segunda-feira, 29 de maio de 2017

"Não cabe ao TSE resolver crise política", diz Gilmar

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Fonte de informação

G1 globo.com

ÉPOCA NEGÓCIOS

"Não cabe ao TSE resolver crise política", diz Gilmar

Presidente do tribunal ponderou julgamento da chapa 
Dilma-Temer como solução da crise política
29/05/2017 - 11H47 - ATUALIZADA ÀS 19H29 - POR AGÊNCIA O GLOBO
O ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes (Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil)
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, afirmou nesta segunda-feira que o tribunal “não é joguete de ninguém”, e que “não cabe ao TSE resolver crise política”. Indagado sobre o julgamento da chapa Dilma-Temer, marcado para começar na semana que vem em meio à crise política, Gilmar Mendes voltou a criticar “especulações da mídia” sobre os votos.
"Há muita especulação na mídia sobre pedido de vista, não pedido de vista. Se houver pedido de vista é algo absolutamente normal. Ninguém fará por combinação com este ou aquele intuito. Também não cabe ao TSE resolver crise política. Isso é bom que se diga. Tribunal não é instrumento para solução de crise política. O julgamento será jurídico e judicial. Então não venham para o tribunal dizer \'vocês devem resolver uma crise que nós criamos\'. Resolvam as suas crises", disse Gilmar, em congresso promovido pela Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), em São Paulo.
Questionado sobre declaração dada antes do evento ao jornal “Folha de S. Paulo”, de que o tribunal não era “joguete nas mãos do governo”, Gilmar repetiu suas palavras, demonstrando clara irritação: "(O TSE) Não é joguete de ninguém."
Durante a palestra, realizada num hotel em São Paulo, o ministro disse que o país se encontra em um período de “normalidade institucional” — apesar da crise política. Mesmo mencionando a possibilidade de uma nova troca de presidente em menos de um ano, o ministro defendeu que todos os procedimentos foram realizados respeitando a liberdade e os direitos dos cidadãos.
"A Constituição até hoje tem permitido passar por momentos graves desde sua promulgação. Um impeachment presidencial primeiro, grave crise na comissão do orçamento, graves crises de corrupção que se repetem, um segundo impeachment... Estamos de novo numa grave crise. E tudo isso tem sido tratado sem convulsão social".
Apesar da dura declaração, o ministro acredita que o processo será tranquilo, embora exija "grande esforço" dos envolvidos.
"Com certeza vai ser muito tranquilo. É um julgamento complexo, um processo complexo. Só o relatório do ministro Herman Benjamin tem mais de mil páginas. Isso exige de todos nós um grande esforço".
Gilmar Mendes comentou a troca de ministros do governo Temer de forma amena, focando apenas nas competências dos envolvidos e sem mencionar a possibilidade de Torquato Jardim ter sido realocado para agilizar a defesa do presidente.
"Conheço o ministro Serraglio e reconheço ele como um homem competente. Conheço também o ministro Torquato Jardim, foi nosso colega na Justiça Eleitoral, é muito reconhecido. Um profissional que está há muitos anos em Brasília e certamente desempenhará essa função".
As modificações no cenário político foram atribuídas pelo ministro como parte de um processo de transição.
"O Brasil vive essas crises prolongadas e óbvio que nós estamos de novo numa fase de transição. Sem dúvida nenhuma nós estamos vivendo essa situação peculiar desde a crise iniciada no governo Dilma, que não se encerrou, e certamente estamos caminhando para uma nova fase".
Gilmar Mendes dedicou o início de sua fala à importância da Constituição para a realização de reformas do país. Ele elogiou o governo de Fernando Henrique Cardoso, o qual apontou como responsável pela criação de uma nova ideia de responsabilidade fiscal.
"É o mais longo período de normalidade institucional da vida republicana", declarou, afirmando que a Constituição fez com que os brasileiros descobrissem seus direitos civis.
A fala do ministro, embora voltada para a área de saúde, contextualizou a situação política em mais de uma ocasião. Gilmar Mendes incluiu até uma brincadeira para exemplificar suas críticas ao cenário de crise vivido pelo país.
"Até brinco que o Brasil parece ter se transformado numa grande organização Tabajara, tantos são os déficits que se revelam em todos os setores".
No entanto, o ministro defendeu que a intervenção judicial deveria ser menor no cotidiano brasileiro. Ao declarar que o país é muito dependente do Judiciário, criticou uma suposta cultura da população de só conseguir valer os seus direitos por meio de ações judiciais.
"É preciso que a sociedade se organize de outra maneira."
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