domingo, 12 de agosto de 2018

Pai de Malala dá dicas de educação igualitária: 'Devemos acreditar nas nossas filhas, não deve haver machismo'

ORDEM E PROGRESSO .

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ACORDA BRASIL MUDA .
ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS .

Marco Antonio Marques .
Bom dia amigos .
Projetos EAS geração de energia elétrica auto sustentável único no mundo .
Estamos começando de 2018  com esperanças renovadas .
Enquanto a pessoa viva e tentando ajudar para oferecer mais alternativa para o setor elétrico mundial ninguém da importância de uma tecnologia inovadora já existente que funciona comprovadamente só que não usada para gerar energia elétrica sustentável sem destruição do meio ambiente e sem a utilização de represas .
Neste mercado mundial dominado por grandes empresas parece que não é interessante que novos projetos venham colaborar na deficiente geração de energia elétrica mundial que falta de inteligencia de todos os governantes mundiais .
Com a experiencia na construção civil desde 1978 com 40 anos neste setor poço criar diversos projetos únicos no mundo para gerar muita energia elétrica auto sustentável e suprir a demanda mundial , mas sem apoio financeiro o poço fazer , nada .
Até quando fala Brasil .
Porto Alegre RS Brasil , 14/072018 as 09:46 horas .

Fonte de informação .

G1 globo.com

OLHA QUE LEGAL

Pai de Malala dá dicas de educação igualitária: 'Devemos acreditar nas nossas filhas, não deve haver machismo'

Na primeira entrevista a um veículo de comunicação brasileiro, Ziauddin Yousafzai afirma que pais devem incentivar a autoconfiança em suas filhas, e ensinar os filhos sobre a igualidade entre meninos e meninas.

Por Ana Carolina Moreno, G1
 
Poucas pessoas conhecem seu primeiro nome, mas é fácil reconhecer seu rosto, quase sempre ao lado ou atrás das fotos da ativista paquistanesa Malala Yousafzai. Ziauddin Yousafzai, pai de Malala, é o ativista e educador que construiu uma escola no Vale do Swat, no Paquistão, e que incentivou o desejo da filha de ir à escola, mesmo que para isso fosse preciso desafiar o Talibã.
Atualmente com 49 anos, Ziauddin hoje vive com toda a família no Reino Unido, para onde fugiram após o atentado que quase custou a vida de Malala, quando ela tinha 15 anos. O ataque, porém, teve efeito contrário e acabou por transformá-la na voz mais alta do mundo em defesa da educação de meninas, e a pessoa mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz.
Pai e filha são os fundadores do Fundo Malala, organização que define a aplicação das doações arrecadadas desde o atentado para a causa. A relação dos dois é tão próxima que Malala, hoje com 21 anos, nunca deixa de citar o pai como a pessoa que mais a inspira e a ensinou a ter confiança em si mesma.
Malala Yousafzai se encontra com o primeiro-ministro do Curdistão, Nechirvan Barzani, enquanto seu pai, Ziauddin, observa ao fundo (Foto: Malin Fezehai/Malala Fund)Malala Yousafzai se encontra com o primeiro-ministro do Curdistão, Nechirvan Barzani, enquanto seu pai, Ziauddin, observa ao fundo (Foto: Malin Fezehai/Malala Fund)
Malala Yousafzai se encontra com o primeiro-ministro do Curdistão, Nechirvan Barzani, enquanto seu pai, Ziauddin, observa ao fundo (Foto: Malin Fezehai/Malala Fund)
Neste Dia dos Pais no Brasil, o G1 publica a primeira entrevista concedida por Ziauddin a um veículo brasileiro. Na conversa de 15 minutos, durante a breve passagem dele pelo Rio de Janeiro para comemorar o aniversário de Malala, o ativista paquistanês explicou como se tornou um pai feminista, e deu dicas aos homens que também querem seguir o mesmo caminho.
"Eu cumprimento todos os pais que acreditam em suas filhas, e que as incentivam a acreditar em si mesmas. E cumprimento todos os pais que criam filhos para acreditarem na igualdade, para acreditarem no poder das meninas, para acreditarem nas suas irmãs." - Ziauddin Yousafzai
Leia a seguir a entrevista:
Malala contou, no livro dela, que o senhor e seu irmão tiveram mais privilégios do que suas irmãs mulheres. Como foi crescer nesse ambiente desigual?
É uma experiência completamente diferente ser um menino em sociedades patriarcais e ser uma menina em sociedades patriarcais. Então eu às vezes digo às pessoas que, se eu tivesse sido uma das minhas cinco irmãs, uma das cinco filhas dos meus pais, as pessoas nunca teriam ouvido falar de mim no Swat, em nenhum outro lugar do mundo.
Sendo um menino eu tinha mais liberdade. Meu irmão e eu éramos como membros superiores da família. Nós tivemos mais cuidado, como roupas, comida, e a coisa mais importante: educação. Meu irmão mais velho completou seus dez anos de educação. Depois eu tive cinco irmãs e nenhuma delas foi à escola.
Meus pais gostavam muito da educação e tinham grandes sonhos para mim, mas eles tinham zero sonhos para as filhas deles. Eles só queriam casá-las o mais rápido possível.
 Foto de Malala ao lado do pai, Ziauddin Yousafzai, quando chegaram em Cambridge para um discurso em setembro de 2013 (Foto: Jessica Rinaldi/AP) Foto de Malala ao lado do pai, Ziauddin Yousafzai, quando chegaram em Cambridge para um discurso em setembro de 2013 (Foto: Jessica Rinaldi/AP)
Foto de Malala ao lado do pai, Ziauddin Yousafzai, quando chegaram em Cambridge para um discurso em setembro de 2013 (Foto: Jessica Rinaldi/AP)
Quando o senhor percebeu que foi criado com mais privilégios do que suas irmãs?
Eu tinha 20 anos. Naquela época meu primo de primeiro grau teve um casamento muito desagradável. Ele [o casamento] foi arranjado pelo meu tio. Essa foi uma história muito triste porque ele a deixou, ele deixou a casa um mês depois. Ela não queria morar com ele. Foi meio que um casamento forçado e uma tragédia para ela. Pessoas desconhecidas deram um tiro na perna dela, e ela passou por muitas dificuldades. Então eu podia ver a vida dela, como ela estava acorrentada por esses tabus sociais que são as normas ditas culturais e de honra da família. Mas ela foi muito corajosa, tentou se livrar do arranjo e casou novamente. A história dela me mudou. Eu tinha só 20 anos e eu escrevi um longo poema em pachto chamado ‘Promessa’. Foi uma promessa para as meninas e mulheres de que eu lutaria pelos meus direitos, mas também pelos direitos delas, especialmente. Então eu cresci pela educação que eu tive. Eu virei feminista antes de ouvir essa palavra.
Em seu livro, Malala diz que, quando ela nasceu, parte da sua família não ficou muito animada pelo fato de ela ser menina. Mas o senhor sim.
Sim, claro. Isso está mudando um pouco. Mas 21 anos atrás, uma bebê menina não era bem-vinda nas famílias. Agora as pessoas estão mudando gradualmente, mas ainda um menino tem mais valor que uma bebê menina. Mas eu fiquei tão feliz, e tão honrado e abençoado quando a Malala nasceu. Eu lembro daquela manhã quando eu fui vê-la. Eu a coloquei no meu colo e olhei para ela brilhando com aqueles olhos lindos. Foi o momento mais bonito da minha vida. Umas semanas depois meu primo trouxe a árvore [genealógica] da família. Eu vi que todos eram homens, mas eu tive uma filha. Então o que eu fiz foi pegar uma caneta, desenhar uma linha a partir do meu nome e escrevi ‘Malala’.
Cartaz com Malala e seu pai, Ziauddin Yousufzai, é exibido na parede da Escola Khushal, localizada na cidade Natal de Malala  (Foto: Faisal Mahmood/Reuters)Cartaz com Malala e seu pai, Ziauddin Yousufzai, é exibido na parede da Escola Khushal, localizada na cidade Natal de Malala  (Foto: Faisal Mahmood/Reuters)
Cartaz com Malala e seu pai, Ziauddin Yousufzai, é exibido na parede da Escola Khushal, localizada na cidade Natal de Malala (Foto: Faisal Mahmood/Reuters)
Você criou seus filhos homens da mesma forma que a Malala?
Desde o começo eu estava comprometido como pai a tratar todos os irmãos igualmente. Para mim, não existe diferença entre uma filha e um filho. Eu amo todos igualmente. Fico muito contente que os meus filhos são o tipo de filhos dos quais tenho orgulho. Eles acreditam na igualdade e eles têm um enorme respeito pelos seres humanos, pelas causas de gênero, raciais, qualquer uma.
Na visita ao Rio, Malala aprendeu a fazer grafite e grafitou uma imagem de Marielle Franco, que também foi vítima de um ataque a tiros, mas não sobreviveu e morreu em março. O que o senhor diria para os pais de Marielle?
Eu passei por um trauma parecido quando a Malala foi atacada. Foi o momento mais difícil da minha vida, da vida da minha família, da minha mulher e meus dois filhos. Foi o maior trauma que já vivemos. Então eu consigo compreender o tamanho da tragédia para essa família. Mas eu diria que você pode matar uma pessoa, mas não pode matar a missão dela.
Você não pode matar a voz. Você não pode matar a verdade. A voz dela [Marielle] será uma inspiração para milhões de pessoas no Brasil e ao redor do mundo. Então os pais dela devem ter muito orgulho de sua filha, que deu sua vida pelos direitos humanos. Poucas pessoas fazem isso. Eles são os pais de uma grande filha.
No Rio, em julho, Malala aprendeu a fazer grafite e pintou um retrato de Marielle com a ajuda da artista Panmela Castro (Foto: Reprodução/Instagram)No Rio, em julho, Malala aprendeu a fazer grafite e pintou um retrato de Marielle com a ajuda da artista Panmela Castro (Foto: Reprodução/Instagram)
No Rio, em julho, Malala aprendeu a fazer grafite e pintou um retrato de Marielle com a ajuda da artista Panmela Castro (Foto: Reprodução/Instagram)
Quais são os seus conselhos para homens que são pais de meninas?
Essa é a pergunta mais importante. Eu gosto dela, agradeço por fazer essa pergunta. Eu sou um pai. Eu tenho dois filhos e uma filha. Eu digo sempre, quando as pessoas me perguntam o que eu fiz pela minha filha: ‘me pergunte o que eu não fiz’. Eu não tive favoritos. Essa é a coisa mais importante, antes de mais nada. Devemos acreditar nas nossas filhas, não deve haver machismo. Não deve haver discriminação de gênero e devemos tratar nossos meninos e meninas com igualdade. Devemos educá-los. Isso é tão importante!
Eu cumprimento todos os pais que acreditam em suas filhas, e que as incentivam a acreditar em si mesmas. E cumprimento todos os pais que criam filhos para acreditarem na igualdade, para acreditarem no poder das meninas, para acreditarem nas suas irmãs.
Por que é importante educar meninas?
Esses tipos de tabus dificultam o nosso desenvolvimento. A igualdade de oportunidades é muito importante. Não podemos desperdiçar o enorme potencial de nossas meninas. Devemos equipá-las com educação de qualidade, educação gratuita durante 12 anos. Então essas garotas serão parte da nossa economia, da nossa vida social. Elas vão enriquecer as sociedades. Acho que minha mensagem para os pais é que eles devem acreditar em suas filhas e deixás-las acreditarem em si mesmas.
Em entrevista ao G1, Malala nos contou que tem o sonho de voltar a viver e trabalhar no Paquistão depois de terminar seus estudos. Esse também é o seu plano?
Olha... A Malala é uma alma independente. Hoje ela tem 21 anos, mas eu me lembro que quando ela tinha 11 ou 12 anos ela era muito independente. Ela tinha as suas opiniões e tinha o hábito de tomar decisões e eu sempre a apoiei. Uma vez ela quis se tornar médica ao ver a situação ruim de conflitos no Swat, depois ela pensou em virar política. Agora ela pode pensar diferente. Então o que quer que ela faça, aonde quer que ela vá, qualquer profissão que ela siga, eu, como pai, estarei lá para apoiar. É isso que um pai faz. Se ela quiser voltar ao Paquistão eu vou aceitar e vou apoiar. Em março nós visitamos o Paquistão depois de quase seis anos. E foi decisão da Malala. Ela quis ir, eu apenas apoiei. Ela é uma menina muito corajosa.
Mas o senhor sente falta de morar no Paquistão?
Sim. Quer dizer, a nossa pátria é a nossa pátria. É como Malala diz: ‘as pessoas vão sentir falta da pátria delas até no paraíso’ [risos]. Nós amamos nosso país. Estou com 49 anos, então eu passei uns 45 anos da minha vida no Paquistão.
Eu conto para as pessoas que em meus sonhos eu estou no Swat, estou na vila, na cidade em que morei. E às vezes no sonho eu digo que aquele não é um sonho, que estou realmente no Swat. Então você consegue imaginar o nível de saudade que uma pessoa sente quando é forçada a se separar de seu povo.
Mas mesmo essa breve viagem ao Paquistão foi muito útil. Foi a primeira e foi muito desafiadora e emocionante, mas vai ser seguida por outras visitas ao nosso país. Sonhamos e esperamos que um dia estaremos trabalhando no Paquistão.
Malala Yousafzai posa com sua família em um dos cômodos de sua antiga casa durante visita a sua cidade natal Mingora, no Vale do Swat, no Paquistão, em março  (Foto: Stringer/Reuters)Malala Yousafzai posa com sua família em um dos cômodos de sua antiga casa durante visita a sua cidade natal Mingora, no Vale do Swat, no Paquistão, em março  (Foto: Stringer/Reuters)
Malala Yousafzai posa com sua família em um dos cômodos de sua antiga casa durante visita a sua cidade natal Mingora, no Vale do Swat, no Paquistão, em março (Foto: Stringer/Reuters)
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