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G1 globo.com
Servidor mais antigo da UFPE acumula 52 anos de trabalho na universidade: 'Não nego ajuda a quem precisar'
Aos 70 anos, Aldemir dos Santos se diz orgulhoso de participar da história da universidade.
Por Pedro Alves, G1 PE
Fundada como Universidade do Recife em 1946, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) conta com um servidor que trabalha, há 52 anos, na instituição, existente há mais de sete décadas. Neste Dia do Trabalhador (1º), o G1 conta a história de Aldemir dos Santos, que, durante mais de meio século atuando no local, vivenciou as gestões de 12 reitores e é o funcionário mais antigo da UFPE.
Aos 70 anos de idade, Aldemir trabalha na Faculdade de Direito do Recife (FDR), no bairro da Boa Vista, na área central da capital pernambucana. Mas sua trajetória na UFPE, e também no serviço público, teve início no antigo Instituto de Ciências do Homem, que viria a ser renomeado de Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), antes mesmo da construção do prédio onde funciona, na Várzea, na Zona Oeste da capital.
“Minha mãe sempre foi muito rígida e eu trabalho desde os 13 anos de idade. Já fui ajudante de feira, camelô, trabalhei numa fábrica de café, mas nunca deixei de estudar. A UFPE foi meu primeiro contrato de trabalho formal, ao 17 anos. O reitor Murilo Guimarães me chamou no fim de 1965 e, em 1966, passei a integrar o quadro de funcionários. Ainda tenho minha carteira assinada da época, guardo com muito orgulho", relembra Aldemir.
O primeiro cargo na universidade foi o de auxiliar de serviços gerais. A mãe, segundo ele, disse que só acreditaria no novo trabalho do filho quando completasse um ano de serviço.
"Depois do CFCH, vim para a FDR, onde já trabalhei no arquivo, na escolaridade e na biblioteca. Hoje é tudo eletrônico, você puxa e a prateleira vem. Antigamente, tudo era manual. Fui para a biblioteca e voltei para o arquivo, porque ninguém sabia onde estavam os documentos. Era uma luta para enxergar as coisas. Depois fui mudando de cargo, mas não nego ajuda a quem precisar", brinca Aldemir, que se formou em pedagogia e, posteriormente, se especializou em educação.
Quando pensa em tudo que vivenciou ao longo de todo esse tempo no serviço público, Aldemir prefere afastar as lembranças do período militar. "Tanta coisa me marcou. Entrei no auge da ditadura. Sobrevivi", limita-se a dizer sobre a época.
Segundo Aldemir, se tivesse que se aposentar por tempo de serviço, teria feito há 17 anos, quando completou 35 anos de contrato. "Sempre me dei muito bem com os estudantes, por isso que, a cada semestre, tem turma me homenageando. Penso em me aposentar no ano que vem, mas sei que vou sentir muito, porque é uma vida, uma família", traduz.
Homenagens e satisfação
Em abril deste ano, durante uma cerimônia realizada na Faculdade de Direito do Recife, Aldemir foi homenageado com a Medalha Joaquim Amazonas, que leva o nome do primeiro reitor da unviersidade. "Às vezes, trabalhando, penso em quem começou comigo, lá nos anos 1960. Alguns já tinham idade de ser meus pais e, hoje, estão mortos. Me sinto um pássaro fora do ninho, como ‘o último dos moicanos’. O bom é ver que sou reconhecido", comemora.
Sobre o trabalho há várias décadas na mesma universidade, Aldemir diz sentir-se satisfeito com a trajetória que traçou dentro da UFPE. Ele explica que, durante o trabalho, teve contato com gente que hoje é conhecida nacionalmente.
“Vi políticos como Bruno Araújo e Marília Arraes como alunos. Quase todos os professores que dão aula na FDR, hoje, eu vi no passado como estudantes. E muitos deles já me homenagearam. Tenho várias placas de homenagem. Procuradores, promotores, desembargadores por todo o país. A todos, conheci como estudantes”, ressalta.
Das duas filhas que teve, uma delas formou-se engenheira mecânica na UFPE, o que, para ele, intensifica o orgulho de trabalhar na universidade. Colecionando os inúmeros símbolos de homenagem, dos quais, segundo ele, já não é possível recordar rapidamente, há um que ainda falta.
É a medalha de ouro decretada em 1961, pelo governo de Jânio Quadros, que deve ser concedida a funcionários com 50 anos ou mais de serviço público. “Faz dois anos que já tenho direito e estou aqui, esperando. Não quero que minha família receba. Quero eu mesmo, em vida, receber a medalha de ouro”, brinca.
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