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Brasil mais pobre anula queda da desigualdade
Corte dos rendimentos, de 5,4% em média, foi generalizado no ano passado, nivelando por baixo os ganhos da população. Com isso, concentração de renda menor perdeu melhor efeito
postado em 26/11/2016 06:00 / atualizado em 26/11/2016 12:59
Rio de janeiro – Com a recessão já avançada em 2015, os brasileiros ficaram mais pobres e a desigualdade social caiu motivada pela perda de renda que afetou também os mais ricos. O rendimento médio de todas as fontes de renda encolheu 5,4% no ano passado, em relação a 2014, já descontada a inflação. O rendimento médio ficou em R$ 1.845 por pessoa por mês, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2015, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Todos os tipos de renda registraram queda em 2015. O rendimento do trabalho passou de R$ 1.950 para R$ 1.853, queda de 5% na passagem de 2014 para 2015. Foi o primeiro recuo em termos reais em 11 anos.
A renda média domiciliar diminuiu de R$ 3.443 para R$ 3.186, o equivalente a um corte de 7,5%. Todas as categorias do emprego registraram redução no rendimento médio mensal real do trabalho principal, especialmente os trabalhadores domésticos com carteira assinada, que amargaram redução de 3,1% nos vencimentos. A recessão começou no segundo trimestre de 2014, de acordo com os registros da Fundação Getulio Vargas (FGV) que acompanham os ciclos da economia, mas o quadro piorou ano passado. O encolhimento na renda já vinha sendo captado em outras pesquisas do IBGE, no entanto, a retração de 2015 foi a primeira na série da Pnad desde 2004.
Os mais pobres sentiram particularmente a retração da economia. Entre os 10% da população que têm os menores rendimentos, de R$ 219 por mês, em média, a queda foi maior, de 7,8%. Os 10% mais ricos, que recebem R$ 7.548 por mês viram sua renda cair 6,6% em 2015, sobre 2014. Quando se considera as demais faixas de renda, a metade da população que ganha melhor percebeu encolhimento maior do que a metade que ganha menos, segundo o IBGE. Com isso, a desigualdade de renda manteve trajetória de queda. O índice de Gini, que mede a concentração de renda, ficou em 0,491 em 2015, ante 0,497 em 2014. A escala vai de zero a um; quanto mais perto de um, mais concentrada a renda.
Como todas as classes sociais passaram a ganhar menos em 2015, não há motivos para comemorar esse tipo de queda na desigualdade. De acordo com a gerente da Pnad, Maria Lucia Vieira, a redução da concentração de renda é boa quando a situação fica “mais homogênea para todos”. “Quando todo mundo perde, fica pior para todo mundo. Piorou mais para todo mundo”, disse Maria Lucia. “O que a gente quer é igualar todo mundo no melhor”, completou a pesquisadora.
MENOS COMPUTADORES O novo retrato do Brasil, de acordo com o IBGE, trouxe ainda como destaque taxa menor de analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais de idade, estimada em 8%, que representa queda de 0,3 ponto percentual frente a 2014. Ainda assim, trata-se de um percentual alto, que revela 12,9 milhões de analfabetos no país. Em 2004, eram 15,3 milhões. O número médio de anos de estudo era de 7,8 anos em 2015, ante 7,7 em 2014. Como se esperava, a região mais abastada, o Sudeste, apresentava a maior média, de 8,5 anos, ao passo que o Nordeste e o Norte registraram as menores médias, de 6,7 e 7,3 anos, respectivamente. O número médio de oito anos de estudos das mulheres superou o dos homens, de 7,6.
No relatório que trata da posse nos domicílios, o IBGE destacou que pela primeira vez, caiu o número de domicílios com microcomputador. Esse total foi de 31,4 milhões em 2015 (46,2% dos domicílios de todo o Brasil), redução de 3,4% frente a 2014 (48,5%). Desses lares, 27,5 milhões tinham computador com acesso à internet (40,5% ante 42,1% em 2014). Foi a primeira vez em que se observou redução no total de domicílios com microcomputador e com microcomputador com acesso à internet.
Minas escolarizada
No que se refere à taxa de escolarização, os maiores percentuais em Minas foram encontradas para a população de 7 a 14 anos. Em 2015, 98,9% das pessoas de 7 a 14 anos estavam frequentando a escola. A proporção se reduz à medida em que sobe o grupo etário. Para a população de 15 a 17, era de 87,1% e entre aquelas pessoas de 18 a 24 anos alcançava 29,9%. As taxas de escolarização de Minas superaram as do Brasil (98,8% para 7 a 14 anos e 85% para 15 a 17 anos, exceto para o grupo de 18 a 24 anos (30,7%).
Quanto mais alta a escolaridade, maior é a atividade da população.Tanto para Minas Gerais, quanto para o Brasil, a maiores taxas de atividade foram encontradas entre a população com 11 anos ou mais de estudo, de 80% e 77,7%, respectivamente. Com base na Pnad, o percentual de pessoas ocupadas com 15 anos ou mais de idade era de 61,5% em Minas Gerais no ano passado. No Brasil, esse nível de ocupação era de 58,6%.
O rendimento médio mensal real de todos os trabalhos em 2015, para Minas Gerais, somou R$ 1.771. Homens receberam R$ 2.019 ao mês e as mulheres, R$ 1.418. Significa que as mulheres recebem, em média, 70,2% do rendimento dos homens. Na média do país os rendimentos eram, em geral, superiores, de R$ 1.853 na média, sendo R$ 2.058 pagos a homens e R$ 1.567 a mulheres.
Isso ocorreu embora o total de moradores com acesso à Internet tenha crescido, de 54,4% em 2014 para 57,5% em 2015. Na avaliação do IBGE, o aumento do acesso à rede mundial de computadores está associado ao uso de outros equipamentos e de outros locais que não o domicílio.
Tags: economia
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