Restaurante se prepara para receber os atletas paralímpicos (Foto: Rafael Leon/Arquivo pessoal)
A tradicional feijoada não foi a mais pedida entre os 18 mil atletas na
Vila Olímpica durante o período dos Jogos Olímpicos do Rio. De acordo com a chef Ana Zambelli, uma das responsáveis pelo restaurante que venceu a licitação da Rio 2016, das 600 toneladas de alimentos consumidos nos 17 dias de competições, os que mais fizeram sucesso foram camarão, salmão e churros.
“No jantar, a gente fazia uma brincadeira e, por volta das 19h, servia camarão grelhado na hora. O engraçado é que camarão tem em todo lugar do mundo, mas quando eles viam, faziam fila. Eles também enlouqueciam com brócolis e arroz de frutos do mar”, conta.
Ela agora se prepara para receber os atletas paralímpicos que chegam à Vila no dia 30 de agosto. As competições acontecem entre 7 e 18 de setembro.
“A gente está adaptando o cardápio, vamos ter mais frutas cortadas e tornar a alimentação mais leve, com menos óleo. Estou tentando conhecer eles, ver o perfil no Facebook. Vamos recebê-los da melhor maneira possível. Ainda estou em êxtase com o fim do evento e muito ansiosa para ver esses atletas”, diz.
Zambelli está à frente, durante a Olimpíada, de uma equipe de 600 cozinheiros que trabalharam em um restaurante com espaço equivalente a três campos de futebol. Segundo ela, lentilha e mingau não podiam faltar no cardápio.
“Os indianos comem lentilha o tempo inteiro, são alucinados. Era quase meia tonelada de lentilha por dia. Os japoneses de manhã comem um arroz, que é supertradicional, não podia faltar. Tem também um mingau, com aveia e suco de maçã. A cara não é bonita, mas todos eles comem muito isso. Acho que só o brasileiro não comia.”
Os atletas tinham acompanhamento diário de nutricionistas, mas a chef explica que nem todos seguiam a dieta à risca. Entre as sobremesas, churros bateu recorde de pedidos. Doce de leite e creme de chocolate com avelã também saíram bastante.
“Muitas vezes eu vi o profissional apontando o que podia e não podia comer. Mas a gente não restringia, gostávamos de deixar eles livres para comer o que quisessem. Eu não podia botar doces o tempo todo ou eles iam sair de lá rolando. No final fizemos uma mesa de queijos. Eles adoraram a comida. Tinha gente na Vila até ontem [terça-feira] comendo. Hoje acho que foi a última leva”, conta.
Restaurante principal possui área equivalente a três campos de futebol (Foto: Sapore/Divulgação)
Ídolos
Das histórias curiosas que ficaram, Zambelli destacou o interesse da jogadora Marta pelo falafel, salgadinho originário do Oriente Médio. “Elas são brasileiras, gostam de arroz, feijão, bife e ela ficou curiosa, porque realmente parece um quibe. Ela queria saber que tipo de comida era aquela”, relembra.
A chef contou ainda que Michel Phelps, Usain Bolt e Neymar também passaram pelo restaurante. “O pessoal fica querendo tirar muita foto e eles nem comem direito”, disse.
Números
Durante os Jogos, foram consumidas 62 toneladas de carne bovina, 80 toneladas de aves, 54 toneladas de peixes, 2 toneladas de queijo, 17 de ovos e 40 toneladas de pães. Os chefs serviram 6 toneladas de bacon fatiado, 200 mil muffins, 242 de frutas e 1,3 milhão de fatias de pizza, segundo balanço atualizado no último domingo (21).
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