ORDEM E PROGRESSO .
ACORDA BRASIL MUDA .
ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS .
Os Projetos EAS jamais se tornarão uma realidade por falta de recursos financeiros e lamentável a inteligencia dos governantes mundias .
ACORDA BRASIL MUDA .
Fonte de informação .
Gaúcha cria projeto para estimular ensino de cidadania na sala de aula
Em campanha na internet, criadora de startup busca recursos para criar site que ofereça material para professores de todo o Brasil. Piloto reuniu 104 alunos de escola pública de Porto Alegre.
Por Rafaella Fraga, G1 RS
Quais são as verdadeiras atribuições dos governantes nas diferentes esferas do Poder Público? E de que forma os moradores de uma cidade podem realmente se envolver e contribuir com a sociedade? Tudo isso é política.
Às vésperas do início de um ano eleitoral no Brasil, esse assunto volta a ser destaque. O tema, porém, parece espinhoso para quem tem menos de 18 anos.
Mesmo previsto na Constituição Federal, o país não possui educação para cidadania como um conteúdo obrigatório na sala de aula. No ensino médio, os alunos têm aulas muito específicas sobre química, física e história. Mas não têm lições sobre administração pública e sobre o que os cidadãos são obrigados a seguir ou quais direitos podem exigir.
Aproximar os futuros eleitores de assuntos como economia e direito, por exemplo, faz parte de um projeto criado por uma jovem porto-alegrense, para estimular o engajamento político, mas sem partidarismo.
"Informação é tudo. Independente de a pessoa ter uma ideologia x ou y, é preciso compreender o básico de como funciona o país. O que faz um deputado, o que faz um prefeito, para poder exercer de verdade o papel de cidadão, afinal, em uma democracia, o cidadão é soberano", explica ao G1 Diana Gerbase, de 32 anos.
Ela é fundadora da Mobis, uma startup cuja proposta é criar e oferecer material para aulas de cidadania a alunos do ensino médio de escolas públicas e privadas. Para elaborar esse conteúdo, ela conta com o apoio de professores e especialistas nas áreas.
Mas para financiar a ideia, a startup criou uma vaquinha virtual (saiba como contruibuir), que tem como primeira meta arrecadar R$ 74,4 mil até o dia 22 de dezembro.
"A campanha de financiamento coletivo permite, através da internet, que a gente consiga alavancar causas que precisam de um volume alto de recursos, mas com várias e várias pessoas, o custo não fica tão pesado pra ninguém", diz Diana.
A proposta é lançar um site que disponibilize gratuitamente materiais didáticos a professores de todo o Brasil, seja texto, seja vídeo.
"O objetivo é fazer duas coisas para o ano que vem. Uma delas é construir uma plataforma de recursos educacionais abertos. Ou seja, colocar na internet o conteúdo necessário para os professores darem aula sobre esses temas. Mas também precisamos criar mais e mais conteúdo. A gente já está prospectando escolas e parceiros para desenvolver isso", completa.
As doações variam entre R$ 30 e R$ 5 mil, e prevê recompensas, dependendo do valor. Mas não é qualquer um que pode colaborar com a causa.
"A gente tem muito cuidado com o estatuto social, com que tipo de doação a gente aceita. A gente não aceita doação de partido político, por exemplo, ou de empresas que estejam envolvidas em algum escândalo de corrupção", comenta.
"A gente tem que educar sobre o sistema político, mas a gente não pode se envolver", frisa.
'A desigualdade me incomodava muito'
Após obter o diploma em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e trabalhar na área de consultoria estratégica e desenvolvimento de negócios em empresas pelo Brasil, Diana embarcou para Nova York, em 2013, onde fez mestrado em Administração Pública na Universidade de Columbia. Já nessa época, tinha em mente investir em um projeto de impacto social no seu próprio país.
Nos Estados Unidos, aulas de cidadania e direitos civis são obrigatórias no ensino médio. E foi isso que inspirou Diana a tirar a ideia da Mobis do papel.
"Na verdade, o desejo da Mobis veio quando eu ainda trabalhava no setor privado. Eu sempre quis trabalhar com desenvolvimento econômico, por isso estudei Economia, porque a desigualdade no Brasil me incomodava muito. Só que eu não via um caminho além da pesquisa acadêmica, e a questão do empreendedorismo social não era tão forte também", lembra.
"Nos Estados Unidos, eu tive acesso a cadeiras de educação para cidadania. E isso sempre ficou na minha cabeça. Como que no Brasil a gente não aprende sobre isso? Para ter uma sociedade mais viva, a gente precisa disso", sustenta.
O piloto
Em 2015, Diana colocou a mão na massa. Entre os meses de maio a julho daquele ano, ela fez o primeiro projeto da Mobis, trabalhando com 104 alunos do 1º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Florinda Tubino Sampaio, em Porto Alegre. Divididos em cinco turmas, eles aprenderam sobre direito constitucional e fundamentação do Estado.
"A experiência foi muito boa. No início, claro, eles acham meio estranho. Mas como era uma coisa diferente, naturalmente gera um interesse", relata.
O currículo foi baseado em cada turma identificar um desafio dentro da comunidade escolar e tentar resolvê-lo. A ideia de Diana é apresentar o assunto aos alunos com exemplos práticos. Uma votação dentro da sala de aula usando as mesmas regras da Câmara ou do Senado, por exemplo.
"Uma das primeiras dinâmicas que a gente fez era para entender a realidade deles. Perguntamos o que eles percebiam de problema, por exemplo, no caminho de casa até a escola. O buraco na rua, a estrutura da parada de ônibus. E na prática, eles foram entendendo como podiam resolver isso, como agir como cidadãos", explica.
Antes de se despedir dos alunos, Diana fez uma pesquisa, que apontou: 89% dos estudantes saíram satisfeitos da experiência.
"Existe uma lacuna muito grande na educação brasileira nesse sentido. Ou seja, tem espaço e necessidade para isso acontecer".
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