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30/11/2018
Comentário .
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Fonte de informação
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Irmãos percorrem 2 mil quilômetros para prestar 1º vestibular indígena da Unicamp: 'Uma semana de viagem'
Universidade de Campinas aplica a prova de 50 questões na tarde deste domingo.
Por EPTV
Universidade realiza neste domingo (2) primeiro vestibular exclusivo para indígenas
Os irmãos Maykuty Tuhu Waurá e Yatakulo Willianz Waurá enfrentaram quase dois mil quilômetros de viagem entre o Xingu (PA) e Campinas (SP) para prestarem o vestibular indígena da Unicampneste domingo (2). Eles são da etnia Waurá.
É a primeira vez que a estadual de Campinas faz um processo seletivo voltado para esta população desde a fundação da universidade na segunda metade da década de 1960.
Indígenas da etnia Waurá em Campinas para o Vestibular da Unicamp — Foto: Reprodução/EPTV
“Fizemos uma semana de viagem, cansado demais!”, afirma Maykuty Tuhu.
Yatakulo Willianz saiu de casa para o interior paulista para tentar uma das vagas da área de saúde. Ele quer usar os ensinamentos na Unicamp, caso se aprovado, para atuar no atendimento dos outros indígena onde mora.
Ele trouxe a mulher e as duas filhas pequenas para conhecer a cidade onde fica o maior campus da Unicamp. Eles vão permanecer na Moradia Estudantil enquanto ele faz a prova da Unicamp.
"Para não sentir saudade de mim", completa sobre a viagem com os familiares do Pará para o interior de São Paulo.
610 inscritos
São 610 indígenas inscritos para 72 vagas em 27 cursos. O mais disputado é o de enfermagem, com 95 candidatos por vaga. O triplo do vestibular comum, que teve o processo seletivo da primeira fase no dia 18 de novembro.
E as provas terão 50 questões e não incluem matérias como literatura ou língua estrangeira.
“É uma prova diferente porque nós temos que valorizar a cultura e os saberes dos povos indígenas”, disse o coordenador do vestibular José Alves de Freitas Neto .
Provas
As provas vão ser aplicadas neste domingo em Campinas, São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, Dourados (MS), Manaus (AM) e Recife (PE).
Diferenças
1. Fase única
O processo seletivo exclusivo para indígenas não possui segunda fase, como no vestibular tradicional. Isso ocorre, segundo a Comvest, por questões de logística e também por conta do vestibular indígena ter uma concorrência menor, que dispensa a primeira "peneira".
2. Tamanho da prova
Ao contrário da prova do vestibular tradicional, que tem 90 questões de múltipla escolha na primeira fase, a avaliação do vestibular indígena possui 50 questões e uma redação. Os estudantes têm cinco horas para a realização do teste. "É um vestibular mais direto, do ponto de vista de linguagem e tamanho de questões e mesmo de problemáticas", explica Freitas Neto.
3. Língua estrangeira
A prova do vestibular indígena não cobra conhecimento em inglês. Isso porque a Unicamp entende que, boa parte dos indígenas tem como língua-mãe o idioma das comunidades às quais pertencem, a prova em língua portuguesa já é considerado um esforço de conhecimento em segunda língua. "Tal como nós, ao fazermos uma prova em outra língua, por mais que sejamos fluentes, temos dificuldade, então, se ela for mais simples, mais claro ficará", diz o coordenador da Comvest.
4. Literatura
O vestibular indígena não cobra dos candidatos conhecimento sobre uma lista de obras literárias obrigatórias para questões de literatura, como o vestibular convencional, que exige conhecimento de 14 obras literárias. "É um vestibular que vai cobrar mais raciocínio que informação de conteúdo", afirma Freitas Neto.
5. Temática
Segundo a Comvest, como a experiência educacional do indígena tem suas particularidades, as questões do vestibular específico também buscarão acompanhar este contexto. "Na prova, o indígena vai discutir assuntos que são mais relacionados à sua experiência. Parte da sua cultura. Então ele vai fazer prova de raciocínios lógicos, de conhecimento, de leitura e interpretação, mas sempre pautado pela sua experiência cultural e escolar", explica o coordenador.
Semelhanças
1. Critérios de desempenho
Em ambos os processos seletivos, a Unicamp pretende avaliar nos candidatos o desempenho deles em seis critérios: expressar-se com clareza; organizar suas ideias; estabelecer relações; interpretar dados e fatos; elaborar hipóteses e demonstrar domínio dos conteúdos das áreas de conhecimento desenvolvidas no ensino médio. Em relação a esta última, a Comvest salienta que os mesmos conteúdos são considerados nas duas provas.
2. Prova em língua portuguesa
As provas dos dois vestibulares são em língua portuguesa, apesar de esperar-se que alguns dos candidatos tenham como língua-mãe idiomas indígenas. A maior parte de inscritos no processo especial, por exemplo, é de São Gabriel da Cachoeira, cidade que possui quatro idiomas oficiais.
3. Voluntários locais
Assim como no vestibular tradicional, a Unicamp conta com o apoio de pessoas de cada uma das cidades onde a prova é realizada para auxiliar na aplicação do exame. No vestibular indígena não será diferente. Só em São Gabriel da Cachoeira, município amazonense que concentrou maior parte das inscrições, 20 agentes serão treinados para atuar nas funções de fiscais volantes e auxiliares, fiscais e chefia de prédio.
4. Segurança
As duas avaliações também se assemelham em relação ao sistema rigoroso de segurança em relação à prova. Tanto o processo de elaboração das questões e a logística que envolve a confecção da prova são mantidos em sigilo.
5. Pode e não pode
Os estudantes que se submeterem ao processo seletivo indígena terão de respeitar as mesmas regras que os vestibulandos do processo seletivo geral. Os estudantes são orientados a chegar ao local da avaliação com antecedência, porque a entrada após o início da prova não será permitida. O edital também prevê proibição de uso de aparelhos celulares ou quaisquer outros equipamentos eletrônicos, relógios digitais, corretivos de qualquer tipo, lapiseira, caneta marca-texto, bandana/lenço, boné, chapéu, ou outros materiais estranhos à prova.
1º VESTIBULAR INDÍGENA DA UNICAMP
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