exame que avalia o desempenho das faculdades, tem de valorizar a qualidade. O peso hoje de aspectos como infraestrutura do campus é maior do que a qualidade no resultado final. Já encomendamos ao Inep (órgão que aplica as avaliações educacionais) mudanças nessa avaliação para privilegiar o peso da qualidade na formação.
ÉPOCA – O Enem, exame do ensino médio, coleciona escândalos relacionados a fraudes. O senhor disse que realizará consulta pública para mudanças na prova. Do que se trata?
Mendonça Filho –
 É preciso ter dimensão do que é o Enem. Neste ano, foram 8,6 milhões de inscrições em 16.500 localidades. Mais de 600 mil pessoas trabalham direta ou indiretamente na aplicação dessa prova. Há um aparato gigantesco que envolve gráfica, segurança, correio, logística, fiscalização. É impossível não ter uma tentativa de fraude em uma operação como essa. Qualquer sistema, por mais seguro que seja, comporta aprimoramentos. Nem o sistema financeiro é imune a tentativas de fraude. O que se tem de ter em mente é a decisiva postura de combate à fraude. Estamos aprimorando nossa capacidade de coletar e cruzar dados para evitar fraudes, conseguimos detectar inclusive golpes passados. Anunciamos que 15 universitários, um deles do curso de medicina, serão afastados da universidade porque fraudaram a prova. Agora, chamaremos em consulta pública a sociedade para discutir outros aprimoramentos.
ÉPOCA – Existe um receio generalizado de que a MP 746, a medida provisória que muda o ensino médio, seja muito ousada e  de díficil implementação. Essa reforma será viável no médio prazo?
Mendonça Filho –
 Primeiramente, o Brasil precisa de audácia na Educação. Encontramos um cenário catastrófico em todos os ângulos. O desempenho em português e matemática é pior do que há 20 anos. A meta nacional do Ideb (índice de avaliação da educação básica) não é alcançada desde 2011. A evasão é brutal. São cerca de 2 milhões de jovens que nem trabalham nem estudam e mais de 1 milhão de jovens de 17 anos que não estão na escola. A ousadia não é irresponsável. Essa é uma mudança discutida há quase 20 anos. As críticas são fruto de desinformação, de pressão corporativista e de divergência política e ideológica. É uma mudança grande, e por isso deve ser devidamente alinhavada com todos os setores. Não será simples, mas não recuaremos. O prazo de implantação dependerá da velocidade de cada estado se articular.
ÉPOCA – Um dos fatores que impactam a qualidade da educação é o baixo investimento por aluno. O Brasil investe um quinto do que os Estados Unidos gastam por aluno e metade do valor investido pela Rússia. O que o governo fará sobre isso?
Mendonça Filho –
 Já estamos elevando o investimento por aluno no ensino médio. Não quero fixar um número, mas é o que estamos fazendo ao lançarmos o programa de escola em tempo integral, que envolve um investimento de R$ 1,5 bilhão para em três anos dobrarmos o total de alunos em educação em tempo integral, que hoje é de 380 mil matrículas.
ÉPOCA – Mas essa é uma ajuda financeira que tem prazo de cinco anos para acabar. O que os estados farão depois?
Mendonça Filho – 
Não acho que vá acabar. Essa é uma política pública que deve ser incorporada às prioridades do MEC. E temos de pensar em gestão. Pernambuco implementou o ensino integral sem um centavo de recurso do MEC e hoje é um dos melhores do país.
ÉPOCA – Com a PEC do teto de gastos, quando a inflação baixar, não correremos o risco de ter uma diminuição drástica dos investimentos em Educação.
Mendonça Filho –
 Primeiro, a PEC não invalida os 18% do orçamento da União que vão para a Educação e os 25% dos estados. No ano que vem, teremos o investimento recorde de R$ 139 bilhões. A PEC não deve ser uma preocupação para a Educação. O que preocupa é o fato de sermos um dos seis países que mais investem em Educação em percentual do PIB e, ao mesmo tempo, estarmos na lanterna em qualidade.

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