O presidente Michel Temer aguarda a saída de Rodrigo Janot do comando da Procuradoria-Geral da República para conseguir emplacar sua principal estratégia jurídica: revisar as delações premiadas nas quais é citado.
A prioridade é a da JBS, revelada em maio. O empresário Joesley Batista gravou o presidente da República durante uma conversa no Palácio do Jaburu.
No encontro, Temer e Joesley discutiram uma espécie de "cala boca" a Eduardo Cunha para que o ex-presidente da Câmara não delatasse.
Temer disse a aliados que, após a saída de Rodrigo Janot, espera encontrar um ambiente "menos hostil" a ele na Procuradoria-Geral da República. E já pediu a Antonio Claudio Mariz, seu advogado, que reúna material para contestar a delação de JBS.
Mas o presidente quer aguardar a saída de Janot. Isso porque a delação da JBS foi fechada com o atual procurador, e Temer o elegeu como seu principal adversário.
Uma dos argumentos já discutidos entre Temer e seus auxiliares no final de semana foi a gravação, revelada pela GloboNews, de Ticiana Villas Boas - mulher de Joesley - desmentindo a combinação de propina durante um jantar na casa do empresário.
A propina seria para o deputado Fabio Faria (PSD-RN). No jantar, no final de 2014, estavam presentes Joesley e sua esposa, Ticiana Villas Boas, Faria e sua esposa, Patricia Abravanel, Ricardo Saud e esposa e pai de Faria, Robson Faria, com a mulher.
O problema da estratégia de Temer, segundo advogados ligados à JBS, é que a defesa de Faria, quando da divulgação da notícia, acabou confirmando a existência de um jantar entre os citados.
Além disso, Joesley vai fazer um complemento à sua delação para esclarecer que a combinação de propina ocorreu no jantar, mas longe das esposas.
E o novo depoimento está previsto para o começo de setembro, antes da saída de Janot.
Ele deixa o comando da PGR no dia 17 de setembro, e será substituído por Raquel Dodge.
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