Diante da expectativa de uma segunda denúncia da Procuradoria Geral da República, o presidente Michel Temer já passou a discutir com aliados as estratégias para derrotar a nova acusação de Rodrigo Janot na Câmara.

Isso porque, assim como na denúncia por corrupção passiva, o Supremo Tribunal Federal só poderá analisar a eventual nova denúncia se a Câmara autorizar.

Na frente jurídica, Temer escalou novamente o advogado Antonio Claudio Mariz para esvaziar o movimento de Rodrigo Janot. Mariz, por exemplo, já pediu a suspeição de Janot ao Supremo Tribunal Federal.

Um ministro de Temer disse ao Blog que o governo não tem esperança de que Janot seja afastado, mas o pedido ao STF pode servir para "marcar posição" e "expor" o procurador-geral, e, nas palavras deste interlocutor do presidente, reforçar o discurso de que Janot "persegue" Temer.

No campo político, Temer quer dar tratamento burocrático à segunda denúncia.

Segundo assessores do presidente, ele quer que a peça de Janot seja apreciada na Câmara como se fosse um projeto que precisa ser votado. Ou seja: que os deputados cumpram o trâmite regimental, dentro dos prazos, sem dar espaço para o processo ser politizado.

Na Comissão de Constituição e Justiça, por exemplo, o plano do governo é repetir o relator vitorioso da primeira denúncia: Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG).

Procurado pelo Blog, o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), disse que não existe impedimento regimental para que isso ocorra. Cabe a Pacheco a escolha do relator.

Ele frisou que terá o mesmo comportamento da primeira denúncia: "O Planalto não vai ter interferência nisso".