O marqueteiro João Santana disse ao Tribunal Superior Eleitoral que existem "verdadeiros leilões" financeiros nas negociações de coligação de campanhas, em troca do tempo de TV para os candidatos.

Ao depor na ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, o marqueteiro disse que os acordos da base aliada eram pagamentos para as campanhas de partidos e que todas as campanhas negociam tempo de TV de "uma maneira muito pragmática".

"Seja por promessas futuras e seja por compromissos financeiros".

Santana relata, segundo documento obtido pela GloboNews, uma reunião no Palácio da Alvorada, com Lula e outras seis, sete pessoas quando foi discutido tempo de TV para a campanha de Dilma de 2010. Era um jantar onde estava Lula e a cúpula da campanha de Dilma em 2010. Lula, segundo Santana, estava "extremamente exasperado" com o PMDB e ameaçando quase não fechar o acordo com o PMDB e Michel Temer para vice. 

"Eles diziam que eles estavam querendo demais. O querer demais não me falou o que era, falou para as pessoas, mas disse: não, a garganta é enorme, o PMDB está demais e isso provocou um próprio temor na candidata Dilma e também eles sabiam que ia se perder ali alguns minutos preciosos".

Ao explicar o que seria o leilão, Santana disse:

"Quando falo leilão é financeiro, só que como a moeda na política não é só financeira, essa é mais problemática, mas também são os cargos, é um conjunto de interesses, que é normal e que acontece em vários países, em vários lugares."

O marqueteiro foi questionado sobre se tinha ciência de pagamentos a partidos na coligação de 2014. Ele disse que soube depois, inclusive com depoimentos da Lava Jato e que sabia que existia, mas que não participou das discussões sobre o assunto.