Baía de Guanabara durante Olimpíada (Foto: Divulgação/Secretaria Estadual do Ambiente)
O fracasso na meta olímpica de
despoluir 80% da Baía de Guanabara, constatado antes mesmo da Cerimônia de Abertura da Rio 2016, pode ter sido uma das maiores decepções desta edição dos Jogos. As medidas paliativas, com a instalação de ecobarreiras, no entanto, foram vistas como um sucesso pela Secretaria Estadual do Ambiente. Ao longo do mês de agosto deste ano, foram recolhidos 31 toneladas de lixo flutuante das águas e o secretário da pasta, André Correa, disse que a operação "funcionou perfeitamente".
Autoridades estaduais avaliam que o problema da poluição da Baía pode levar 20 anos e pedem apoio da iniciativa privada.
Isso não impediu que velejadores como as brasileiras Martina Grael e Kahena Kunze, que ganharam o ouro na categoria categoria 49er FX da vela chegaram a mergulhar na baía para comemorar e não tiveram problemas.
O velejador Marcelo Ferreira, medalhista em Atlanta e Atenas, disse que a baía teve água de Caribe. "Tivemos sorte, temos que falar, pois não tivemos chuva forte, que poderia trazer lixo flutuante pra Baía de Guanabara. (...) Ninguém pensou em nada de poluição, realmente a água estava lindíssima", afirmou em entrevista ao SporTV.
Já o atleta belga Evi Van Acken não pode dizer o mesmo. No dia 11 deste mês, ela passou mal ao entrar em contato com a água da Baía e culpou a balneabilidade. A Federação Internacional de Vela, no entanto, contemporizou e disse que este fora o "único caso". Para Correa, não é possível confirmar que a causa da doença foi a água.
Ao G1, a Federação Britânica de Vela relatou que nenhum de seus atletas teve problema de saúde. Para isso, porém, a equipe adotou rigorosos procedimentos de saúde para "mitigar o risco de qualquer doença contraída da água, incluindo o uso de suplementos probióticos e um kit de desinfecção".
"[Tivemos problemas] cinco vezes. Não queríamos falar muito do assunto, mas foi muito ruim, muita sujeira. Estávamos em segundo, mas pegamos muito lixo. Não sei se acontece com os outros, mas aconteceu conosco hoje", disse Samuel ao Globoesporte.com.
Ao G1, o secretário disse que a dupla teve "muito azar". Ele disse que os dois já haviam reclamado do lixo em um evento-teste, mas disse que não queria fazer um "prejulgamento" sobre o caso. "Tivemos em torno de 300 atletas e só eles tiveram esse problema. Muito baixa essa probabilidade: 300 ateltas e apenas um reclamar. É muito azar uma fatalidade acontecer duas vezes"
Na avaliação da Federação Britânica, a questão agora é o "desafio dos organizadores" de tirar a sujeira do caminho dos atletas, não só porque pode servir como uma barreira física, mas sobretudo porque pode "causar graves prejuízos às pessoas".
Lixo acumulado em manguezal da Baía de
Guanabara (Foto: Nicolás Satriano/G1)
Futuro da Baía de Guanabara
Correa voltou a dizer que o projeto do Governo do Estado de despoluir a baía em 80% foi superestimado. Para ele, com a crise não há outra alternativa que não seja a participação da iniciativa privada.
"Foi uma meta muito ousada que efetivamente contribuiu nesse erro de comunicação. Metas muito ousadas geram muita expectativa. Do ponto de vista orçamentário, não há recurso. Recurso empregado hoje é emprestado do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Para questões de longo prazo não vejo outra alternativa que não sejam as parcerias público-privadas", afirmou o secretário.
Correa disse que o projeto é de longo prazo: ao menos 20 anos. "Só vai ter baía despoluída quando tiver todos municípios do entorno saneados, como São Gonçalo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu".
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