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G1 globo.com
59ª fase da Lava Jato prende 2 em investigação de contratos da Transpetro
MPF afirma que Grupo Estre pagou R$ 22 milhões em propinas a Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, e seus representantes.
Por Adriana Justi, Natália Filippin e José Vianna, G1 PR e RPC Curitiba
Polícia Federal e Receita Federal cumprem nova fase da Operação Lava Jato
O ex-presidente de empresas do Grupo Estre Wilson Quintella Filho e o advogado e ex-executivo do grupo Mauro de Morais foram presos na 59ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (31).
A atual fase foi batizada de Quinto Ano e cumpriu, ao todo, 16 mandados de busca e apreensão e dois de prisão temporária. As ordens foram cumpridas em São Paulo e Araçatuba, no interior do estado. Antônio Kanji, o terceiro alvo de prisão, não foi localizado e é considerado foragido.
As investigações, segundo o Ministério Público Federal (MPF), miram o pagamento de propinas pelo Grupo Estre em contratos de serviços na área ambiental, reabilitação de dutos e construção naval da Transpetro. Ao todo, são investigados 36 contratos que totalizaram, entre 2008 e 2017, mais de R$ 682 milhões, assim como pagamentos ilícitos superiores a R$ 22 milhões, segundo a Lava Jato.
As investigações tiveram início a partir de declarações de Sérgio Machado, que é ex-presidente da Transpetro e foi indicado e mantido no cargo pelo então PMDB, que celebrou acordo de colaboração com o MPF.
Ele revelou que ajustou com Wilson Quintella o pagamento de propinas de pelo menos 1% dos contratos firmados pelo Grupo Estre (Estre Ambiental, Pollydutos e Estaleiro Rio Tietê) com a estatal.
Além da delação de Sergio Machado, a Lava Jato também recebeu informações da Operação Descarte, que investigou o grupo Estre por crimes de lavagem de dinheiro em São Paulo e Minas Gerais. As provas obtidas foram compartilhadas e, segundo os procuradores, o modo de atuação do grupo nos dois casos era semelhante.
O que dizem os citados
Em nota, a Estre Ambiental afirmou que vem colaborando com a operação e permanecerá à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários e colaborar com as investigações.
O G1 tenta contato com as defesas dos demais investigados.
Investigações
As propinas foram pagas por Wilson Quintella em espécie a Sérgio Machado e seus emissários, mediante sucessivas operações de lavagem de dinheiro que envolveram o escritório Mauro de Morais Sociedade de Advogados, afirma o MPF.
A Receita Federal apurou, ainda conforme os procuradores, que o escritório recebeu, entre 2011 e 2013, cerca de R$ 22,3 milhões de empresas do Grupo Estre, sem que tenha prestado efetivamente qualquer serviço.
As investigações apontam ainda que logo após a realização dos depósitos nas contas controladas por Mauro Morais, ocorriam saques fracionados em espécie e isso era feito como uma forma de burlar os controles do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). No período, o advogado foi responsável por sacar mais de R$ 9,5 milhões, segundo o MPF.
Sérgio Machado disse em depoimento que os valores em espécie foram entregues no escritório Mauro de Morais Sociedade de Advogados por um ex-executivo do Grupo Estre e homem de confiança de Wilson Quintella e de Mauro Morais.
Esquema criminoso pode ter ido além da Transpetro
Os procuradores afirmam que o esquema criminoso pode ter ido além da Transpetro. Segundo os procuradores, a atuação criminosa de Wilson Quintella e seu grupo possivelmente alcançou outras áreas, inclusive do sistema Petrobras.
"Após quase cinco anos de Lava Jato, é impressionante que alguns criminosos ainda apostem na impunidade. Há empresas e pessoas com milhões de reais transacionados sem explicação econômica e documental plausível que são alvos desta investigação, que ainda tem muito por avançar. A melhor chance para aqueles que receberam e intermediaram propinas é sair das sombras voluntariamente e colaborar com a Justiça”, afirmou o procurador Júlio Noronha.
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