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15/05/2017 07:54 horas .
Fonte de informação
G1 globo.com
De gari a doutorando em quase dez anos, pernambucano celebra conquistas e aprendizados
Obstinado, Milton Vinícius largou as coletas de lixo em Porto Velho para ingressar no curso de gestão de tecnologia da informação. Prestes a começar o doutorado, ele não se esquece do que aprendeu quando trabalhava nas ruas.
Por Marina Meireles, G1 PE
Se, há nove anos, o pernambucano Milton Vinícius de Lima, 33, fosse presenteado com um vislumbre da sua atual condição, ele custaria a acreditar que, em menos de uma década, o gari que trabalhava em Porto Velho, no Norte do país, está às vésperas de iniciar o doutorado na Universidade Federal de Pernambuco. Durante praticamente uma década debruçado sobre livros e alçando voos cada vez mais altos na vida acadêmica, foram incontáveis experiências engrandecedoras nas salas de aula, mas as maiores lições, para ele, foram absorvidas em meio aos resíduos dos lixões.
“Aprendi a dar valor às pessoas, dar bom dia a todos, a respeitar o ser humano em sua essência ao invés da condição social. Foi da forma mais difícil, mas eu aprendi”, conta, referindo-se aos cinco meses em que atuou como gari na capital rondoniana. Pode parecer pouco, mas foi tempo suficiente para que Milton não se esquecesse do que viveu.
Depois de chegar a Rondônia em 2009, com a esperança de dias mais promissores, Milton encontrou na profissão de gari uma chance para sair do aperto financeiro e se manter no Norte do país. Mesmo para quem passou fome na infância e perdeu a mãe aos 20 anos, o período como gari foi um dos mais difíceis em sua jornada.
Entre as coletas de lixo e viagens em caminhões-caçamba, ele acredita ter sentido na pele um pouco de tudo – desde os olhares carregados de preconceito devido à farda até a indiferença de quem não reconhece a importância da profissão. “Eu não consigo me esquecer desse período por causa da desvalorização. A profissão não é valorizada, mas importantíssima”, frisa, com a certeza de já comprovou, na prática, as palavras que diz.
"O pessoal pulava em cima do caminhão quando a gente recolhia lixo de restaurante"
Nos lixões, outras tantas experiências não se esvaem da memória de Milton, apesar dos oito anos que o separam das lembranças. Gente traficando drogas. Gente se prostituindo em meio aos montes de lixo. Gente brigando por comida descartada por restaurantes e empresas de alimentos. “O pessoal pulava em cima do caminhão quando a gente recolhia lixo de restaurante”, lembra, marcado pela cena.
Uma festa da empresa em que trabalhava foi o ponto de partida para buscar um novo rumo. “Naquele momento, comecei a perguntar aos meus colegas de trabalho há quanto tempo elas estavam trabalhando lá. Um estava há sete anos, outro há dez anos, outro há 12 anos. Olhei para mim e pensei que não queria isso. Não queria terminar ali”, relembra. O gosto por computadores e videogames norteou a pesquisa por carreiras e, seis meses depois, resultou num próximo passo tão arriscado quanto promissor: a matrícula no curso de gestão de tecnologia da informação.
O risco surgiu porque, ao escolher ingressar na faculdade, Milton decidiu, também, pedir demissão do trabalho. Mês a mês, foi juntando fôlego e dinheiro para abandonar o trabalho e se manter financeiramente com as economias guardadas. Quando juntou o suficiente para se sustentar por seis meses, e, enfim, resolveu mudar, ignorando a insegurança que insistia em deixá-lo no emprego. “Esse pensamento passava todos os dias pela minha cabeça, de não saber o que ia acontecer depois que o dinheiro acabasse, mas se eu continuasse nessa, não iria sair do lugar. O jeito era arriscar”, conta.
Tudo conspirando a favor
As novidades e desafios do ensino superior, iniciado no segundo semestre de 2010, deram a Milton ainda mais gás para alcançar os objetivos. Onde houvesse um empecilho, a dedicação do estudante abria os caminhos. “Logo no meu primeiro contato com a universidade, tive um professor chileno que ensinava cálculo. Eu não entendia quase nada do que ele falava e ficava assustado, mas acabou dando tudo certo”, comemora.
Em meio ao cronograma de aulas, uma oportunidade de trabalho na Controladoria Geral da União (CGU), para substituir um funcionário nas férias, deu fim ao medo de precisar abandonar os estudos. Como o último carimbo na carteira de trabalho havia sido em um posto totalmente diferente, o impacto em todos os aspectos – desde o visual até o tratamento das pessoas – já era esperado pelo estudante.
“Acho que foi pelo meu esforço que me indicaram para tirar férias de um rapaz na CGU. Fui para fazer instalações de softwares, para atender os usuários do sistema. Como é um órgão federal, havia regras de vestimenta, de como proceder lá dentro. Senti que o tratamento comigo mudou para melhor”, observa Milton.
Em 2011, veio a necessidade de voltar a Pernambuco. “Tive que vir para dar um suporte à família”, lembra. Para não abandonar o que já havia começado, Milton pediu transferência para uma faculdade particular do Recife e, assim que terminou a graduação, passou a dar aulas em um curso técnico na própria instituição. A partir daí, todos os desejos acadêmicos de Milton se realizaram, prova de que as dificuldades foram dribladas com maestria e perseverança.
“Prefeito” do CIN
Durante o mestrado na UFPE, o comprometimento de Milton com os estudos impressionou o orientador Ricardo Massa, professor do Centro de Informática (CIN). Durante uma reunião com o mestrando, saber que o aluno já havia sido gari trouxe ainda mais respeito e reconhecimento. “Eu já havia elogiado o comprometimento dele, mas quando ele me mostrou a carteira de trabalho e me agradeceu por estar dando oportunidade de compartilhar conhecimento com um ex-gari, aquilo me impactou de uma forma avassaladora”, relata.
No CIN, a herança do tempo em que atuou na coleta de lixo de Porto Velho é vista no bom humor e na simpatia com todos que frequentam o centro. “A maioria das pessoas é calada, mais retraída, mas chego lá e falo com todo mundo, desde os porteiros até os professores. Tem gente que brinca e me chama de 'prefeito' do CIN, mas sei o quanto é importante valorizar o ser humano em sua essência e não pela função social”, observa.
Apesar de o esforço ter sido recompensado com inúmeras portas abertas, Milton custou a acreditar que se tornou mestre em Segurança da Informação e que está prestes a iniciar o doutorado na mesma área. Além de reconhecer a própria dedicação, ele também credita o êxito aos orientadores Ricardo Massa e Fernando Aires, que testemunham, orgulhosos, o sucesso do aluno.
“Não acreditei que a minha vida ia mudar. No final, quando a banca me disse que eu estava aprovado, ainda esperei a ‘ficha’ cair. Agora, consigo entender mais ou menos”, conta. A trajetória foi – e ainda é - longa, mas a simplicidade do início da história explica todo o empenho ao longo de quase dez anos: houve, apenas, vontade de mudar.
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