terça-feira, 3 de maio de 2016

Pescadores reclamam da falta de informação sobre peixe do Rio Doce

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GI globo.com

Espírito Santo

DESASTRE AMBIENTAL NO RIO DOCE
02/05/2016 09h29 - Atualizado em 02/05/2016 09h29

Pescadores reclamam da falta de informação sobre peixe do Rio Doce

Eles afirmam que as informações que conseguem são da imprensa.
Desastre ambiental no Rio Doce vai completar seis meses.

Carla SáDe A Gazeta
Romildo, pescador, reclama da falta de apoio da Samarco, no Espírito Santo (Foto: Bernardo Coutinho/A Gazeta)Romildo, pescador, reclama da falta de apoio da Samarco, no Espírito Santo (Foto: Bernardo Coutinho/A Gazeta)
À beira do Rio Doce, em Baixo Guandu, vivem famílias com gerações e gerações de pescadores. Para essas pessoas, o rio não é só a fonte da sobrevivência, mas parte de suas vidas. Agora, seis meses após o rompimento da barragem de rejeitos, sem informação sobre a situação dos peixes e da água, eles estão se sentindo esquecidos e reclamam que muitos ainda não recebem o auxílio oferecido pela Samarco.
“Ficamos sabendo tudo pela imprensa”, diz o pescador Luciano Freire, de 51 anos, sobre os resultados de análises da situação do rio. “Não sabemos nem mesmo até quando vamos receber o benefício”, completa sobre o valor de um salário mínimo, mais 20% por dependente e uma cesta básica que os profissionais que dependem do Doce estão recebendo.
Os pescadores dizem que chegavam a lucrar R$ 5 mil por mês com o que pegavam no rio. Para complementar a renda eles fazem bicos, mas muitos veem contas acumularem.
Fotógrafo registra imagens dos impactos da lama da Samarco no Rio Doce (Foto: Leonardo Merçon/ Últimos Refúgios)Lama matou peixes no Rio Doce; foto de novembro
de 2015(Foto: Leonardo Merçon/ Últimos Refúgios)
“Tem quem nunca colocou a mão no Rio Doce e está recebendo, enquanto tem gente da comunidade que precisa e não conseguiu o cartão”, destaca a pescadora Monique Rodrigues, de 29 anos.
Romildo Lopes, de 37 anos, pescava no Rio Doce. Ele reclama que Mascarenhas parece ter caído no esquecimento, já que ninguém procura os pescadores para falar sobre a qualidade da água do rio.
“Os órgãos do meio ambiente viviam aqui fiscalizando a pesca, agora não vem nenhum. Tem que fiscalizar para não deixar ninguém pescar”, afirmou.
Tristeza
Desde o desastre, o pescador Délcio Gonçalves, de 72 anos, criou o costume de sentar em um banco perto de casa, que fica à beira do Rio Doce, em Mascarenhas, Baixo Guandu , para observar o curso da água. E se emociona.
“Todo dia venho aqui e olho. Dá uma saudade, às vezes vou até lá embaixo no rio e dou uma volta. Isso foi o fim do mundo para nós, uma tragédia incalculável o que a Samarco fez com a gente. O que receber de indenização não paga”, lamentou.
Décio Gonçalves, pescador, diz que a renda caiu menos da metade por causa da proibição da pesca no Rio Doce (Foto: Bernardo Coutinho/A Gazeta)Décio Gonçalves, pescador, diz que a renda caiu menos da metade por causa da proibição da pesca no Rio Doce (Foto: Bernardo Coutinho/A Gazeta)
Samarco
A Samarco informou que no Espírito Santo 2.596 pessoas receberam o cartão do auxílio e que as denúncias de pagamento indevido “estão sendo checadas”.
O pagamento do benefício – que inicialmente era só até abril – será mantido conforme previsto em acordo com os governos do Espírito Santo, de Minas Gerais e Federal, mas a empresa não informou até quando.
Prefeitura aguarda recursos
Para evitar que a cidade ficasse sem água potável, a Prefeitura de Baixo Guandu providenciou uma captação provisória do Rio Guandu e que dura até hoje.
“Temos o projeto, mas o custo disso está acima da nossa capacidade”, explica o prefeito Neto Barros. É preciso fazer o barramento, a tubulação de captação e ampliar o reservatório de tratamento. Junto a isso, Barros espera conseguir garantir o esgotamento sanitário. Tudo custaria R$ 30 milhões.
Para custear as obras, o município aguarda a homologação do acordo de recuperação do Doce, de R$ 20 bilhões, entre a Samarco e os governos do Espírito Santo, Minas Gerais e federal.

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