sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Obra no Comperj deve gerar 23,3 mil vagas

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ÉPOCA NEGÓCIOS


Obra no Comperj deve gerar 23,3 mil vagas

Estimativa inclui empregos diretos, impacto na cadeia de máquinas e serviços prestados
13/01/2017 - 07H42 - POR AGÊNCIA O GLOBO
Obras de construção do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), que está sendo construído em Sambaetiba, Itaboraí (Foto: Divulgação/Agência Petrobras)
A decisão da Petrobras de retomar as obras para a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, foi definida como “oxigênio para um paciente em estado terminal”, segundo o novo prefeito do município, Sadinoel Souza (PMB). As estimativas, considerando dados da indústria e da prefeitura, indicam que as obras devem gerar cerca de 23.300 empregos, considerando postos de trabalho diretos, indiretos e os induzidos pelo efeito renda (o impacto na cadeia de serviços).
De acordo com o prefeito de Itaboraí, serão gerados 5 mil empregos diretos nas obras na região. O prazo previsto para a licitação, para a qual foram convidadas cerca de 30 empresas estrangeiras, é de cinco meses, mas Souza estima que o mercado de trabalho da região sentirá mais os efeitos no início do próximo ano. Nos cálculos do presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, o setor de máquinas terá um impacto total de 18.300 postos de trabalho, considerando 2.300 vagas na fabricação direta de máquinas, 5.200 na produção de insumos para estes equipamentos e 10.800 nos serviços gerados para atender ao projeto.
Impacto positivo
O efeito positivo pode ser maior. Segundo fontes próximas à estatal, será construída também uma Central de Utilidades, fundamental para fornecer as condições de infraestrutura para a UPGN, como abastecimento de água e energia. A Petrobras já ressaltou que a conclusão da UPGN não significa uma retomada do Comperj. Mesmo assim, para a UPGN serão necessárias obras como uma linha de gasoduto do litoral até o Comperj e do complexo até a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc). As obras têm previsão de duração de dois anos e meio e custo estimado de R$ 2 bilhões. A unidade de processamento é considerada essencial para atender o gás que será produzido nos campos do pré-sal na Bacia de Santos.
"Espero que a Petrobras absorva a mão de obra de Itaboraí e dos 15 municípios da região que vai de Niterói, Araruama a Teresópolis. É oxigênio para um paciente em estado terminal. Vai ser um alento com o aumento da arrecadação do ISS (Imposto Sobre Serviços). Anima um pouco, vai ajudar muito a cidade", destacou Sadinoel.
O prefeito destaca que Itaboraí foi um dos municípios mais afetados pelo abandono do projeto, que é alvo de investigação por corrupção na Operação Lava-Jato. Atualmente, a cidade tem três mil salas comerciais vazias, prédios e empreendimentos abandonados.
Para o economista e professor da UFRJ Mauro Osório, se a estimativa da Abimaq se confirmar, a obra no Comperj será importante para recuperar parte dos empregos perdidos. Só com a desmobilização do complexo, em 2015, a área de construção civil em Itaboraí perdeu 12 mil postos de trabalho com carteira assinada naquele ano — quase 30% das 42 mil vagas formais destruídas no setor em todo o estado. Em 2015, Itaboraí encerrou o ano com perda de 15 mil postos de trabalho.
"É uma obra que pode gerar muito emprego, mas é uma recuperação apenas parcial", pondera o economista.
Osório ressalta que o projeto já nasceu superestimado, com projeções iniciais de criação de 200 mil empregos. Apesar dos sinais favoráveis, o economista critica a ausência de empresas brasileiras no convite para a licitação. Segundo a Petrobras, algumas companhias ficaram de fora em razão de restrições à participação em licitações por causa da Lava-Jato.
Além dos empregos, a retomada de investimentos sinaliza ao mercado que a estatal está colocando a casa em ordem, avalia José Márcio Camargo, economista da PUC-Rio:
"A Petrobras é o maior investidor do país. Mas, nos últimos dois anos, com a dívida elevada, fez uma série de desinvestimentos. Agora, parece estar disposta a voltar a investir e ficar saneada. É um bom sinal para o futuro, principalmente para a economia do estado, que é bastante dependente dela."
A UPGN tem apenas 30% das obras concluídas. Os trabalhos foram interrompidos pelo consórcio QGIT (Queiroz Galvão, Iesa Óleo & Gás e Tecna Brasil) em setembro de 2015. Na primeira etapa foram gastos R$ 500 milhões e vários equipamentos estão armazenados no local. Segundo uma fonte, o processo de escolha da vencedora da licitação levará em conta qual proposta tem um grau maior de aproveitamento de equipamentos e gastos já realizados.
Velloso, da Abimaq, criticou a gestão do presidente da Petrobras, Pedro Parente, alegando que muitas empresas já entregaram equipamentos, como os da UPGN e outros, que estão estocados, sem receber pelo serviço, que deveria ter sido pago pelas empresas responsáveis pela obra, a maioria delas envolvida na Lava-Jato.
"O presidente Pedro Parente diz que o problema não é dele, mas das empresas que compraram. O setor de máquinas e equipamentos investiu US$ 60 bilhões para atender à demanda do setor de petróleo do país.A Petrobras não pode jogar no lixo tudo que já foi feito no setor. Temos 1.500 associados e nenhum na Lava-Jato", disse Velloso.

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