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G1 globo.com
Pezão vai à Justiça contra o ministro Torquato Jardim
Governador do RJ assinou documento judicial questionando o ministro sobre acusações feitas contra a segurança pública do estado. Ação já foi remetida ao Supremo Tribunal Federal.
Por Alessandro Ferreira e Nicolás Satriano, G1 Rio
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, questionou judicialmente o ministro da Justiça, Torquato Jardim, sobre as acusações feitas por ele contra a segurança pública do estado. O governador afirmou ao G1 que assinou digitalmente o documento elaborado pela Procuradoria-Geral do Estado e que a representação já foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal.
Em entrevistas concedidas ao portal UOL e ao jornal O Globo, Torquato Jardim afirmou que o comando da Polícia Militar decorre de "acerto com deputado estadual e o crime organizado". Segundo ele, parlamentares indicam os comandantes de batalhões da PM.
O ministro disse ainda que "comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio" e, nesta quarta, voltou a criticar a segurança estadualdizendo, por exemplo, que "voltamos à Tropa de Elite 1 e 2".
As falas do ministro repercutiram inclusive na Câmara dos Deputados, em Brasília. O presidente da Casa, deputado federal Rodrigo Maia, que é do Rio de Janeiro, disse em entrevista à jornalista Andréia Sadi que está "perplexo" e aguarda "provas" do ministro.
Também ministro de Temer, Leonardo Picciani criticou o colega Torquato Jardim nesta quarta-feira, em conversa via Whatsapp com deputados federais do Rio. Segundo Picciani, titular da pasta dos Esportes, se o ministro da Justiça tem alguma prova do que disse, deveria determinar à Polícia Federal a abertura imediata de inquérito sobre os fatos.
"Do contrário, é fanfarronice ou prevaricação", escreveu Leonardo Picciani, segundo o colunista de O Globo Lauro Jardim.
Roberto Sá: Pezão é solidário à Polícia Militar
Na tarde desta quarta, o governo do Rio reuniu oficiais no Palácio Guanabara, sede do poder executivo estadual, para discutir as declarações do ministro. Após o encontro, o secretário de Segurança, Roberto Sá, falou com jornalistas e se solidarizou com a PM. Segundo ele, no encontro o governador Pezão manifestou solidariedade à cúpula da PM e a cada integrante da instituição.
Sobre a escolha de Wolney Dias, um coronel já reformado, para comandar a Polícia Militar, Sá declarou que o nome do oficial foi uma indicação sua, aceita por Pezão devido à conduta irreparável de Dias e à experiência acumulada em mais de 30 anos de carreira na PM, tendo ocupado diversos cargos na cúpula da corporação.
A nomeação de Wolney também foi questionada pelo ministro Jardim, segundo quem causa estranheza o fato de a Secretaria de Segurança Pública não ter um só oficial da ativa capaz de assumir o comando da PM.
"Conheço o coronel [Wolney] Dias há 34 anos, tem uma carreira ilibada e está totalmente alinhado com minhas diretrizes", afirmou o secretário sobre o oficial escolhido pelo governador para ser comandante-geral da PM. "Isso não quer dizer que não há oficiais da ativa aptos para assumir o comando [da PM], apenas considerei que, para o momento que vivemos, o nome do coronel Dias era o melhor".
Além disso, Sá reforçou que o ex-comandante do 3º BPM (Méier) coronel Gustavo Teixeira, baleado e morto no bairro, foi assassinado durante um roubo, conforme apontam as investigações da Divisão de Homicídios. Segundo o secretário, a fala do ministro sobre o ex-comandante deixou todos "consternados, incluindo a família do coronel".
Sobre a morte de Teixeira, Torquato Jardim disse, entre outras coisas, que deveria se tratar de um "acerto de contas".
Após a declaração de Sá, o comandante-geral da PM, coronel Wolney Dias, complementou a fala do secretário repetindo que comanda uma "legião de heróis" que "tingem o solo do estado de sangue". Dias acrescentou que também é signatário da ação judicial que vai exigir explicações do ministro.
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