A semana que começa pode ser decisiva para o governo do presidente
Michel Temer. Nesta terça (6), o Tribunal Superior Eleitoral retoma o julgamento da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer. O presidente traça estratégias para o julgamento - e também para se defender no inquérito do Supremo Tribunal Federal sobre as gravações da JBS. Nesta segunda (5), ele recebeu uma lista com 84 perguntas da Polícia Federal.
A primeira agenda pública de Temer foi comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente. E ele até botou gravata verde para assinar o decreto do Acordo de Paris, sobre mudanças climáticas. Mas o clima que realmente preocupa Michel Temer é da política, cada vez mais desfavorável a ele.
Até sexta (2), o Planalto se mostrava mais confiante no julgamento da chapa Dilma-Temer que recomeça na terça no TSE. Isso mudou com a prisão do ex-assessor especial da Presidência Rodrigo Rocha Loures.
Temer tem estado em reunião permanente com seus ministros do Planalto: de Segurança Institucional, da Casa Civil e das secretarias Geral e de Governo, além do ministro da Justiça, advogado amigo, Torquato Jardim. É uma espécie de gabinete de crise.
Um desses ministros definiu assim o clima lá dentro: “Estamos traçando estratégias de controle e vigilância de quem quer ganhar o jogo. Neste momento a batalha é no campo jurídico”.
Um dos advogados de Temer, Gustavo Guedes, entra e sai do gabinete presidencial. A cada mudança no cenário jurídico, uma avaliação.
E foi aí que um lance pegou a todos de surpresa: a Polícia Federal mandou a Temer dois blocos com 84 perguntas relativas ao inquérito sobre a delação da JBS. Um sobre as informações colhidas durante a investigação como grampos telefônicos, ações controladas, buscas e apreensões.
O outro, especificamente sobre a conversa com Temer gravada por
Joesley Batista na noite de 7 de março no Palácio do Jaburu.
Segundo o Ministério Público, num dos trechos está claro que Joesley diz a Temer que estava pagando propina ao ex-deputado Eduardo Cunha com anuência do presidente.
Joesley Batista: É. Eu queria falar assim que na (inaudível) dentro do possível, eu fiz o máximo que deu ali, zerei tudo, o que tinha de alguma pendência daqui para ali, zerou tudo. E ele foi firme em cima e ele já estava lá, veio, cobrou, tal, tal, tal. Pronto. Acelerei o passo e tirei da (inaudível) companheiro dele que está aqui, porque o Geddel sempre estava...
Temer: (inaudível)
Joesley Batista: Geddel é que andava sempre ali, mas o Geddel (inaudível) eu perdi o contato, porque ele virou investigado.
Michel Temer: É complicado.
Joesley Batista: Eu não posso encontrar ele.
Michel Temer: Parece obstrução de Justiça.
Joesley Batista: Isso, isso, [inaudível] o negócio dos vazamentos, o telefone lá do Eduardo, com Geddel volta e meia citava alguma coisa meio tangenciando a nós. E não sei o quê. Eu tô lá me defendendo. Como é que eu, o que que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora? Eu tô de bem com o Eduardo.
Michel Temer: Tem que manter isso, viu?
Joesley Bastita: Todo mês....
Michel Temer: (inaudível)
Joesley Batista: Também... Eu estou segurando as pontas, estou indo.
Em outro momento da conversa, Joesley conta ao presidente que estava segurando juízes e um procurador. E Temer deu uma resposta positiva.
Joesley Batista: Aqui eu dei conta de um lado do juiz, dar uma segurada. Do outro lado, do juiz substituto que é um cara que ficou.
Temer: Está segurando os dois ...
Joesley: É, estou segurando os dois.
Temer: Ótimo, Ótimo!
O presidente tem 24 horas para responder às perguntas da Polícia Federal. Os advogados queriam que esse depoimento esperasse o fim da perícia nas gravações, mas o ministro do Supremo Edson Fachin negou. Apenas disse que Temer não é obrigado a responder. Ele poderá, por exemplo, deixar todas as respostas em branco.
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