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DISTRITO FEDERAL
Após aprender a pedalar aos 50 anos, ciclista do DF coleciona cicloviagens
Psicóloga Sônia Matos já fez incontáveis viagens de bike pelo Brasil e pela América do Sul. Em janeiro de 2017, pedalou na estrada Los Caracoles, entre Chile e Argentina.
Por Marina Oliveira* e Fábio Amato
"Anda aqui na quadra, eu vou te segurar". Essa foi a frase que a mineira Sônia Matos escutou do cunhado minutos antes de dar as primeiras pedaladas na vida, aos 50 anos. O momento marcante foi em 2009, na quadra esportiva do condomínio onde ela mora, no Park Way.
"Nunca tive oportunidade de andar de bike quando era criança porque meus pais não tinham condições financeiras para me dar uma. Meus irmãos pegavam as dos amigos emprestadas, e se viravam. Mas eu sempre fui tímida. A vida passou e eu não aprendi", contou.
Depois da experiência na quadra, Sônia decidiu que ia aprender a andar de bicicleta "pra valer". Foram meses de tentativas até que ela conseguisse se equilibrar e pedalar. Para treinar, a psicóloga se valia até da bicicleta do sobrinho pequeno, que ela pegava emprestada nas reuniões de família.
Hoje, oito anos após as primeiras pedaladas, a psicóloga coleciona histórias. Já fez incontáveis cicloviagens pelo Brasil e até em outros países da América do Sul. (Veja mais abaixo nesta reportagem)
Inspiração
A maior inspiração de Sônia é o marido, Eduardo Matos, que também foi um grande incentivador. Eduardo é ciclista e foi acompanhando a rotina dele que ela começou a entrar para o mundo do pedal. Era Sônia, por exemplo, quem levava e buscava o companheiro nas trilhas e também ajudava na hora do "aperto".
"Se a bicicleta quebrava, eu estava lá. Eu acabava participando sempre de alguma maneira do grupo de ciclistas. Sentia vontade de aprender, já estava desfrutando do ambiente, mas não podia ir."
Orgulhoso da esposa, Eduardo diz que ela é "parceira" e tem "fome" pelo aprendizado. "Ela tirava as peças da bike da caixa, guidão, roda, pedais, e aprendeu a montar uma bike", afirmou.
Cicloviagens
Foi em 2011, um ano após ganhar do marido sua primeira bicicleta, que Sônia fez a primeira viagem de bike. O lugar escolhido para a inédita aventura foi a Serra da Canastra, em Minas Gerais. Mas a ciclista disse que a experiência não foi bem aproveitada: ela, o marido e uma amiga precisaram antecipar a volta a Brasília por conta do mau tempo.
"Pegamos muita lama. As pastilhas das bicicletas foram destruídas, o freio ficou detonado e tinha que fazer muita força para pedalar", contou.
Mas isso não foi o suficiente para desmotivar a mineira. A primeira cicloviagem abriu "portas" para outras aventuras. Ao lado de Eduardo e de amigos, Sônia passou pedalando em diferentes lugares do país: Estrada Real, entre Paraty (RJ) e Ouro Preto (MG); Caminho da Fé, em São Paulo; Caminho da Luz, em Minas Gerais, e Vale Europeu, em Santa Catarina, entre outros.
"Você sente cheiros, enxerga cores, escuta barulhos, conhece pessoas, tem contato com os animais, coisas que uma viagem de carro não te deixa apreciar. Isso tudo dá uma sensação de prazer muito grande e, interiormente, cresce o empoderamento do 'eu consigo'. Isso, para mim, é muito bom."
Aventura internacional
Uma das cicloviagens mais marcantes para Sônia aconteceu em janeiro de 2017. A largada foi na estrada Los Caracoles, na Cordilheira dos Andes, no Chile, lugar conhecido pelas curvas acentuadas e perigosas.
Ela e o companheiro passaram um mês pedalando e acampando até chegar a Bariloche, na Argentina. "Foi o maior desafio que já vivi depois que comecei a andar de bicicleta. Tivemos que nos virar, fazer comida, ajeitar acampamento", conta.
Mas o maior sufoco aconteceu quando a bike dela perdeu o freio traseiro durante a descida da Los Caracoles. "Chegou lá embaixo [do circuito] e o freio perdeu a pressão. A descida foi tensa."
Rotina e benefícios do pedal
No momento, a rotina não permite que Sônia pedale durante a semana. Ela disse que reserva os domingos para praticar o esporte, mas às vezes também usa a bicicleta para, por exemplo, fazer compras no mercado.
A psicóloga disse que a bike mudou a vida dela: melhorou o corpo e a saúde mental e a ajudou a se sentir mais disposta.
"Eu procuro incentivar as pessoas. Tento mostrar o quanto foi bom para mim. Se não tiver uma ocupação e não sentir prazer com alguma coisa, a gente tem tendência a entrar em depressão".
*Sob supervisão de Maria Helena Martinho
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