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15/05/2017 07:54 horas .
Fonte de informação
G1 globo.com
Professores instalam 'Tesourômetro' no DF para mostrar cortes em educação e ciência
Painel eletrônico que atualiza, minuto a minuto, o valor dos cortes de financiamento federal será instalado na Asa Sul. Idealizadores estimam cortes de R$ 4,3 bilhões neste ano.
Por G1 DF
Professores da Universidade de Brasília (UnB) devem instalar, na próxima semana, um painel eletrônico que atualiza, minuto a minuto, o valor dos cortes em ciência, tecnologia e educação. Conhecido como "Tesourômetro", o painel deve ficar até outubro na quadra 608 da Asa Sul, em Brasília.
O ato integra a campanha nacional "Conhecimento sem cortes", liderada por pesquisadores, estudantes e docentes contra os cortes no orçamento do governo para a pesquisa científica e para o funcionamento das universidades públicas. Segundo os idealizadores, desde 2015 os cortes já ultrapassaram o valor de R$ 11 bilhões.
Brasília é a terceira cidade a receber o Tesourômetro, depois do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte. A Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB) é responsável por trazer a iniciativa para a capital. O presidente da AdUnB, Virgílio Arrais, diz que o intuito é mostrar que os cortes não estão restritos à UnB, mas integram um cenário nacional.
"A iniciativa nasce de uma preocupação acadêmica comum. Um país que não dá o devido valor a ciência e tecnologia não tem como se desenvolver. A ideia é demonstrar que não é só um problema da UnB, mas é uma questão estrutural que atinge, lamentavelmente, a todas as universidades do país", afirma Arrais.
Uma das vertentes da campanha é uma petição contra os cortes no setor, que alcançou 50 mil assinaturas nesta sexta-feira (4). O intuito é chegar a 100 mil subscritos para, então, apresentar o documento ao Congresso Nacional e pedir apoio aos parlamentares.
Um dos idealizadores, o professor do Instituto de Economia da UFRJ Carlos Frederico Leão Rocha explica que os cálculos foram realizados em cima dos cortes de custeio e investimento do Ministério da Ciência e Tecnologia, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e das universidades federais. Segundo ele, o painel mostra o quanto deixou de ser investido desde o orçamento de 2015, já considerando o contigenciamento de 2017.
Neste ano, a verba federal para a pesquisa sofreu um corte de 44%. O orçamento discricionário (flexível, descontadas as despesas obrigatórias) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações de R$ 5,81 bilhões caiu para R$ 3,27 bilhões.
Perdas sem retorno
De acordo com os cálculos de Rocha, os cortes deste ano, previstos em R$ 4,3 bilhões, significam uma perda de quase R$ 12 milhões por dia, R$ 500 mil por hora ou mais de R$ 8 mil por minuto. Segundo ele, a queda nos investimentos não é apenas fruto de cortes orçamentários.
"A imprensa denunciou cerca de 250 viagens irregulares de ministros em aviões da FAB no ano passado. Colocando o custo de uma viagem na ordem de R$ 10 mil isso seria suficiente para manter um instituto do Ministério de Ciência e Tecnologia aberto até o fim do ano. Nesse momento, quase todos os institutos estão correndo o risco de fechar em setembro. Então, só esse recurso já manteria todos os institutos abertos até o fim do ano. O estado de penúria é desse nível."
O professor também diz que o valor de R$ 10 bilhões que será perdido em arrecadação nos próximos anos, consequência da medida provisória para aliviar dívidas previdenciárias de produtores rurais, é suficiente para dar andamento a todos os projetos de ciência e tecnologia que estavam previstos.
"Esse recurso resolveria qualquer problema da ciência e tecnologia. A pergunta é se a sociedade entende que as prioridades dadas pelo governo estão corretas", diz.
"Em dois anos você perde toda a capacitação em ciência e tecnologia que construiu nos últimos vinte. É uma perda pro futuro do país, não é uma perda para agora."
Crise na UnB
O orçamento da Universidade de Brasília teve um corte de 50% na verba de investimento do governo neste ano. Essa verba é usada para a compra de equipamentos e materiais permanentes - como microscópios, computadores, mesas - e obras.
Também há um déficit de R$ 100 milhões no orçamento de custeio, voltado para manutenção e pagamento dos contratos de terceirizados. A verba repassada pelo governo federal para 2017 é de R$ 136,6 milhões. A previsão de gastos da universidade, no entanto, é de R$ 230 milhões neste ano.
Ao G1, a reitora da UnB, Márcia Abrahão, disse que, se não houver repasse adicional, a universidade terá dificuldade para pagar as contas a partir de setembro. Até o momento, pelo menos 130 terceirizados já foram demitidos.
Em julho, pesquisadores e professores do DF protestaram contra cortes no orçamento federal nas áreas de desenvolvimento da pesquisa científica no Brasil. Docentes deram 'abraço simbólico' na sede da Capes.
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