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FONTE DE INFORMAÇÃO .
G1 globo.com
SÃO PAULO
Paulo Bernardo e mais 8 voltam à PF após depoimento à Justiça Federal
Ex-ministro do Planejamento e ex-tesoureiro do PT prestaram depoimento.
Segundo PF, organização fraudava serviço de gestão de crédito consignado.
A Sexta Vara da Justiça Federal ouviu nesta sexta-feira (24) o depoimento de nove presos da operação Custo Brasil, entre eles o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, apontado como um dos principais beneficiados do esquema de propina que desviou R$ 100 milhões dos funcionários públicos que fizeram empréstimo consignado.
Após os depoimentos, que terminaram por volta de 18h30 eles voltaram para a sede da Polícia Federal, em Sâo Paulo.
Todos disseram que foram bem tratados durante a prisão. Os advogados pediram a revogacao das prisões, mas os suspeitos serão mantidos presos.
Além de Paulo Bernardo, prestaram depoimento: Daisson Silva Portanova, Joaquim José Maranhão,Valter Correia da Silva, Nelson Luiz Oliveira Freitas, Emanuel Dantas do Nascimento, Dercio Guedes de Souza, Washington Luiz Viana e Paulo Ferreira, ex-tesoureiro do PT.
O advogado Guilherme de Sales Gonçalves, apontado como operador do escritório de advocacia que repassava o dinheiro por serviços fictícios para Paulo Bernardo, continua foragido.
Os presos ainda serão ouvidos pela Polícia Federal sobre os fatos apurados na Operação Custo Brasil. Isso deve ocorrer após uma análise prévia da documentação apreendida, por isso, nem todos os depoimentos devem ocorrer no fim de semana e alguns só devem ocorrer dentro de alguns dias.
De acordo com o procurador da República Andrey Borges de Mendonça, o ex-ministro Paulo Bernardo disse nesta sexta que o apartamento funcional da senadora Gleise Hoffmann onde a Policia Federal realizou buscas era sua residência principal.
"O senhor Paulo Bernardo usava aquele endereço para compras e apontava nas notas fiscais. Hoje mesmo ele disse que aquela era sua residência principal. Na visão do Ministério Publico não houve ilegalidade nenhuma nessas buscas."
Segundo o Ministério Público Federal, a empresa contratada pelo Ministério do Planejamento para gestão de crédito consignado a funcionários públicos , o Grupo Consist, cobrava mais do que deveria e repassava 70% do seu faturamento para o PT e para políticos. A propina paga entre 2009 e 2015 teria chegado a cerca de R$ 100 milhões. "Dezenas de milhares de funcionários públicos foram lesados", disse o superintendente da Receita Federal em São Paulo, Fábio Ejchel.
A Operação Custo Brasil foi deflagrada nesta quinta-feira em cinco estados. Ao todo, foram expedidos 65 mandados judiciais, sendo 11 de prisão preventiva, 40 de busca e apreensão e 14 de condução coercitiva, quando a pessoa é levada a prestar depoimento.
Busca
Logo pela manhã de quinta-feira (23), a sede do Partido dos Trabalhadores em São Paulo foi cercada por oito homens do grupo de pronta intervenção da PF, um equipe de elite treinada para controlar distúrbios. Lá dentro, agentes federais vasculharam armários e gavetas.
Logo pela manhã de quinta-feira (23), a sede do Partido dos Trabalhadores em São Paulo foi cercada por oito homens do grupo de pronta intervenção da PF, um equipe de elite treinada para controlar distúrbios. Lá dentro, agentes federais vasculharam armários e gavetas.
Os documentos recolhidos foram levados para a sede da PF na capital paulista. Nas caixas dava para ver que havia recibos e material da campanha eleitoral de 2014.
Segundo os investigadores, o esquema de corrupção começou em 2009 e só terminou em agosto do ano passado. Foi quando a Operação Lava-Jato deflagrou a Operação Pixuleco, que deu as pistas para a operação realizada nesta quinta-feira.
Segundo os investigadores, o esquema começou quando Paulo Bernardo era ministro do planejamento e o ministério contratou a empresa de informática Consist para administrar empréstimos consignados para funcionários públicos.
A defesa de Paulo Bernardo negou que a contratação da Consist teve seu aval e chamou a prisão do ex-ministro de ilegal. O PT classificou a ação da PF de "midiática" e disse que há uma tentativa de criminalizá-lo. A Consist disse que sempre colaborou com a Justiça e as investigações (veja notas na íntegra ao final do texto).
Como funcionava o esquema
Segundo as investigações, o esquema teve início em 2010 e durou até agosto de 2015, quando foi realizada a 18ª fase da Lava Jato, chamada de Pixuleco, em agosto de 2015. O caso foi descoberto a partir da delação Alexandre Romano, que foi vereador pelo PT em Americana (SP).
Segundo as investigações, o esquema teve início em 2010 e durou até agosto de 2015, quando foi realizada a 18ª fase da Lava Jato, chamada de Pixuleco, em agosto de 2015. O caso foi descoberto a partir da delação Alexandre Romano, que foi vereador pelo PT em Americana (SP).
No final de 2009, o Ministério do Planejamento autorizou que a Consist fizesse a gestão de empréstimos consignados (com desconto em folha) para servidores públicos e pensionistas. "Contratou-se uma empresa que cobrava um valor muito maior do que deveria cobrar por aquele serviço", afirmou o superintendente da Receita, Fábio Ejchel.
Os funcionários que faziam esse tipo de empréstimo com bancos acabavam pagando R$ 1 por mês para a Consist, como taxa de administração. O custo, segundo investigadores, era de R$ 0,30. Tudo a mais que a empresa recebia com essa fraude (70% do faturamento dela) ia para o bolso de políticos, para o PT e para operadores do esquema, de acordo com a força-tarefa da operação.
Os ex-ministros Paulo Bernardo e Carlos Eduardo Gabas (Previdência) seriam dois dos beneficiados. Gabas foi alvo de mandado de busca e apreensão.
"Estamos falando de centenas de milhares de pagamentos do crédito consignado. E existia [a cobrança] de um pouco mais de R$ 1 para o serviço de gerenciamento e controle, em um custo que era só R$ 0,30. Estes valores eram desviados e aumentavam o custo Brasil", afirmou Fábio Ejchel. "Dezenas de milhares de funcionários públicos foram lesados."
O procurador Andrey Borges de Mendonça explicou que eram os funcionários que pagavam o sobrepreço que havia no serviço. "Foram aqueles que dependem do empréstimo consignado. Esses no final é quem pagavam, porque os bancos repassavam a eles esse sobrepreço de, no mínimo, 70% do valor do contrato", disse.
Formação da quadrilha
Até 2009, o sistema de informática do Ministério do Planejamento apresentava uma falha sobre o limite que o servidor poderia obter sobre o salário – cujo máximo é 30% do salário. Naquele ano, houve uma pressão de bancos e de servidores para que houvesse a contratação de uma empresa especializada na área para impedir que isso continuasse acontecendo.
Até 2009, o sistema de informática do Ministério do Planejamento apresentava uma falha sobre o limite que o servidor poderia obter sobre o salário – cujo máximo é 30% do salário. Naquele ano, houve uma pressão de bancos e de servidores para que houvesse a contratação de uma empresa especializada na área para impedir que isso continuasse acontecendo.
Neste momento, a quadrilha é formada, com a contratação do Grupo Consist, que iria atuar no controle da tecnologia. "É neste momento, na contratação desta empresa [em 2009], é que houve a fraude", afirma o delegado da Polícia Federal Rodrigo de Campos Costa.
Do total arrecadado no período, 30% era repassado para a Consist a custas de pagamento pelos serviços (R$ 40 milhões). Segundo as autoridades, cerca de R$ 100 milhões arrecadados ilegalmente no período serviram para o pagamento de propina que manteve o esquema.
A Consist é apontada pelo juiz Sérgio Moro, à frente da Operação Lava Jato, que investiga o esquema na Petrobras, por ser responsável pelo pagamento de propina a partidos e políticos.
Do total arrecadado no período, 30% era repassado para a Consist a custas de pagamento pelos serviços (R$ 40 milhões). Segundo as autoridades, cerca de R$ 100 milhões arrecadados ilegalmente no período serviram para o pagamento de propina que manteve o esquema.
A Consist é apontada pelo juiz Sérgio Moro, à frente da Operação Lava Jato, que investiga o esquema na Petrobras, por ser responsável pelo pagamento de propina a partidos e políticos.
Distribuição da propina
Do contrato da Consist com o governo, o valor da propina (R$ 100 milhões no período) era repartido pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, quem decidia as porcentagens que cada um deveria receber, informou o procurador da República Andrey Borges de Mendonça.
"João Vaccari ele tinha uma função exponencial no esquema, porque ele era responsável por coordenar o recebimento no Partido dos Trabalhadores (PT). As evidências apontam que ele tinha conhecimento de tudo e que era ele que indicava as empresas que deveriam receber os valores e por meio de quais empresas ele deveria receber. Então ele tem uma participação ativa no esquema, tanto que foi decretada a prisão do senhor João Vaccari também", informou o procurador.
Do contrato da Consist com o governo, o valor da propina (R$ 100 milhões no período) era repartido pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, quem decidia as porcentagens que cada um deveria receber, informou o procurador da República Andrey Borges de Mendonça.
"João Vaccari ele tinha uma função exponencial no esquema, porque ele era responsável por coordenar o recebimento no Partido dos Trabalhadores (PT). As evidências apontam que ele tinha conhecimento de tudo e que era ele que indicava as empresas que deveriam receber os valores e por meio de quais empresas ele deveria receber. Então ele tem uma participação ativa no esquema, tanto que foi decretada a prisão do senhor João Vaccari também", informou o procurador.
Destes 70% do total do esquema destinado à propina de políticos que Vaccari administrava, Paulo Bernardo teve direito a quantias que variavam entre 9,5% e 2%, dependendo de sua função no governo e na manutenção da fraude.
Além de Bernardo, outros atores tinham direito a porcentagens dentro do pagamento da propina, entre eles Alexandre Romano, que ficava com 20% do total dos 70% da propina. Da parcela de Romano, 80% era destinado ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Além de Bernardo, outros atores tinham direito a porcentagens dentro do pagamento da propina, entre eles Alexandre Romano, que ficava com 20% do total dos 70% da propina. Da parcela de Romano, 80% era destinado ao Partido dos Trabalhadores (PT).
O valor que foi recebido pelo escritório ligado a Bernardo foi apurado com base em notas fiscais do Grupo Consist direcionadas a um escritório de advocacia que prestava serviço de forma "laranja" para Bernardo, segundo Andrey Borges de Mendonça, procurador da República que investiga o caso.
Os escritórios ficavam em média com 20% do valor total repassado. "Os R$ 7 milhões foi o que se apurou em notas da Consist para o escritório de advocacia. O que apuramos foi que 80% do total repassado ao escritório [cerca de R$ 5,6 milhões] ia para Paulo Bernardo", disse Mendonça.
"O senhor Paulo Bernardo era ministro do Planejamento na época que foi iniciado o esquema criminoso e foi ele quem indicou pessoas estratégicas pra que esse esquema se iniciasse, pessoas de primeiro e segundo escalão pra que esquema criminoso fosse instaurado e mantido por esses cinco anos, tanto assim que recebeu valores não apenas enquanto era ministro do Planejamento, mas as evidências apontam que ele recebeu valores mesmo após ter saído do Ministério do Planejamento e até enquanto era ministro das Comunicações ele continua recebendo esses valores", explicou o procurador da República.
"O senhor Paulo Bernardo era ministro do Planejamento na época que foi iniciado o esquema criminoso e foi ele quem indicou pessoas estratégicas pra que esse esquema se iniciasse, pessoas de primeiro e segundo escalão pra que esquema criminoso fosse instaurado e mantido por esses cinco anos, tanto assim que recebeu valores não apenas enquanto era ministro do Planejamento, mas as evidências apontam que ele recebeu valores mesmo após ter saído do Ministério do Planejamento e até enquanto era ministro das Comunicações ele continua recebendo esses valores", explicou o procurador da República.
Questionado sobre se o PT recebeu propina do esquema, o procurador confirmou. "As evidências dizem que sim. O PT recebeu parcela dos valores desviados da Consist desse esquema do Ministério do Planejamento."
Primeiro, segundo e terceiro escalão do Ministério
Para que a fraude fosse mantida, funcionários do Ministério do Planejamento também recebiam no esquema. Foram identificados os pagamentos a dois empregados do ex-ministro Paulo Bernardo durante a transferência de recursos. Os nomes não foram divulgados.
Para que a fraude fosse mantida, funcionários do Ministério do Planejamento também recebiam no esquema. Foram identificados os pagamentos a dois empregados do ex-ministro Paulo Bernardo durante a transferência de recursos. Os nomes não foram divulgados.
Secretários adjuntos do ministério e um servidor de uma diretoria, que também foi preso, estavam cientes da fraude, segundo o delegado Rodrigo de Campos.
"Identificamos a participação de funcionários do Ministério do Planejamento e Gestão do primeiro, segundo e terceiro escalão", explicou o delegado da PF.
O que dizem os suspeitos
A defesa de João Vaccari Neto não quis se manifestar. O ex-ministro Carlos Gabas confirmou que houve busca e apreensão na sua casa e afirmou que está à disposição para esclarecimentos. Gabas disse ainda que quer que tudo seja esclarecido, que os culpados sejam responsabilizados e que os inocentes sejam absolvidos e liberados.
A defesa de João Vaccari Neto não quis se manifestar. O ex-ministro Carlos Gabas confirmou que houve busca e apreensão na sua casa e afirmou que está à disposição para esclarecimentos. Gabas disse ainda que quer que tudo seja esclarecido, que os culpados sejam responsabilizados e que os inocentes sejam absolvidos e liberados.
Veja íntegra da nota da defesa de Paulo Bernardo:
"O Ministério do Planejamento se limitou a fazer um acordo de cooperação técnica com associações de entidades bancárias, notadamente a ABBC e SINAPP, não havendo qualquer tipo de contrato público, tampouco dispêndios por parte do órgão público federal. Ainda assim, dentro do Ministério do Planejamento, a responsabilidade pelo acordo de cooperação técnica era da Secretaria de Recursos Humanos e, por não envolver gastos, a questão sequer passou pelo aval do Ministro.
"O Ministério do Planejamento se limitou a fazer um acordo de cooperação técnica com associações de entidades bancárias, notadamente a ABBC e SINAPP, não havendo qualquer tipo de contrato público, tampouco dispêndios por parte do órgão público federal. Ainda assim, dentro do Ministério do Planejamento, a responsabilidade pelo acordo de cooperação técnica era da Secretaria de Recursos Humanos e, por não envolver gastos, a questão sequer passou pelo aval do Ministro.
Não bastasse isso, o inquérito instaurado para apurar a questão há quase um ano não contou com qualquer diligência, mesmo tendo o Ministro se colocado à disposição por diversas vezes tanto em juízo como no Ministério Público e Polícia Federal.
A defesa não teve acesso à decisão ainda, mas adianta que a prisão é ilegal, pois não preenche os requisitos autorizadores e assim que conhecermos os fundamentos do decreto prisional tomaremos as medidas cabíveis
NOTA DOS ADVOGADOS"
Veja íntegra da nota do PT:
O Partido dos Trabalhadores condena a desnecessária, midiática, busca e apreensão realizada na sede nacional de São Paulo.
Em meio à sucessão de fatos e denúncias envolvendo políticos e empresários acusados de corrupção, monta-se uma operação diversionista na tentativa renovada de criminalizar o PT.
A respeito das acusações assacadas contra filiados do partido, é preciso que lhes sejam assegurados o amplo direito de defesa e o princípio da presunção de inocência.
A respeito das acusações assacadas contra filiados do partido, é preciso que lhes sejam assegurados o amplo direito de defesa e o princípio da presunção de inocência.
O PT, que nada tem a esconder, sempre esteve e está à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos.
Veja íntegra da nota da Consist
Em relação às informações noticiadas nesta quinta-feira (23/06/16), a Consist esclarece que sempre colaborou e continuará colaborando com a Justiça Federal e com os órgãos de investigação.
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