Crimes de corrupção, normalmente investigados nas delegacias junto com outros delitos, agora têm um setor especializado na Polícia Civil de
Canela, na Serra do Rio Grande do Sul. A iniciativa é pioneira no estado, e quer tornar mais eficiente a apuração dessas irregularidades.
O cartório de combate à corrupção, crimes contra administração pública e lavagem de dinheiro tem uma inspetora que foi treinada para a função, e que já trabalha em mais de 20 inquéritos.
Delegacia de Canela tem setor especializado em
corrupção (Foto: Reprodução/RBS TV)
"É uma investigação bem mais minuciosa, ela é mais detalhada e também muitas vezes mais difícil de apurar. Muitas vezes se começa uma linha de investigação e, depois, se chega a resultados", destaca a inspetora Patrícia Fernanda Dresch.
O primeiro inquérito do cartório já foi concluído e enviado ao Poder Judiciário. Nele, a Polícia Civil indiciou uma médica e uma funcionária do Hospital de Caridade de Canela. A investigação apontou que mais de R$ 100 mil foram pagos indevidamente por plantões não realizados.
As irregularidades constatadas através da análise de documentos, como o livro-ponto, são referentes a um período de cinco anos, entre 2010 e 2015. A médica foi indiciada por peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso. A funcionária, por peculato culposo.
"Quando nós tratamos de dinheiro público, isso se torna mais reprovado. A área da saúde é notavelmente sem recursos. Isso, claro, leva a polícia a ter uma dedicação ainda maior", ressalta o delegado Vladimir Haag Medeiros.
"A Polícia Civil tem cada vez se especializado mais em combate à criminalidade e, pela demanda no município, desses crimes específicos relacionados à administração pública e lavagem de dinheiro, se decidiu especializar a atividade internamente na delegacia de Canela", completa.
Depois da instalação do cartório, o número de denúncias aumentou. "A gente está acostumado a verificar questões envolvendo crimes de natureza patrimonial ou privada, enquanto que esses crimes (os contra a administração pública) acabam sendo extremamente prejudiciais à cidadania", salienta o presidente em exercício Oedem dos Advogados do Brasil (OAB) em Canela e Gramado, Ariel Stopassola.
A direção do Hospital de Caridade de Canela informou que não teve acesso ao teor do inquérito, mas disse estar estar contribuindo com as investigações.
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