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Marco Antonio Marques .
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Fonte de informação .ACORDA BRASIL MUDA .
G1 globo.com
Divisão sobre Karl Marx ressurge na Alemanha com bicentenário do nascimento do filósofo
Inauguração de estátua, doada pela China, na cidade natal de Marx foi alvo de protestos e de homenagens.
A Alemanha começou a celebrar neste sábado (5) o bicentenário do nascimento de Karl Marx em uma atmosfera de controvérsia, com vários protestos programados para apontar a herança política do filósofo e a "ditadura do proletariado".
Uma exposição permanente foi inaugurada pela manhã na casa onde nasceu o autor de "O Capital", em Tréveris. No total, cerca de 600 eventos estão programados, incluindo exposições, concertos, peças teatrais e palestras nos próximos meses na cidade natal de Marx, para comemorar o pensador inspirador do comunismo.
O destaque das celebrações foi a polêmica inauguração de uma estátua de bronze do pensador de 5,5 metros de altura, um presente da China, país que permanece comunista.
As comemorações não são unânimes. Uma associação que representa as vítimas do comunismo convocou um protesto contra o pensador, a quem eles culpam por ter inspirado os regimes stalinistas.
"Queremos protestar em voz alta contra a inauguração da estátua de Marx e fazer ouvir nossa preocupação por essa glorificação do marxismo", disse Dieter Dombrowski, presidente da União de Grupos de Vítimas da Tirania Comunista.
O partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), por sua vez, convocou uma passeata silenciosa com o lema "Tirar Marx do pedestal". Outro grupo organizou um contra-protesto para deter a manifestação do AfD.
Nem 'glorificá-lo nem vilipendiá-lo'
Marx desenvolveu suas teorias numa época em que a Revolução Industrial mudava profundamente a sociedade. Sua obra central, "O Capital", mais tarde se tornaria leitura obrigatória no mundo comunista.
A lista de pensadores e movimentos que se declararam inspirados em Marx inclui organizações como as FARC na Colômbia, o Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK) e grupos alterglobalistas.
O presidente chinês, Xi Jinping, declarou na sexta-feira (4) que o Partido Comunista de seu país será eternamente um "guardião" do marxismo.
O legado de Marx foi ridicularizado na Alemanha Ocidental durante a Guerra Fria, em oposição ao culto do outro lado do muro, na RDA. Mas desde a reunificação, o capitalismo desenfreado e o descontentamento alimentaram um renovado interesse pelo trabalho de Marx.
Rainer Auts, diretor de uma empresa que supervisiona todas as exposições sobre a vida de Marx, sua obra e seu legado, disse que mais de um quarto de século após a reunificação, é hora de revisitar este filósofo que provoca tanta divisão na Alemanha.
"Nós não estamos buscando glorificá-lo ou vilipendiá-lo. Mas queremos mostrá-lo como uma pessoa de seu tempo, bem como apontar onde ele poderia estar errado", explicou Auts.
A colossal estátua enviada por Pequim provocou acusações de que a cidade estaria tentando atrair turistas chineses ou atrair investimentos. O prefeito, Wolfram Leibe, nega as acusações e disse que foi simplesmente "um gesto de amizade" da parte da China.
Para a esquerda radical alemã, muito forte na antiga RDA, não há espaço para críticas à herança de Marx.
"Se fosse responsabilizado por tudo o que foi feito em seu nome, Jesus Cristo não deveria estar presente em nenhuma igreja", declarou uma de suas líderes, Sahra Wagenknecht, a um jornal regional alemão.
Até o presidente da Comissão Europeia, o conservador Jean-Claude Juncker, endossou a homenagem: "Marx não é responsável por todas as atrocidades que devem responder seus supostos herdeiros", disse na sexta-feira em Tréveris, durante uma cerimônia pelo bicentenário.
O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, afirmou na quinta-feira que a figura de Marx deve continuar sendo um tema de controvérsia, até agora.
"Acredito que nós, os alemães, em 2018, não devemos inflar nem banir Marx da nossa história", argumentou.
"Não devemos ter medo de Marx nem construir estátuas douradas dele, em suma, Marx deve permanecer controverso."
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