ORDEM E PROGRESSO .
ACORDA BRASIL MUDA .
ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS .
Marco Antonio Marques .
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Fonte de informação .ACORDA BRASIL MUDA .
G1 globo.com
Rotina e saudades de casa: veja histórias de caminhoneiros do DF nos protestos
Greve da categoria chega ao décimo dia nesta quarta. Ao G1, famílias relataram preocupação com quem está nos atos.
Por Marcela Lemgruber*, G1 DF
A missão do caminhoneiro Cássio de Almeida Sousa Santos começou em Brasília, fez escala em três estados e foi interrompida a caminho de Fortaleza (CE), há uma semana, pela greve de caminhoneiros. Desde o último dia 22, ele só conversa com a família, em Sobradinho, quando consegue sinal de telefone ou internet.
“Sinto muita saudade da família, mas tem que rodar bastante para ter dinheiro para pagar as contas”, relata o caminhoneiro autônomo de 32 anos. Nesta terça-feira (29), o G1 ouviu histórias de caminhoneiros do DF que estão longe da capital, e de motoristas que aderiram aos bloqueios no DF.
De Brasília, Santos foi direto para Teresina (PI). Depois, seguiu para Luis Eduardo Magalhães (BA), onde recebeu mais carga. Os sacos de mercadoria, milho, soja arroz e até adubo foram descarregados em Mossoró (RN).
No caminho para Fortaleza, a estrada virou a casa do caminhoneiro. Até a tarde de segunda, ele ainda não sabia dizer quando voltaria à capital federal. Na mesma situação estava o rondoniense Rogério dos Santos Silva, de 29 anos, que interrompeu a viagem para se juntar aos grevistas na DF-150.
Longe da família
Os caminhoneiros Marcos Rogério Farias, de 41 anos, e Francisco Samuel da Silva, de 39, aprenderam a dirigir veículos grandes aos 18 para ajudar o pai, que exercia a mesma profissão. Eles estão juntos há nove dias em uma estrada de Catalão (GO), desde que a greve da categoria começou.
Nesse período, os únicos contatos com a família em Luziânia (GO) foram feitos por telefone. Irmã dos dois, a designer de bolos Janielle Samuel diz que as ligações ajudam, mas não resolvem a aflição de quem ficou em casa.
“A gente se fala por mensagem e ligação quase todos os dias. Tira um pouco da preocupação ao ouvir a voz deles, mas nem se compara a ver e abraçar meu irmão."
Janielle se emociona ao lembrar que cresceu em uma família de caminhoneiros. O pai, os três irmãos, o tio e o marido trabalham nas estradas – fazendo “o máximo de viagens que conseguirem” para transportar grãos, como soja e milho para todo o país.
“Eu sempre tive certeza da importância dessa profissão. [...] Muitos ali têm ensino superior, mas se todos decidem não ser caminhoneiros, como ia ser para realizar todo esse transporte? ”
Marcos Rogério contou ao G1 que está desde a madrugada do dia 21 na paralisação. Por ser caminhoneiro, diz que já está acostumado a sentir saudade de casa. "Não vou rodar enquanto tudo não se resolver", disse, sem especificar o que ainda precisava ser resolvido.
Durante a greve, eles tomam banho no posto e fazem a comida no caminhão. Na hora de dormir, é preciso fazer revezamento na única barraca de acampamento disponível. Enquanto um se deita, o outro descansa no caminhão.
O peso do preço
O transportador de mudanças José Ailton, de 49 anos, estava voltando ao DF depois de uma viagem a Recife (PE), mas também parou no movimento da estrada. A mulher, Kewly Rodrigues, e as três filhas ficaram em Ceilândia Sul, aguardando o retorno do caminhoneiro.
"Chegou em um ponto que ele passa fome nas estradas. Às vezes, não tem como voltar e precisa procurar outros fretes. Ao mesmo tempo, ele não deixa faltar nada em casa, dá a vida dele por nós", diz Kewly.
Segundo ela, José Ailton fazia quatro viagens por mês. Com a alta no preço do diesel, o ritmo caiu para duas. Kewly diz que as filhas – de 10 meses, 12 e 15 anos – ainda não entendem bem o que está acontecendo no país, mas "confiam no pai e dão forças por telefone".
Balanço da greve
Na tarde de terça, segundo a Polícia Rodoviária Federal, ainda havia 616 "pontos de concentração de caminhoneiros" às margens das rodovias federais e três pontos de interdição total.
Em entrevista na sede do Ministério da Defesa, o corregedor-geral da corporação, Célio Constantino, disse que esses pontos de bloqueio total não envolvem caminhoneiros diretamente, mas sim moradores locais.
“Nós não temos bloqueios parciais mais. O que acontece: as vias estão com circulação. O que nós percebemos, quando se observa por aí que não tem caminhão circulando, é pelo receio de esse pessoal circular”, disse.
Veja mais notícias sobre a região no G1 DF.
*sob supervisão de Maria Helena Martinho
GREVE DOS CAMINHONEIROS
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