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FONTE DE INFORMAÇÃO
G1 globo.com
30/06/2016 19h14 - Atualizado em 30/06/2016 20h09
PF apreende no Rio cofre e papéis de Cavendish, que está foragido
Operação Saquedor prendeu outros 4 suspeitos, em São Paulo e Goiânia.
PF fez apreensões na casa do dono da Delta, que está no exterior.
Do G1 Rio
A Polícia Federal está em busca do dono da empresa Delta Construções, Fernando Cavendish, que já é considerado foragido. Quatro pessoas foram presas em Goiânia e São Paulo e o dono da Delta, denunciado como um dos chefes do esquema que desviou R$ 370 dos cofres públicos, era o único a ser detido no Rio.
Políciais federais seguiram pela manhã para um prédio de luxo na Avenida Delfim Moreira no Leblon, onde mora Cavendish, que não foi encontrado. Os agentes apreenderam um cofre e, ao mesmo tempo, uma equipe vasculhou o escritório dele na Avenida Rio Branco, no Centro, de onde saiu lá com um malote cheio de documentos.
Numa entrevista coletiva, a Polícia Federal informou que Cavendish deixou o país no dia 22 de junho e seguiu para a Europa.
“No primeiro momento a gente está aguardando contato, não havendo este contato, aí vai ser acionado a interpol entre outras medidas”, disse o delegado Tácio Muzzi.
A PF avalia a possibilidade de acionar a Interpol para localizar o empresário. Até as 19h, os advogados do empresário não haviam feito contato com a polícia.
O delegado descartou a possibilidade de ter havido vazamento de informação. ”Não, de forma alguma. Não há qualquer indício neste sentido."
O Ministério Público Federal denunciou Cavendish e mais 22 pessoas em um esquema de lavagem de dinheiro.
Os procuradores descobriram que entre 2007 e 2012, a Delta faturou R$ 11 bilhões e que quase toda essa quantia (96,3%) veio dos cofres públicos. Desse total, R$ 370 milhões teriam sido desviados.
“A prisão preventiva ela é decretada tendo em conta isso, o poder que estes 370 milhões não rastreados representam ao interesse público (...) Funciona como uma arma para o lavador de dinheiro”, explicou o procurador Leandro Mitidieri.
Entre os denunciados também estão altos funcionários da Delta. Segundo a investigação, o esquema era operado por Carlinhos Cachoeira, preso nesta quinta.
Em foto de 2012, Fernando Cavendish foi ouvido
na Câmara dos Deputados (Foto: Antonio
Augusto/Câmara dos Deputados)
na Câmara dos Deputados (Foto: Antonio
Augusto/Câmara dos Deputados)
Adir Assad, que já estava em prisão domiciliar em São Paulo, e Marcelo Abbud, que se entregou no fim da tarde também na capital paulista e será transferido para o Rio nesta sexta (1º).
Ainda foi preso Cláudio Abreu, que era diretor da Delta na região Centro-Oeste. Ele estava em Goiânia e foi trazido para o Rio junto com Cachoeira.
As investigações mostraram que os operadores desse esquema abriram 18 empresas de fachada. Elas não tinham sede, nem funcionários. As empresas criavam contratos fictícios e pagavam em dinheiro vivo propinas a servidores e políticos.
O rastreasmento dos pagamentos feitos pela Delta às empresas de fachada, levou a uma descoberta.
“A gente verificou que o repasse, os pagamentos a estas empresas tiveram pico em anos eleitorais.”
Levados para o Ary Franco
Cachoeira, Cláudio Abreu e Assad chegaram ao Rio na tarde desta quinta e foram levados para a sede da Polícia Federal, na Zona Portuária, onde chegaram às 17h50. Após serem interrogados, fazer levados para realizar exames no Instituto Médico Legal. De lá, seguirão para o Presídio Ary Franco, em Água Santa, Zona Norte, ainda nesta quinta-feira ou na madrugada de sexta (1º).
Cachoeira, Cláudio Abreu e Assad chegaram ao Rio na tarde desta quinta e foram levados para a sede da Polícia Federal, na Zona Portuária, onde chegaram às 17h50. Após serem interrogados, fazer levados para realizar exames no Instituto Médico Legal. De lá, seguirão para o Presídio Ary Franco, em Água Santa, Zona Norte, ainda nesta quinta-feira ou na madrugada de sexta (1º).
O advogado de Marcelo José Abbud e Adir Assad, Miguel Pereira Neto disse que vai pedir na Justiça que os dois respondam em liberdade.
"Redigimos agora o habeas corpus para os dois. O Marcelo se apresentou em São Paulo e o Adir foi preso na residência dele pela manhã, onde ele cumpre já uma prisão domiciliar com tornozeleiras. Eles estão tranquilos com a defesa e com a possibilidade de revogar a prisão preventiva", explicou.
Os advogados de Carlos Cachoeira e de Cláudio Abreu disseram que só vão se pronunciar depois que tiverem mais detalhes sobre as denúncias.
A defesa de Cavendish se disse "estarrecida com a decretação de sua prisão" e informou que tomará as providências judiciais para reverter o que considera uma "insuportável ilegalidade". "A prisão foi requerida nos autos de Inquérito Policial que tramita há mais de três anos, no qual Fernando Cavendish sempre atendeu às solicitações da Autoridade Policial, nada justificando a adoção desta medida extrema”, diz o texto.
Cachoeira e Cláudio Abreu foram presos nesta
manhã em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução)
manhã em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução)
A Delta informou que não vai comentar o ocorrido.
Lavagem de dinheiro
O MPF descobriu que, entre 2007 e 2012, quase 100% do faturamento da Delta veio de contratos públicos, chegando a quase R$ 11 bilhões. A maioria dos recursos veio de contratos com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit).
O MPF descobriu que, entre 2007 e 2012, quase 100% do faturamento da Delta veio de contratos públicos, chegando a quase R$ 11 bilhões. A maioria dos recursos veio de contratos com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit).
Segundo a denúncia, a Delta contratou, como fornecedoras, empresas fantasmas criadas por Carlinhos Cacheira, Adir Assad, Marcelo Abbud, considerados operadores do esquema e chefes de organizações criminosas. Investigadores não encontraram nesses contratos justificativas plausíveis ou ligação direta com as obras da Delta. Além disso, nenhum serviço era prestado. As empresas existiam apenas no papel, não tinham sedes nem funcionários.
A denúncia do MPF diz que, do total recebido pela Delta, R$ 370 milhões foram desviados e lavados via pagamentos a 18 empresas de fachada. A lavagem de dinheiro ocorre quando se tenta dar aparência lícita a recursos obtidos de forma ilegal – como a falsa prestação de serviço.
O dinheiro conseguido no esquema ia, em espécie, para agentes públicos, diz o Ministério Público. Os recursos eram sacados para evitar a identificação da origem e dos beneficiários. O nome desses agentes não foi revelado.
Rastreando os pagamentos feitos pela Delta às empresas de fachada, o MPF verificou um aumento significativo dos valores das transferências em anos de eleições.
O MPF pede a condenação de todos os envolvidos pela prática de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de chefiar um esquema de exploração ilegal de caça-níqueis em Goiás, Cachoeira já havia sido preso em fevereiro de 2012, quando a Operação Monte Carlo foi deflagrada pela PF e o Ministério Público Federal. Ele ganhou liberdade em 11 de dezembro do mesmo ano.
Acusado de chefiar um esquema de exploração ilegal de caça-níqueis em Goiás, Cachoeira já havia sido preso em fevereiro de 2012, quando a Operação Monte Carlo foi deflagrada pela PF e o Ministério Público Federal. Ele ganhou liberdade em 11 de dezembro do mesmo ano.
A operação revelou ligação entre o contraventor e o ex-senador goiano Demóstenes Torres (então no DEM). De acordo com o MPF, o ex-parlamentar é acusado de prática de corrupção e advocacia administrativa em favor de Cachoeira. Ele teve o mandato cassado.
Desde então, Cachoeira já foi condenado pelos crimes de peculato, corrupção, violação de sigilo e formação de quadrilha. A última condenação foi no dia 23 de setembro, por violação de sigilo funcional, com pena de três anos de prisão. Ele responde aos crimes em liberdade.
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