O chefe do Poder Legislativo da Venezuela responsabilizou o governo do presidente
Nicolás Maduro pela violência registrada na quarta-feira (5), em Caracas, durante a invasão do parlamento.
O presidente da Assembleia Nacional da
Venezuela, Julio Borges, afirmou que o ataque sofrido na quarta foi ordenado pelo governo de Nicolás Maduro.
Manifestantes favoráveis ao presidente invadiram a Assembleia Nacional, onde a oposição tem maioria. O grupo atirou pedras e disparou tiros. Parlamentares foram atacados; 15 feridos entre parlamentares e jornalistas. Testemunhas disseram que a Guarda Nacional não reagiu.
O presidente Nicolás Maduro deu declarações condenando a violência e pediu investigação. A Venezuela está mergulhada em uma crise política com confrontos violentos. São 91 mortes e dezenas de presos políticos. O país também vive um colapso na economia.
Além disso, as ações contra a liberdade de imprensa preocupam entidades internacionais. De março a junho, auge dos protestos, 376 jornalistas foram agredidos; 33, detidos ilegalmente. De agosto de 2016 a março de 2017, mais de 20 jornalistas e outros profissionais de mídia de nove nacionalidades tiveram o visto de entrada negado assim que desembarcaram em Caracas.
O analista e professor de Política Internacional da UFRJ, Fernando Brancoli, diz que o ataque é um exemplo da ação do governo contra a oposição e contra a imprensa.
“Hoje a atuação jornalística na Venezuela é muito complicada, em grande medida não está sendo autorizada a ação dos jornalistas, então as ações nas ruas acabam sendo muito amadoras de certa forma. Além disso, o governo tem se recusado a lidar com jornalistas estrangeiros. Então, por exemplo, entrevistar membros do governo, ministros, tem sido muito complicado. São acusações de décadas que o regime argumenta de que jornalistas estrangeiros principalmente são parte de complô contra o regime, então conseguir hoje informações por parte do governo, documentos, é bastante complicado. O que acaba aumentando a crise, no final das contas”, disse.
No governo brasileiro, o ministro de Relações Exteriores disse que o Brasil não vai fechar as fronteiras e vai continuar permitindo a entrada de venezuelanos.
Aloysio Nunes disse que espera uma solução democrática.
“O governo brasileiro faz esforços diplomáticos nesse sentido. Tanto na OEA, quanto no Mercosul e agora também, hoje ainda, o nosso embaixador em Caracas está procurando o governo Maduro e também o presidente da Assembleia Nacional para ver como o Brasil, lá no terreno, pode ajudar a ser uma solução para a crise”, afirmou o ministro.
Em novos protestos, nesta quinta-feira (6), em Caracas, a polícia disparou bombas de gás lacrimogênio e nem as crianças foram poupadas. Tiveram que ser atendidas por paramédicos no local.
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