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ÉPOCA NEGÓCIOS
FMI: Brasil deve crescer 0,2% em 2017 e projeção para PIB de 2018 sobe a 1,7%
De acordo com o FMI, o Brasil deve emergir aos poucos de uma das piores recessões enfrentadas em sua história
18/04/2017 - 12H26 - ATUALIZADA ÀS 12H30 - POR ESTADÃO CONTEÚDO
O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve a projeção de crescimento do Brasil de 0,2% feita em janeiro, quando atualizou suas projeções macroeconômicas globais. Para 2018, o FMI elevou sua estimativa de alta para o PIB do país de 1,5% para 1,7%. As previsões fazem parte do relatório Perspectiva Econômica Mundial, cujo título é "Ganhando força?", uma questão direcionada à recuperação do nível de atividade do planeta. Em outubro de 2016, a instituição multilateral previa que o produto interno bruto nacional subiria 0,5% em 2017 e na ocasião não divulgou projeção para 2018.
De acordo com o FMI, o Brasil deve emergir aos poucos de uma das piores recessões enfrentadas em sua história e projeta que no quarto trimestre deste ano o PIB terá um ritmo de alta de 2,0%, em termos anualizados, ante o mesmo período de 2016. Nos últimos três meses de 2018, o produto interno bruto deve apresentar uma elevação de 1,7% ante outubro e dezembro de 2017, também em base anualizada. No apêndice estatístico do documento, o Fundo indica que espera um crescimento de 2,0% para o Brasil em 2022.
"A recuperação gradual ocorrerá com base na diminuição de incerteza política, redução de juros pela política monetária e progressos adicionais na agenda de reformas", destaca o Fundo Monetário Internacional. "A previsão é que recupere gradualmente o crescimento e continue em ritmo moderado."
Inflação
O FMI aponta que a inflação no Brasil está em declínio em grande medida devido ao baixo nível de atividade e prevê que atingirá 4,4% no final deste ano e 4,5% no encerramento de 2018. Para o Fundo, o IPCA no Brasil deve continuar em queda no horizonte relevante da política monetária "refletindo uma combinação do hiato do produto negativo e a dissipação de efeitos de depreciação da moeda no passado, choques de ofertas e subida de preços administrados." Segundo o FMI, "a inflação continua a surpreender para baixo, permitindo uma perspectiva de redução de juros mais rápida."
Transações correntes
Em relação ao déficit de transações correntes, o Fundo projeta aceleração de US$ 28,4 bilhões neste ano, para US$ 38,2 bilhões em 2018 e US$ 51,1 bilhões em 2022. Como proporção do PIB, estes valores representam 1,3%, 1,7% e 1,9%, respectivamente.
Fiscal
Para o FMI, o ritmo de contração da economia do Brasil vem diminuindo, mas os investimentos e a produção atingiram níveis muito baixos no final de 2016, enquanto a crise fiscal em alguns Estados continuou a se aprofundar.
Na avaliação do Fundo, "as perspectivas macroeconômicas do Brasil dependem da adoção de ambiciosas reformas fiscais e estruturais". Para o País sustentar a consolidação fiscal de médio prazo, o foco deve ser em reformas para atacar gastos insustentáveis, incluindo os relativos ao sistema de Previdência Social. E há também, diz o Fundo, mérito em implementar ações para conseguir uma redução maior do déficit das contas públicas.
"São necessárias reformas para reforçar o potencial do crescimento não somente para restaurar e melhorar o padrão de vida depois da recessão profunda, mas também para facilitar a consolidação fiscal", destaca o FMI. Entre os fatores imperativos no Brasil para ampliar investimentos e produtividade estão combater os gargalos de infraestrutura, simplificar o sistema tributário e reduzir barreiras para o comércio exterior.
Economia global
O FMI prevê que a economia global deve crescer 3,5% em 2017 e 3,6% em 2018, numa conjuntura marcada por expansão suave de países avançados e nações exportadoras de commodities ainda sofrendo dificuldades para ver a elevação dos preços destes produtos. No relatório, o fundo revisou um pouco para cima sua projeção anterior de crescimento global neste ano, que era de 3,4% em janeiro. A projeção para o ano que vem foi mantida.
De acordo com o FMI, o volume do comércio mundial de mercadorias e serviços deve subir 3,8% neste ano, sem alteração ante a previsão de janeiro. Para 2018, a previsão atual é de incremento de 3,9%, inferior ao aumento de 4,1% apontado no início do ano.
Para o FMI, os EUA devem apresentar uma expansão de 2,3% em 2017 e 2,5% no próximo ano, previsões iguais às realizadas em janeiro. A China deve avançar 6,6% neste ano e 6,2% em 2018, projeções superiores em 0,1 ponto porcentual e 0,2 ponto porcentual, respectivamente, em relação às informadas no primeiro mês deste ano.
De acordo com o Fundo, "a perspectiva também tem melhorado para a Europa e Japão, com uma recuperação cíclica da produção de manufaturas e comércio que começou na segunda metade de 2016." O FMI projeta expansão da zona do euro de 1,7% em 2017, aumento de 0,1 ponto porcentual em relação à previsão anterior, e prevê um incremento de 1,6% no próximo ano, projeção que ficou estável ante o número apresentado em janeiro. Para o Japão, a estimativa é de expansão de 1,2% em 2017, marca superior à elevação de 0,8% prevista antes, e de 0,6% em 2018, pouco acima de 0,5% estimado em janeiro.
Na avaliação do FMI, o desempenho dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento não apresentam direção única. Enquanto o crescimento na China continua forte, a atividade tem desacelerado na Índia e no Brasil, que enfrenta uma "profunda recessão", registrada especialmente em 2015 e 2016. "Em termos gerais, a atividade continua fraca em países exportadores de commodities, enquanto fatores geopolíticos restringem a expansão em partes do Oriente Médio e na Turquia."
Premissas
O Fundo Monetário Internacional baseou suas projeções em premissas monetárias e fiscais. Do lado monetário, as previsões do FMI consideram um ritmo menos gradual de elevação de juros no Reino Unido e nos EUA do que esperava em outubro quando divulgou o documento Perspectiva Econômica Mundial 2016.
No caso americano, o FMI ressalta que com uma expansão do déficit fiscal, sobretudo no próximo ano, os juros deverão subir mais rápido do que o esperado há sete meses por causa da demanda e inflação em ascensão. "A projeção é de que os juros nos EUA subirão 75 pontos-base em 2017 e 125 pontos-base em 2018, atingindo uma taxa de equilíbrio pouco abaixo de 3% em 2019", aponta o documento.
Para outras economias avançadas, o Fundo assume que a política monetária continuará bem acomodatícia. "A estimativa para as taxas de juros de curto prazo na zona do euro é de permanecerem negativas ao longo de 2018 e perto de zero no Japão por todo o horizonte de previsão", destaca.
O balanço entre gastos e despesas de governos pelo mundo deve desempenhar um papel neutro na economia global para este ano e no próximo. Para as economias avançadas em 2017, o impulso fiscal deve ser expansionista na Alemanha, França e Canadá, neutro nos EUA e Japão e contracionista na Austrália e Coreia do Sul.
"Nos EUA, a previsão para 2018 assume um considerável estímulo fiscal, refletindo mudanças de políticas tributárias do governo federal", apontou o FMI. "O déficit fiscal americano será ampliado em 2 pontos porcentuais do PIB em 2019, o que implica num impulso fiscal de 1 ponto porcentual do PIB", destaca. O Fundo levou em conta nas suas projeções mudanças substanciais nos investimentos em infraestrutura naquele país.
Protecionismo
O avanço do protecionismo, especialmente em economias avançadas, é um grande risco ao crescimento mundial, aponta o FMI no relatório Perspectiva Econômica Mundial. Logo no prefácio do documento, Maurice Obstfeld, diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas do FMI, dá o tom de quanto negativas podem ser políticas protecionistas para a evolução do nível de atividade global.
"Uma ameaça de relevo é uma mudança na direção do protecionismo levar à guerra comercial", aponta. "Principalmente em economias avançadas, muitos fatores geraram apoio político para abordagens de soma zero que poderiam minar os relacionamentos de comércio internacional e cooperação multilateral em termos gerais."
Entre os elementos estão o baixo nível de crescimento desde a recuperação da crise financeira mundial e rupturas estruturais nos mercados de trabalho, com o avanço do desemprego.
De acordo com o FMI, impactos nos empregos de certos segmentos de trabalhadores em economias avançadas, sobretudo com nível de baixa habilidade técnica, estão mais relacionadas com o avanço da tecnologia do que com o comércio internacional. No caso de países emergentes, o fluxo mundial de mercadorias e serviços trouxe efeitos desfavoráveis para funcionários de empresas de alguns setores. Contudo, a globalização compensou bem estas perdas com o aumento do ingresso de capitais em tais nações com ampliação de forma substancial dos investimentos de origem externa.
Na avaliação do Fundo, os riscos para o avanço da economia global estão interconectados e podem gerar uma cadeia de transmissão que retroalimenta seus efeitos negativos. "Um movimento de aperto das condições financeiras globais mais rápido do que o esperado ou uma mudança na direção do protecionismo em economias avançadas podem exacerbar pressões de saída de capitais da China", destaca.
Para o Fundo Monetário Internacional, muitos economistas concordam que a elevação de barreiras para o comércio pode reduzir a produção agregada e diminuir o bem estar em diversos países.
Segundo o FMI, é provável que uma nação que eleve tarifas de importação de determinados produtos verá que a fabricação doméstica destas mercadorias cairá e seus preços subirão, especialmente se as outras nações atingidas por tais medidas adotarem respostas semelhantes. A elevação dos custos de importados gerado por protecionismo comercial poderia reduzir o ritmo da oferta mundial. "O dano pode ser até maior à luz do crescente processo de fragmentação de produção entre países."
De acordo com o Fundo, "retrocessos na integração econômica" podem não solucionar preocupações com empregos, que são atingidos por avanços da automação em processos produtivos em vários setores, sobretudo nos países desenvolvidos. "A ampliação das restrições ao comércio e fluxos de capitais pode impor custos econômicos gerais, prejudicando consumidores e fabricantes, com o potencial de deixar todos os países numa situação pior se o protecionismo gerar retaliação", aponta o FMI. "Ao contrário, o desafio será preservar os ganhos internacionais obtidos pela integração econômica enquanto são reforçados os esforços de políticas domésticas para assegurar que tais benefícios são repartidos de forma mais ampla."
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