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Marco Marques .
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O retorno dos guarás
A primeira vez que tive o prazer de ver ao vivo e a cores, com muita cor por sinal, as aves guará (Eudocimus ruber) foi no Pará, fazendo uma reportagem sobre uma região litorânea. Lá os guarás são abundantes.
O contraste entre o verde dos manguezais e o vermelho muito forte das aves cria uma sensação quase que inacreditável. Parece de mentira!
Fiquei emocionado ao ver tamanha beleza. Era um grupo de uns 20 indivíduos. Para fotografar, me escondi atrás de um banco de areia e fui me aproximando meio deitado, meio de cócoras, até poder enquadrar da maneira que eu queria.
Mais tarde, participando de um estudo com o biólogo Roberto Boçon para verificar a possibilidade de translocação, isto é, de trazer alguns indivíduos para repovoar regiões no sul do Brasil, onde haviam sido extintas, retornei ao Pará.
Para este estudo também fui a Santos, onde outro biólogo, o Robson Silva e Silva, fazia levantamentos com uma população remanescente neste local improvável, mas com aves residentes.
A pesquisa acabou não sendo conclusiva, somado aos custos e burocracia para poder realizá-la, esta translocação acabou inviabilizando o projeto.
A região continuou sem as belas aves, somente com a lembrança delas nos nomes das baías de Guaraqueçaba e Guaratuba, no litoral do Paraná.
Para surpresa geral, entretanto, em 2009, foi avistado um bando de guarás na divisa do Paraná com São Paulo. Outro biólogo, Ricrdo Krul, me avisou destas aves e fui fotografar.
Fiz algumas viagens frustradas. A área de mangue é muito extensa e não conseguimos encontrá-las, até que tive uma primeira oportunidade.
Algumas coisas quando acontecem a primeira vez, parecem que se tornar corriqueiras. Depois do primeiro encontro, vi diversas vezes com ótimas oportunidades de fotografia. Fiz muitas fotos delas em voo, pousadas no mangue, em árvores, mas nada de muito inusitado. Eu queria algo mais intimista.
Então, fui informado que os guarás tinham conseguido chegar mais ao sul, na baía de Babitonga, em Santa Catarina, e estavam sendo monitorados pelo biólogo Alexandre Grose, que acompanha os ninhos.
Era o que eu precisava. Fiz várias viagens para lá. Comprei um motor elétrico (para o barco) para conseguir chegar mais perto, mas mesmo assim, no final não conseguia a foto que desejava.
Aí surgiu a ideia de colocar uma câmera com disparos programados próxima ao ninho. Peguei um tripé de iluminação de estúdio, cordas para fixar o tripé no mangue e lá fui eu. Já andei bastante em mangue. A gente atola até os joelhos e é um esforço grande. Agora com câmera, mais tripé, mais flash, mais as cordas… A coisa fica complicada.
Antes de montar tudo, tive que achar o ninho ideal. Aí atola pra lá, atola pra cá, até que achei um ninho que estava dentro do que eu havia imaginado.
Fiz as primeiras fotos ainda com ovos, como esta que você vê abaixo.
Foi numa outra viagem, entretanto, que pude armar o equipamento no mesmo ninho, porém já com filhotes. E é a imagem que abre este post.
Deixei a câmera programada para quatro disparos, com intervalos de 3 segundos a cada 5 minutos e fui embora.
A maré subiu e eu de longe via os disparos de flash (ufá, estava funcionando!). Quando a maré baixou pude retornar, pegar a câmera. O tripé ficou totalmente enlameado.
No final, foram centenas de fotos e algumas com o adulto alimentando os filhotes bem dentro do que eu havia imaginado.
Apesar da lama, do atoleiro todo, sem dúvida nenhuma, valeu todo o esforço!!
*Especificações técnicas – Nikon D300s – lente 10-24mm – flash Nikon SB-800 e rebatedor Lumiquest
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