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G1 globo.com
Maduro nega que haja 'ruptura da ordem constitucional' na Venezuela após fala de procuradora-chefe
Procuradora-chefe disse que Suprema Corte assumir as funções do Parlamento é 'ruptura da ordem constitucional'. Presidente diz que resolverá 'impasse' na noite desta sexta-feira.
O presidente Nicolás Maduro negou nesta sexta-feira (31) que na Venezuela tenha havido uma "ruptura da ordem constitucional" e assegurou que há plena vigência da Constituição, depois que a Suprema Corte assumiu as funções do Parlamento e retirou a imunidade dos deputados. Maduro ainda disse que resolveria o "impasse" na noite desta sexta.
"Na Venezuela há plena vigência da Constituição, dos direitos civis e políticos, dos direitos humanos e do poder popular", disse Maduro em ato com seus seguidores.
A decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) de assumir o papel do Congresso foi criticada nesta sexta pela procuradora-chefe da Venezuela, Luisa Ortega, em uma rara demonstração de divergência interna no chavismo.
"Isso representa uma ruptura da ordem constitucional. É minha obrigação expressar minha grande preocupação com o país", disse Ortega.
No ato desta noite, Maduro disse que estava convocando o Conselho de Segurança para resolver o "impasse".
"Assumo, através do diálogo e da Constituição, a tarefa de hoje mesmo resolver o 'impasse' que surgiu entre o Ministério Público e o Tribunal Supremo de Justiça, e convoco o Conselho de Segurança da Nação para hoje mesmo à noite deliberar e alcançar uma resolução", disse o presidente.
Golpe?
Mais cedo, o Ministério de Relações Exteriores da Venezuela negou que tenha ocorrido um “golpe de Estado” no país, como acusa a oposição, depois que o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) assumiu as funções do Congresso.
"É falso que tenha havido um golpe de Estado na Venezuela, pelo contrário, suas instituições adotaram corretivos legais para deter a desviada e golpista atuação dos parlamentares opositores declarados abertamente em desacato às decisões emanadas do máximo Tribunal da República", disse a Chancelaria em comunicado.
Na quinta, a oposição denunciaou um "golpe de Estado" e afirmou que Madura estava transformando o país em uma ditadura.
"Essa decisão inconstitucional que nós rejeitamos... cimenta outro passo no desmantelamento da democracia da Venezuela", disse a oposição em um comunicado. "Esse governo está morrendo, e é por isso que está recorrendo a essas medidas desesperadas."
"É um tribunal fraudulento que interpreta a Constituição contra seu próprio texto", protestou nesta quinta-feira o deputado opositor Henry Ramos Allup.
Protestos
Durante esta sexta-feira, pequenos grupos de manifestantes bloquearam ruas, desfraldaram bandeiras e entoaram slogans contra o impopular governo do presidente Nicolás Maduro.
Dezenas de opositores bloquearam uma rodovia em Caracas, segurando cartazes dizendo "Não À Ditadura", e várias dezenas de estudantes marcharam até o TSJ, mas foram repelidos por soldados com escudos. "Hoje, na Venezuela, despertamos bloqueando ruas", disse o parlamentar opositor Miguel Pizarro.
No inconstante Estado de Táchira, no oeste venezuelano, várias dezenas de manifestantes rasgaram cópias de veredictos da corte diante de edifícios locais do judiciário.
Reações internacionais
A medida despertou críticas da oposição e foi condenada por vários países e organizações. A Organização das Nações Unidas (ONU) expressou nesta sexta "grave preocupação" e pediu ao país para reconsiderar a decisão porque "a separação de poderes é essencial para a democracia para o trabalho".
Em nota publicada pelo Itamaraty, o governo brasileiro repudiou a medida judicial e a considerou "um claro rompimento da ordem constitucional". Nesta sexta, o Brasil, ao lado de outros cinco países membros da União Sul-americana de Nações (UNASUL), divulgou um comunicado condenando a situação na Venezuela.
O Mercosul convocou para este sábado (1º) os chanceleres dos países-membros para uma reunião "urgente" sobre a "grave situação institucional" no país, além de reiterar o apoio do bloco aos princípios do Estado de Direito.
O Peru foi o primeiro país da região a reagir à medida, retirando de "maneira definitiva" seu embaixador na Venezuela. Nesta manhã, a Colômbia chamou o embaixador na Venezuela para consultas após a intervenção do Judiciário no Congresso, segundo a France Presse.
Argentina, Canadá, Chile, Costa Rica, Estados Unidos, Guatemala, Panamá e Paraguai também manifestaram sua preocupação pela decisão do Supremo venezuelano. A aliada Rússia, no entanto, reprimiu a tendência em um comunicado na sexta-feira pedindo ao mundo que deixe Venezuela em paz.
Reunião de emergência da OEA
Vinte países solicitaram nesta sexta-feira a convocação de uma reunião urgente do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) para avaliar o agravamento da crise.
O pedido, apresentado ao Conselho Permanente, é apoiado pelas missões na OEA de Brasil, Argentina, Bahamas, Barbados, Belize, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, Jamaica, México, Panamá, Paraguai, Peru, Santa Lúcia, Estados Unidos e Uruguai.
Desta forma, a maioria dos 34 estados-membros da OEA se unem ao secretário-geral, Luis Almagro, no pedido de debate do caso venezuelano, após o Supremo do país decidir assumir as funções do Parlamento, dominado pela oposição.
Os mesmos países já haviam conseguido, na terça-feira, aprovar no Conselho Permanente uma discussão sobre a Venezuela, presidida pelo representante de Belize.
Mas a reunião urgente, que deve ocorrer na segunda-feira,segundo a France Presse, será presidida pelo embaixador da Bolívia, um declarado aliado da Venezuela, que assume à meia-noite desta sexta a presidência do Conselho Permanente.
A Venezuela rejeita qualquer intervenção da OEA em seus assuntos internos.
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